Cap 12

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- Não dallas, isto não está certo.- disse Stella perturbada, e puxou a mão que ela segurava.

- Mas por que não está certo? -implorou ela, com seus olhos azuis cintilantes.

- É muito cedo - disse ela, de repente cansada, esfregando o rosto e sentindo-se bastante confusa. As coisas para ela simplesmente pareciam ficar
cada vez piores.

- Muito cedo porque é o que as pessoas andaram lhe dizendo, ou muito
cedo porque é o que seu coração está lhe dizendo?

-Oh, Dallas, eu não sei! - disse ela, medindo os passos sobre o chão da
cozinha. - Estou tão confusa. Por favor, pare de me fazer tantas perguntas!

Seu coração batia loucamente e sua cabeça girava, até mesmo seu corpo
lhe dizia que aquela não era uma situação confortável. Era apavorante para ela, permitindo-lhe enxergar o perigo adiante. Aquilo parecia errado, aquilo tudo parecia tão errado.

- Não posso, Dallas! Amo a Kate! - disse ela, em pânico.

- Kate? - perguntou ela, e os olhos dela se arregalaram enquanto ela
encaminhava-se à mesa da cozinha e agarrava desastradamente o envelope.

-Isto é a Kate! É com isto que estou competindo! É um pedaço de papel, Stella. É uma lista. Uma lista que você permitiu que programasse sua vida no último ano, sem pensar por si mesma ou viver sua própria vida. Agora precisa pensar por si própria, neste exato momento. Kate se foi.- disse ela gentilmente.

- Kate se foi e eu estou aqui. Não estou dizendo que poderia em algum momento tomar o lugar dela, mas nos dê ao menos uma chance de estarmos juntas. -Ela retirou o envelope das mãos dela e o apertou perto do coração, enquanto lágrimas rolavam pelas faces.

- Kate não se foi - soluçou ela. - Cada vez que abro um destes, ela está aqui.

Fez-se silêncio enquanto Dallas a observava chorar. Ela parecia tão
perdida e desprotegida que ela desejava apenas abraçá-la.

- Isto é um pedaço de papel - disse ela, aproximando-se suavemente outra
vez.

- Kate não é um pedaço de papel - disse ela zangada, em meio às lágrimas. - Ela era um ser humano com vida, que respirava e que eu amava. Ela representa milhões de lembranças felizes. Ela não é um pedaço de papel.

- Então o que eu sou? - Dallas perguntou baixinho.

Stella rezou para que ela não chorasse, não suportaria se ela chorasse.

-Você - ela respirou fundo - é uma amiga carinhosa, gentil e incrivelmente ponderada, a quem respeito e aprecio...

- Mas não sou Kate - cortou ela.

- Não quero que você seja a kate - insistiu ela. - Quero que seja a Dallas.

- Como se sente a meu respeito? - A voz dela tremeu levemente.

-Acabei de dizer como me sinto a seu respeito — fungou ela.

- Não, o que sente por mim? -Ela olhou para o chão.

-Sinto algo muito forte por você, Dallas, mas preciso de tempo...-ela fez
uma pausa - muito e muito tempo.

- Então vou esperar. - Ela sorriu tristemente e envolveu seus braços em volta dela.

A campainha soou e Stella deu silenciosamente um suspiro de alívio.

- É o seu táxi. - A voz dela tremeu.

- Vou ligar para você amanhã, Stella - disse ela delicadamente, beijando-a
no alto da cabeça, e encaminhou-se à porta da frente.

Stella continuou de pé no meio da cozinha, repassando uma e outra vez a cena que acabava de ocorrer.
Permaneceu ali por algum tempo, segurando com força, perto do coração, o envelope amassado.
Ainda em choque, por fim subiu as escadas devagar em direção ao quarto.
Retirou seu vestido e envolveu-se com o roupão aquecido. Subiu na cama devagar, como uma criança, enfiou-se debaixo das cobertas e ligou a lâmpada de cabeceira. Fitou o envelope por longo tempo, pensando no que Dallas havia dito.

Até Nosso Último Momento Onde histórias criam vida. Descubra agora