Cap 05

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Stella suspirou alto e esvaziou sua bebida. Agora sentia-se entediada.

Dallas a examinou.

- Stella, posso conseguir uma bebida para você?

- Não, obrigada, Dallas; de qualquer forma, logo vou estar indo para casa.

- Ah Ste! - protestou Julie. - Você não pode ir para casa tão cedo! É a sua
noite!

Stella não sentia como se aquela fosse a sua noite. Sentia-se como se tivesse entrado de penetra numa festa e não conhecesse ninguém ali.

-Estou bem, obrigada - assegurou ela a Dallas outra vez.

- Você vai ficar - insistiu Julie. - Consiga para ela uma vodca com Coca-Cola e eu vou querer o mesmo novamente - ela ordenou dallas.

- Julie! - exclamou Stella, envergonhada com a grosseria.

- Não, está tudo bem! – afirmou Dallas - Eu perguntei - e encaminhou-se
para o bar.

- Julie, isto foi tão grosseiro - Stella criticou a Amiga.

- O quê? Ela não que pagar por isto, ela é a dona do maldito lugar -disse ela, na defensiva.

-O que não quer dizer que você possa sair por aí pedindo bebidas de
graça...

-Onde está Josh? - interrompeu Julie.

- Foi para casa.

- Merda! Há quanto tempo? - Ela pulou da cadeira em pânico.

- Não sei, cerca de cinco ou dez minutos. Por quê?

- Era ele que ia me levar para casa! - Ela atirou os casacos de todos em uma pilha no chão, enquanto olhava ao redor procurando sua bolsa.

- Julie, você nunca vai alcançá-lo agora, ele já foi há muito tempo.

-Não, eu vou. Ele estacionou há quilômetros de distância e vai ter de
voltar por este caminho para ir para casa. Vou alcançá-lo quando estiver
passando. - Ela por fim achou a bolsa e correu para a porta gritando: Tchau, Stella! Parabéns, você estava uma merda!

E desapareceu porta afora. Stella estava só mais uma vez. Ótimo, pensou, quando viu Dallas voltando com as bebidas, agora estava presa conversando com ela, completamente
sozinha.

- Aonde foi Julie? - perguntou Dallas, colocando os drinques sobre a mesa
e sentando-se diante de Stella.

- Ela me pediu para dizer que realmente sentia muito, mas precisava caçar seu namorado atrás de uma carona. - Stella mordeu o lábio com ar culpado, sabendo muito bem que Julie sequer pensou duas vezes em Dallas enquanto corria para a porta.

-Desculpe-me por ter sido tão grosseira com você mais cedo. - Então ela
começou a rir. - Meu Deus, você deve achar que somos a família mais rude do mundo. Julie fala um pouco demais; ela não pensa no que diz metade do tempo.

- E você? - sorriu ela.

- No momento, sim — riu ela novamente.

- Ei, isto é ótimo, simplesmente quer dizer que sobrou mais bebida para
você - disse ela, empurrando o copo colorido através da mesa na direção dela.

— Ugh, o que é isto? — Stella torceu o nariz com o cheiro. Dallas afastou
os olhos sem jeito e limpou a garganta.

- Não consigo me lembrar.

- Oh, por favor! - riu Stella. - Você acabou de pedir! É um direito da
mulher saber o que está bebendo, sabe!

Dallas olhou para ela com um sorriso no rosto.

-É chamado de BJ. Você devia ter visto a cara do garçom quando pedi. Acho que ele não sabia que era um drinque!

- Oh, Deus - disse Stella. - O que Julie está pretendendo bebendo isto? O
cheiro é horrível!

- Ela disse que achava fácil de engolir. - Ela riu outra vez.

- Oh, sinto muito, Dallas, às vezes ela é realmente ridícula. - Stella balançou a cabeça, referindo-se à Amiga.

Dallas olhou por sobre os ombros de Stella com ar divertido.

- Bem, de qualquer forma parece que seu amigo está tendo uma boa
noite.

Stella girou o corpo e viu Leo e o DJ enrascados um no outro junto ao
palco.

- Oh, não, não o DJ horrível que me forçou a sair do banheiro -gemeu Stella.

- É o Tom.. - disse Dallas. - É um amigo meu.

Stella cobriu o rosto de vergonha.

- Ele está aqui esta noite porque o karaokê foi transmitido ao vivo pela
rádio - disse ela séria.

- O quê? - Stella quase teve um ataque cardíaco pela vigésima vez naquela
noite.

O rosto de Dallas abriu-se num sorriso.

- Brincadeira; eu só queria ver com que cara você ia ficar.

- Meu Deus, não faça isto comigo - disse Stella, pousando a mão sobre o
coração. - Ter estas pessoas aqui me ouvindo já foi ruim o bastante, que dirá a cidade inteira. - Dallas a olhava com uma expressão divertida nos olhos
enquanto ela esperava que o coração se acalmasse.

- Se não se importa que eu pergunte, se detesta tanto isto, por que se
inscreveu? - perguntou ela com cuidado.

— Oh, minha hilariante namorada achou que seria engraçado me inscrever numa competição de canto.

Dallas riu.

-Você não foi tão ruim assim! Sua namorada está aqui? - perguntou ela,
olhando ao redor. - Não quero que ela pense que estou tentando envenenar você com esta mistura terrível. - Ela acenou na direção do copo de bebida.

Stella olhou ao redor e sorriu.

- Sim, ela definitivamente está aqui... em algum lugar.



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Junho também trouxe outra carta de Kate.

Stella se sentava ao sol do lado de fora, deleitando-se com a nova claridade
da vida, e com nervosismo, ainda que entusiasmada, leu a quarta carta.
seu dedo, à medida que este corria sobre a tinta seca. No interior, a caligrafia elegante havia listado os itens que lhe pertenciam e que permaneciam em casa, e ao lado de cada uma de suas posses, ela explicava o que queria que Stella fizesse com elas e para onde desejava que fossem enviadas. No fim, dizia:

Eu te amo Stella, e sei que você me ama. Você não precisa dos meus pertences para se lembrar que estou por perto, não precisa guardálos como prova de que vivi ou ainda vivo em sua mente. Você não precisa usar meu suéter para
me sentir ao seu redor; ainda estou aí... sempre envolvendo-a com meus braços.

Stella achou difícil chegar a um acordo com isso. Quase desejava que ela lhe pedisse para fazer karaokê outra vez. Ela teria pulado de um avião por ela,
corrido mil quilômetros, qualquer coisa, exceto esvaziar os armários e desfazer-se da presença dela em casa.

Mas ela estava certo e ela sabia disso. Não podia se agarrar às coisas dela para sempre. Não podia fingir para si mesma que ela voltaria para recolhê-las. A Kate material havia partido; não precisava mais de roupas.

Era uma tarefa emocionalmente esgotante. Levou dias para completála.
Reviveu um milhão de lembranças com cada traje e pedaço de papel que
ensacou. Segurava cada item perto de si antes de dizer adeus. Toda vez que um
objeto separava-se de seus dedos, era como dizer adeus a uma parte de Kate
novamente. Foi difícil, muito difícil e algumas vezes, difícil demais.

A vida inteira dela empacotada em vinte sacos de lixo.

As lembranças dela empacotadas.

Cada item desenterrou pó, lágrimas, riso e lembranças. Ela ensacou os
objetos, limpou o pó, secou os olhos e arquivou as lembranças.

Até Nosso Último Momento Onde histórias criam vida. Descubra agora