Cap 14

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-FELIZ NATAL, QUERIDA! - Seu pai abriu a porta para uma trêmula Stella
de pé.

- Feliz Natal, pai - sorriu ela, e deu-lhe um grande abraço de urso. Inspirou
enquanto circulava pela casa. O delicioso cheiro de pinheiro, misturado ao do vinho e do jantar de Natal sendo preparado na cozinha encheu suas narinas e ela foi golpeada por uma pontada de solidão.

O Natal fazia com que se lembrasse de Kate. Kate era Natal. O Natal era um tempo especial que passavam juntas,
quando se escondiam do estresse do trabalho e apenas relaxavam e divertiam a família e os amigos e aproveitavam seu tempo sozinhas. Sentiu tanta falta dela que aquilo a fez ficar enjoada.

Havia visitado o cemitério aquela manhã para lhe desejar feliz Natal. Era a primeira vez que ia até lá desde o funeral, e havia sido uma manhã angustiante. Nada de presente para ela na árvore, nada de café da manhã na cama, nada de barulho, nada de nada. Kate queria ser cremada, o que significava que teve de ficar de pé diante de uma parede com o nome dela gravado. E ela realmente se sentiu como se estivesse conversando com uma parede.

Ainda assim, havia lhe contado como correu seu ano e quais eram os planos para aquele dia; Contou-lhe que seria dama de honra no casamento
de Julie e Josh. falou sobre seu novo emprego. Não mencionou Dallas.

Sentiu-se estranha ali de pé, conversando consigo mesma. Queria ter experimentado algum tipo de
sensação, profunda e espiritual, de que ela estava ali com ela, ouvindo-lhe a voz, mas na verdade apenas se sentiu falando com uma insossa parede cinzenta. Sua situação não era um espetáculo extraordinário no dia de Natal. O cemitério estava abarrotado de visitantes, famílias levando suas mães e pais idosos para visitar os cônjuges falecidos, mulheres jovens como Stella,
perambulando sozinhas, homens jovens...

Em resumo, não havia sido um bom dia.

— Oh, feliz Natal, querida! — anunciou sua mãe, atravessando a cozinha
de braços abertos para abraçar seu bebê.

Sua mãe, que normalmente não
era uma mãe do tipo cozinheira, estava no meio de seu bolo de Natal para a
semana seguinte. O rosto estava coberto de manchas de farinha, as mangas do
suéter estavam enroladas até os cotovelos, pequenas quantidades de farinha acumulavam-se nos cabelos. A bancada da cozinha achava-se coberta de passas e cerejas espalhadas. Farinha, massa, tabuleiros e latas de alumínio cobriam as superfícies. A cozinha foi decorada com enfeites coloridos e brilhantes e aquele maravilhoso festival de cheiros enchia o ar.

As duas sentaram-se à mesa da cozinha, abarrotada de guardanapos de Natal vermelhos e verdes, com estampas de Papai Noel, renas e árvores de Natal. Havia caixas e caixas de biscoitos de Natal para a família disputar, biscoitos de chocolate, cerveja e vinho, uma quantidade enorme de coisas...

- O que está se passando em sua cabeça, querida? - perguntou a mãe de Stella, empurrando um prato de biscoitos de chocolate na direção da filha.

O estômago de Stella roncou, mas ela não conseguiu tocar a comida. Mas
uma vez havia perdido o apetite. Respirou fundo e explicou à mãe o que havia acontecido entre ela e Dallas e a decisão com a qual se confrontava. Sua mãe ouviu pacientemente.

- O que sente por ela? - perguntou sua mãe, examinando o rosto da filha.

Stelma deu de ombros, impotente.

- Gosto dela, mãe, realmente gosto, mas... - Deu de ombros novamente e
calou-se.

- É porque ainda não se sente preparada para outro relacionamento? — sua mãe perguntou baixinho.

-Não sei, mãe, sinto que já não sei de mais nada. - Ela pensou por um
momento. - Dallas é uma ótima amiga. Está sempre ali comigo, sempre me faz
rir; me faz sentir bem comigo mesma...

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