Minha querida Stella,
Não sei onde você está ou exatamente quando vai ler isto. Espero apenas que minha carta a encontre segura e com saúde. Você me Falou, não muito tempo atrás, que não poderia prosseguir sozinha. Você pode, Stella.
Você é forte e corajosa e vai conseguir passar por isto. Compartilhamos alguns lindos momentos juntas e você fez minha vida...você fez minha vida. Não tenho arrependimentos. Mas sou somente um capítulo em sua vida, haverá muitos mais.
Guarde nossas maravilhosas lembranças, mas, por favor, não tenha medo de construir mais algumas. Obrigado por ter me dado a honra de ser minha Namorada. Por tudo, sou eternamente grata. Sempre que precisar de mim, saiba que estou com você.
Te amo para sempre.
PS: Prometi uma lista, então aqui está ela. Os próximos envelopes devem ser abertos exatamente quando indicado e têm de ser obedecidos. E lembre-se, eu a estou vigiando, portanto saberei...
Stella começo a chorar, a tristeza devastando-a. Ainda assim, ao mesmo tempo sentiu alívio; alívio porque Kate de alguma forma continuaria a estar com ela por mais um curto intervalo. Manuseou os pequenos envelopes brancos e examinou os meses. Estavam em abril. Ela perdera março, então delicadamente selecionou o envelope correspondente. Abriu-o devagar, desejando saborear cada momento. Dentro havia um pequeno cartão com a caligrafia de Kate. Dizia:
Compre um abajur para sua cabeceira. Eu te amo. As lágrimas transformaram-se em riso quando ela percebeu que Kate havia voltado!
Stella leu e releu a carta repetidas vezes, numa tentativa de chamá-la de volta à vida. Por fim, quando não conseguia mais enxergar as palavras através das lágrimas, olhou para o mar. Sempre achava o mar tão tranquilizante, e mesmo quando criança, atravessava a estrada correndo em direção à praia se estivesse preocupada e precisasse pensar. Seus pais sabiam que quando desaparecia, podiam encontrá-la à beira-mar.
Ela fechou os olhos e expeliu o ar junto com o gentil suspiro das ondas. Era como se o mar respirasse amplo e profundamente, puxando a água para dentro quando inalava e empurrando-a toda de volta sobre a areia quando
exalava. Continuou a respirar junto com ele e sentiu a frequência do pulso desacelerar, à medida que se acalmava. Lembrou-se de como costumava se deitar ao lado de Kate nos últimos dias e ouvir-lhe o som da respiração..
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.No dia 2 de fevereiro, às quatro horas da manhã, Stella segurou com força a mão de Kate e lançou-lhe um sorriso encorajador enquanto ela dava seu último suspiro e fechava os olhos. Não queria que ela sentisse medo e não queria que percebesse que estava com medo, porque naquele momento não estava. Sentira alívio, alívio pelo fato de o sofrimento dela haver terminado e alívio por ter estado ali com ela para testemunhar a tranquilidade de sua morte. Sentiu-se aliviada por tê-la conhecido, amado e sido amada por ela e aliviada porque a última coisa que ela verá fora o rosto dela sorrindo para ela, encorajando-a e assegurando-lhe que estava tudo bem se ela se libertasse.
Os dias seguintes lhe pareciam um borrão naquele momento. Com os arranjos para o funeral e recebendo cumprimentos de parentes e velhos amigos de colégio, que não encontrava havia anos. Permanecera tão firme e calma no decorrer de tudo aquilo porque finalmente podia pensar com clareza. Sentia-se apenas agradecida pelo fato de, depois de meses, o sofrimento dela haver chegado ao fim. Não lhe ocorreu que experimentaria a raiva ou a amargura que sentia agora, pela vida que foi tirada.
Nenhum de seus amigos tinha de estar ali.
Ninguém da sua família tinha de estar ali.
Na realidade, a maioria da população do mundo não tinha de estar na posição em que ela se encontrava naquele momento.
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Até Nosso Último Momento
RomanceKate e Stella eram namoradas e ficariam juntas para sempre, até que o inimaginável acontece e Kate morre, deixando-a devastada. Conforme seu aniversário de 21 anos se aproxima, Stella descobre um pacote de cartas nas quais Kate, gentilmente, a guia...