Problem

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Voltei

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Lauren Jauregui  - Point Of View

Depois de acabar todas as entregas da empresa, parto até o local combinado para buscar a última mercadoria do restaurante.

— A senhora é a Lauren, to certo?— Um homem desconhecido me aborda.

— Sou eu. Por que? — Pergunto meio desconfiada.

— Eu sou o Saulo, um primo do seu Zé, o dono das mercadorias que você faz as entregas. Ele foi hospitalizado ontem de madrugada e me pediu que ficasse aqui para te entregar as caixas com as coisas.

— Eita... Melhoras pra ele, vou até rezar um terço mais tarde...Tudo bem, então, mande aí! Eu só posso abrir e conferir?— Ele concorda.


Tudo certo com a carga. Dou a partida mas sou interrompido por um barulho estranho no pneu.

— Égua! — Desco para olhar e havia uma garrafa de vidro que por pouco não perfurou.

— Lauren! Me escuta!— Alexa me surpreende, puxando-me pelo braço.

— O que tu queres? Já não te falei pra ficar longe de mim?

— É urgente! Olha só o sha...

— Não quero saber! Seus problemas tu que resolvas na delegacia.

— Não é meu problema, idiota! É seu! Escuta o...


— Tchau Alexa ! Eu to atrasada e tu estais me empatando!— Ela estreita os olhos.

— Quer saber? Que se dane, você! Não quer me ouvir? Que morra!! — Ela sai à passos pesarosos.

— É uma peste mesmo! — Grito e parece que ela escutou pois me mostra o dedo do meio.

Meu celular toca.

— Alô?

— Oi Lauren! É a Neide.

— Ôh, Dona Neide como que tá a senhora?

— To bem, e você? To com uma sensação ruim e só  me vem tu na cabeça. Tá aonde?

— Égua! Faça uma reza, então. Eu to na estrada.

— Estrada... Sai daí, larga tudo o que você tiver que fazer e pega a rodovia principal e vai embora pra casa!

— Eu tenho uma entrega pra fazer! Não posso, não!

— Por favor, minha filha! Tu sabes que eu sou sensitiva e se eu to falando é porque eu sei! Quando foi que eu errei algum pressentimento? me diz!

— Ta certa... Ta bom, então! Mas é só pela senhora pra não ficares aperriada, viu? Tchau, chegando em casa eu ligo.

— Tchau, que Deus lhe abençoe.

— Amém. — E desligo.


Aquilo que dona Neide me disse não saía da cabeça. Eu não iria voltar mas meu coração não ficava em paz, então fiz o que ela pediu e voltei pela rodovia principal sem fazer a entrega.

Alexa me ligava sem parar. Recusava todas as ligações. Estava quase chegando na rodovia quando uma enorme fila de uma blitz me obriga a parar.

— Será que Camila ta aqui? — Digo para mim mesma. Aos poucos vou me aproximando e posso ver que ela está.

Um policial faz sinal para que eu pare. Aquilo me fez lembrar o dia em que nos conhecemos, estávamos nesse mesmo local. Sorrio com a memória.

— Documentos... Por favor.— Ela pede. Sinto sua voz um pouco tensa.

— Aqui...— É estranho pra mim ainda ter que fingir que não nos conhecemos quando ela está fardada.

— A gente vai revistar o veículo.

— Tá.— Desco para acompanhar a revista.

— Lauren... Você olhou a carga? — Ela sussurra para que apenas eu ouvisse. Balanço a cabeça positivamente.

O cão começa a farejar e se agitar. Camila respira pesadamente, embora tente disfarçar. O cachorro adentra o veículo com um outro policial enquanto Camila me encara preocupada.

— Calma...— Digo sem emitir som. Ela desvia o olhar bruscamente quando o policial desce.

— Olha só!!! — Ele diz com um pacote de droga nas mãos. Entro em desespero. Como eu não vi isso? Aquilo não estava quando eu olhei! Não estava!! Eu não estou louca.

— Major! Leva essa aí detida!!

— Camila! Tu sabes que isso não é meu! Tu sabes que eu não faria nada disso! Por favor, Camila! Explica pra eles que é um mal entendido!! — Digo desesperadamente, já sentindo lágrimas saírem dos meus olhos.

— Desculpa... — Ela sussurra enquanto me algema.— Eu não queria.

— Camila! Tu ta achando que eu estou traficando? Fala pra eles, Camila!!! TU SABES QUE ISSO NÃO É MEU!!! CAMILAAAA!!!— Berro ao ser levada a força para dentro do veículo enquanto ela me encara de longe com um olhar pesado e banhado em lagrimas.

Ela entra na viatura logo em seguida.

— Tu vais deixar me levarem presa? Camila eu não fiz nada! Eu só ía fazer essa entrega pro restaurante e eu olhei e não tinha droga nenhuma! Por favor... Por favor diz isso pra eles... Diz... Por favor... Pensa no meu pai, na minha tia... Camila ...— Ela não me encara.

— Essa aí eu duvido que pegue menos de doze anos! — Escuto um outro policial comentar.

Doze anos? Isso não pode estar acontecendo... Não pode... Talvez se eu tivesse pegado meu caminho habitual antes de pegar a rodovia...


Meu Deus... Por que isso? Por que comigo? Por que...

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Até a próxima, beijos!

Tão Opostas Quanto Iguais Onde histórias criam vida. Descubra agora