- Ok, Onde quer que eu coloque? - ofegou meu pai, arrastando a árvore de Natal em sua sala de estar. Uma trilha de sementes de pinheiro marcava o caminho que conduzia à porta da sala de estar, ao longo do corredor, à
porta de entrada e ao interior do carro.Stella suspirou, teria de passar aspirador na casa mais uma vez naquele dia para se livrar da bagunça e fitou a árvore com desgosto. Elas tinham um odor tão refrescante, mas droga, faziam muita confusão.
- Stella! - repetiu seu pai, e ela saltou de seus pensamentos para encará-lo.
Ela abafou o riso.
- Você parece uma árvore falante, pai. -Tudo o que conseguia enxergar eram os sapatos marrons dele destacando-se debaixo da árvore.
- Stella - rosnou ele, perdendo ligeiramente o equilíbrio em consequência do peso.
- Oh, desculpe - disse ela rapidamente, dando-se conta de repente que ele
estava prestes a cair. - Ao lado da janela.Ela mordeu o lábio e retrocedeu, enquanto ele se chocava com tudo ao seu redor, à medida que se encaminhava à janela.
- Pronto - disse ele, limpando as mãos e recuando para examinar seu trabalho.
Stella franziu a testa.
-Ela está parecendo um pouco pelada, não acha?
- Bem, você vai ter que decorá-la, claro.
-Sei disso, pai, mas estava me referindo ao fato de que ela tem somente uns cinco galhos sobrando. E em alguns trechos está careca.
- Eu avisei a você para comprar a árvore mais cedo, Stella, para não deixar para fazer isso na véspera de Natal. De qualquer forma, esta era a melhor de um lote de ruins; vendi as melhores semanas atrás.
- Imagino. - Stella franziu a testa. Não queria, de jeito nenhum, comprar
uma árvore de Natal aquele ano. Não estava sequer com disposição para
comemorar e não tinha crianças a quem agradar, para se preocupar com
decorações. Entretanto, seu pai insistiu e Stella achava que tinha de ajudá-lo
em seu novo negócio de venda de árvores de Natal, além de sua próspera
empresa de paisagismo. Mas a árvore era horrível e enfeite algum conseguiria esconder isso.Olhar para ela a fazia desejar ter comprado uma semanas atrás.
Assim, ao menos, talvez se parecesse com uma árvore de verdade, em vez de assemelhar-se a uma trave com umas quantas sementes de pinheiro penduradas.Não conseguia acreditar que já era véspera de Natal. Passara as últimas
semanas trabalhando além do expediente, tentando aprontar a edição de janeiro da revista, antes que todos entrassem em recesso de Natal. Haviam por fim terminado no dia anterior e quando Alice sugeriu que fossem comemorar o Natal no Clube, ela educadamente recusou. Ainda não havia falado com Dallas.Ignorou todas as ligações dela e evitou o clube como uma praga e havia
pedido a Alice para lhe dizer que estava em reunião sempre que ela ligasse para o escritório. Ela ligava quase todos os dias. Não pretendia ser grosseira, mas precisava de mais tempo para pensar
muito bem em tudo aquilo. Tudo bem, ela não a havia pedido em casamento,
mas era quase como se ela estivesse tomando uma grande decisão.O olhar de seu pai a trouxe de volta à realidade.
- Desculpe, o quê?
-Perguntei se você gostaria que eu a ajudasse a decorá-la.
O coração de Stella afundou. Aquilo era trabalho seu e de Kate, de ninguém mais. Todos os anos, sem exceção, elas decoravam.
-Eh... não, está tudo bem, pai, eu mesma faço isto. Tenho certeza que você tem coisa melhor para fazer agora.
- Bem, na verdade eu gostaria muito — disse ele ansiosamente.
- Oh. - Stella sequer pensou no fato de que o Natal de seu pai também
estava sendo difícil; estava egoisticamente envolvida em suas próprias preocupações.- Tudo bem então, por que não? - sorriu ela. E seu pai iluminou-se e parecia
uma criança.- A única coisa é que não tenho certeza de onde estão os enfeites. Kate
costumava guardá-los em algum lugar no sótão...-Não tem problema - ele sorriu de modo encorajador, ele subiu a escada em direção ao sótão.
Stella abriu uma garrafa de vinho tinto e apertou o PLAY no tocaCDs; Seu pai
voltou com um saco preto pendurado ao ombro e um chapéu empoeirado de
Papai Noel.- Hô-hô-hô!
Stella riu e estendeu-lhe um copo de vinho.
- Não, não - ele acenou com a mão. - Estou dirigindo.
- Você pode tomar um copo ao menos, pai - disse ela, sentindo-se
decepcionada.-Não, não — disse ele. — Eu não bebo e dirijo.
Stella lançou os olhos para o céu e bebeu de uma só vez o copo de vinho
do pai, antes de começar o seu próprio. Quando seu pai saiu, ela havia
terminado a garrafa e estava abrindo outra. Percebeu a luz vermelha piscando na secretária eletrônica. Esperando que não fosse quem achava que era, apertou o botão do PLAY.- Oi, Julie, aqui é a Dallas, Desculpe incomodá-la, mas eu tinha o seu número de telefone de quando você ligou para o clube meses atrás, para
inscrever Stella no karaokê. Hummm... bem, realmente espero que você possa
transmitir a ela um recado meu.- De qualquer forma, eu estava me perguntando se você poderia simplesmente dizer a Stella que estou
indo para a casa de minha família em Londres para o Natal. Estou indo para lá amanhã. Não consegui falar com ela no celular, sei que ela está de férias do
trabalho agora e não tenho o número da casa dela... então se você...A gravação foi cortada e Stella esperou que a próxima mensagem fosse
reproduzida.-Desculpe, Julie, sou eu novamente. Eh... isto é, Dallas. A gravação foi cortada. De qualquer forma, eu gostaria que você simplesmente dissesse a Stella
que estarei em Londres nos próximos dias e que estou com meu celular, se ela quiser falar comigo. Sei que ela precisa pensar em algumas coisas, então... —
Ela fez uma pausa. — De qualquer forma, é melhor que eu desligue antes que seja cortada novamente.A segunda mensagem era de Julie dizendo que Dallas estava procurando
por ela, a terceira mensagem era de seu irmão também dizendo que
Dallas estava procurando por ela e a quarta mensagem era de uma velha amiga de colégio, que Stella não via há anos, dizendo que havia conhecido uma amiga dela chamada Dallas em um pub na noite anterior, o que a fez lembrar-se de Stella e, oh sim, Dallas estava procurando por Stella e queria que ela ligasse para ela. A quinta mensagem era novamente de Dallas.- Oi, Stella, aqui é a Dallas. Seu irmão me deu seu número. Não acredito que sejamos amigas há tanto tempo e você nunca tenha me dado o número de telefone de sua casa, ainda que eu tenha uma leve suspeita de que eu
o tinha o tempo todo sem saber... — Fez-se silêncio enquanto ela soltava o ar.- De qualquer maneira, realmente preciso falar com você, Stella. Acho que deveria, ser pessoalmente. Por favor, Stella atenda minhas ligações. Não sei de que outra forma chegar até você. -
Silêncio, outra inspiração profunda e o ar sendo expelido. - OK, bem, isto é tudo. Tchau.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Até Nosso Último Momento
RomanceKate e Stella eram namoradas e ficariam juntas para sempre, até que o inimaginável acontece e Kate morre, deixando-a devastada. Conforme seu aniversário de 21 anos se aproxima, Stella descobre um pacote de cartas nas quais Kate, gentilmente, a guia...