Cap 09

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Dias depois, Stella saiu pulando pela casa em animação enquanto
repetia a mensagem na secretária eletrônica pela terceira vez.

-”Oi, Stella” — ouviu-se a voz irritada. — ”Aqui é Chris Collins da
revista X. Só estou ligando para dizer que fiquei impressionado com sua
entrevista. Hummm...” - Ele protelou um pouco. - ”Bem, eu normalmente não diria isto numa secretária eletrônica, mas sem dúvida você vai ficar satisfeita em saber que decidi lhe dar as boas-vindas como novo membro da equipe. Eu adoraria que você começasse o mais rápido possível, portanto me ligue no número regular quando tiver uma oportunidade e discutiremos isto com mais detalhes. Hummm... Adeus.”

Stella pulava em volta da cama numa felicidade assustadora.

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Sentia-se como se aquele fosse seu primeiro dia na escola e houvesse saído para comprar canetas, uma agenda, uma pasta e uma mochila novas, que a
faziam parecer superinteligente. Mas embora estivesse entusiasmada quando se sentou para tomar seu café, também se sentiu triste. Triste por Kate não estar ali para compartilhar seu novo começo. Elas realizavam um pequeno ritual sempre que Stella iniciava um novo trabalho, o que era um acontecimento bastante
regular. Kate acordava Stella com café na cama e então preparava sua bolsa com um pacote de batatas fritas e
uma barra de chocolate.

Depois, a levava para o trabalho em seu primeiro dia,ligava para ela no intervalo do almoço, e voltava no final do dia para pegá-la e levá-la para
casa. Então, sentavam-se para jantar e ela escutava e ria enquanto Stella
descrevia todos os personagens no escritório e mais uma vez se lamentava sobre o quanto detestava ir para o trabalho. Vejam bem, elas só faziam isso em seu primeiro dia; dia sim dia não.

Naquela manhã, entretanto, o enredo foi diferente. Ela acordo para uma
casa vazia, numa cama vazia e não havia café da manhã. Não precisou brigar pelo direito de usar o chuveiro em primeiro lugar e a cozinha estava silenciosa sem o som dos ataques de espirro matinais de Kate. Permitiu imaginar que, quando acordasse, Kate estaria miraculosamente ali para cumprimentá-la, porque era a tradição, além de ser um dia tão especial que não parecia certo que ela se ausentasse. Mas para a morte não havia exceções.

Naquele instante, de pé diante da entrada, Stella examinou-se para ver se o fecho da calça não estava aberto, se o casaco não estava enfiado nas calças e se a camisa estava corretamente abotoada. Satisfeita de parecer apresentável, subiu as escadarias de madeira em direção a seu novo escritório. Entrou na sala de espera e a secretária, que reconheceu da entrevista, contornou a mesa para recebê-la.

-Oi, Stella- disse ela alegremente, cumprimentando-a com um aperto de
mão —, bem-vinda à nossa humilde morada. — Ela segurou as mãos de Stella para mostrar-lhe o local.

Stella havia gostado daquela mulher desde o instante em que a conheceu na entrevista. Ela parecia ter a mesma idade de Stella, possuía longos cabelos louros e um rosto que estava sempre feliz e sorridente.

- A propósito, sou Alice e trabalho aqui fora na recepção, como sabe. Bem,
agora vou levá-la até o chefe. Ele está esperando.

— Meu Deus, eu não estou atrasada, estou? — perguntou Stella,
relanceando o relógio com ar preocupado.

- Não, de forma nenhuma - disse Alice, conduzindo-a ao escritório do sr. Collins. - Não se preocupe com Chris e com o resto do pessoal, são todos
viciados em trabalho. Deus os ajude a mudar. Você não me veria circulando por aqui um minuto depois das seis, isto com certeza.

Stella riu; Alice a fazia lembrar-se de sua antiga maneira de ser.

-Por falar nisto, não pense que precisa chegar cedo e sair tarde, só porque
eles fazem isto. Chris na verdade mora no escritório, portanto você nunca vai
poder competir com isso. O cara não é normal - disse ela alto, batendo levemente na porta do escritório dele e fazendo-a entrar.

Até Nosso Último Momento Onde histórias criam vida. Descubra agora