Prolongo

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Stella segurou o suéter de algodão contra o rosto e o perfume familiar, imediatamente fez ela respirar aquele doce cheiro

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Stella segurou o suéter de algodão contra o rosto e o perfume familiar, imediatamente fez ela respirar aquele doce cheiro. uma devastadora tristeza contraindo seu estômago e despedaçando seu coração.

Kate partiu e jamais voltaria. Aquela era a realidade. Ela nunca mais correria os dedos por seu cabelo macio, nunca mais partilharia uma piada secreta, nunca mais choraria em seu colo quando chegasse em casa após um dia difícil no trabalho e necessitasse apenas de um abraço; nunca mais ririam tanto que o estômago dela doeria. Tudo o que restava era um conjunto de lembranças e uma imagem de seu rosto que se tornava mais e mais indefinida a cada dia.

O plano das duas era muito simples. Permanecer juntas pelo resto de suas
vidas. Um plano que qualquer um em seu círculo de amigos concordaria que era realizável. Todos as consideravam excelentes amigas, amantes e almas gêmeas destinadas a ficarem juntas. Mas por acaso, um dia o destino havia mudado de ideia. O fim chegara cedo demais. Depois de se queixar de uma forte dor de cabeça por alguns dias, Kate concordara com a sugestão de Stella de procurar o médico.

O médico achou que o sintoma devia-se ao estresse ou ao cansaço e declarou
que, na pior das hipóteses, ela poderia precisar de óculos. Kate não havia ficado contente com aquilo. Com a ideia de usar óculos. Ela não precisava ter se preocupado, já que, como foi descoberto, o problema não eram
seus olhos. Era o tumor crescendo dentro de seu cérebro.

Ela tinha 20 anos. Não era de forma alguma a garota mais saudável da terra, mas era saudável o bastante para... bem, para levar uma vida normal. Quando estava muito doente, corajosamente dizia brincando que não deveria ter vivido com tanta segurança. Devia ter consumido drogas, bebido mais, viajado mais, saltado de aviões enquanto depilava as pernas... a lista continuava. Mesmo quando ela
zombava a respeito, Stella conseguia enxergar o arrependimento em seus olhos. Arrependimento pelas coisas que nunca encontrara tempo para fazer, pelos lugares que nunca vira, e sofrimento pela perda das experiências futuras. Será que ela lamentava a vida que teve com ela? Stella nunca duvidou de que kate a amava, mas temia que kate tivesse perdido um tempo precioso.

Stella deslizou de um cômodo a outro enquanto derramava suas grossas e salgadas lágrimas. Seus olhos estavam vermelhos e doloridos e aquela noite parecia não ter fim. Nenhum dos aposentos na casa a confortava. Somente silêncios indesejados à medida que fitava a mobília ao seu redor. Quis que o sofá lhe estendesse os braços, mas até mesmo ele a ignorou.

Kate não ficaria contente com aquilo, pensou. Respirou fundo, secou os
olhos e tentou estimular algum bom senso dentro de si. Não, kate não ficaria
nada satisfeita.

Exatamente como vinha acontecendo em noites alternadas nas últimas semanas, Stella caiu no sono nas primeiras horas da manhã. Mais uma vez, um telefonema de um amigo preocupado ou um membro da família a acordou.

-Alô — respondeu com voz fraca. Estava rouca em consequência das lágrimas, mas havia muito parara de se preocupar em parecer forte para quem quer fosse.

- Oh, desculpe, querida, acordei você? - a voz preocupada da mãe de Stella soou através da linha. Sempre a mesma conversa. Todas as manhãs sua mãe ligava para ver se ela sobrevivera à noite sozinha. Sempre com medo de acordá- la, ainda assim sempre aliviada ao ouvir-lhe a respiração; sentindo-se segura ao saber que a filha havia enfrentado os fantasmas noturnos.

- Não, eu estava somente cochilando, está tudo bem. - Sempre a mesma resposta.

- Seu pai e Cristian saíram e eu estava pensando em você, querida.- Por que aquela voz suave, simpática, sempre produzia lágrimas nos olhos de Stella Ela podia imaginar o rosto preocupado da mãe, sobrancelhas franzidas, e seu rosto de preocupação. Aquilo a fez lembrar-se do porquê de estarem todos preocupados, quando não deveriam estar. Tudo deveria estar normal.

Ela fez ”hummm” e ”ahh” durante a conversa, ouvindo, mas sem escutar uma palavra.

- Está um dia lindo, Stella. Faria um bocado bem a você sair para dar um passeio. Pegue um pouco de ar fresco.

- Hummm, acho que sim. - Lá estava novamente, ar fresco a suposta solução para todos os seus problemas.

-Talvez eu ligue mais tarde e possamos conversar.

- Não, obrigada, mãe, estou bem.

Silêncio.

- Tudo certo, então... telefone se mudar de ideia. Estou livre o dia todo.

-OK.

Outro silêncio.

- Obrigada, de qualquer forma.

-Certo, então... cuide-se, querida.

- Vou fazer isto. - Stella estava prestes a recolocar o fone no gancho quando ouviu a voz de sua mãe novamente.

- Oh, Stella, quase esqueci. Aquele envelope para você ainda está aqui, sabe, aquele do qual lhe falei. Está sobre a mesa da cozinha. Você pode querer pegá-lo, está aqui há semanas e deve ser importante.

-Duvido. Provavelmente é outro cartão.

- Não, não acho que seja, meu amor. Está endereçado a você e acima do
seu nome diz... oh, espere enquanto o pego em cima da mesa... — O fone sendo abaixado, som de saltos de sapato sobre a cerâmica em direção à mesa, cadeira arranhando o chão, passos ficando mais altos, o fone sendo levantado...

-Você ainda está aí?

-Estou.

- Certo, está escrito no alto ”A Lista”. Não tenho certeza do que isto significa, meu amor. Vale a pena dar uma...

Stella deixou cair o fone.

Até Nosso Último Momento Onde histórias criam vida. Descubra agora