Mais forte do que imaginava, mais tentador do que esperava

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Capítulo XII: "Mais forte do que imaginava, mais tentador do que esperava"

Point of view, Alice Cullen

Os dias se passavam em uma melancolia estranha, era horrível admitir que aquelas palavras ditas à Samantha me doeram também, mais do que imaginava que poderia, e era terrível ter que ser totalmente racional outra vez, e Samantha parecia colocar isso à prova todas as vezes.

A semana se estendeu sem que ela colocasse os pés na escola, ela estava magoada e provavelmente não queria me ver, e assim o fez; diferentemente de mim, que mesmo lutando para não vê-la, acabei sucumbindo e indo até sua janela duas vezes, sendo que em uma dessas entrei em seu quarto, sentando ao seu lado na cama e tocando aquele rosto angelical de quem me tentava como o próprio demônio. Seu cheiro ainda era inebriante para mim, mas aos poucos conseguia controlar mais o meu anseio, e a ardência da sede havia se tornado ordinária, estar perto de Samantha era um jogo dúbio e enlouquecedor... Eu a protegia do pior, ao mesmo tempo em que eu era o pior, eu era o caçador e o salvador e ela a presa e a ruína.

Era sábado, e de acordo com uma de minhas visões estrategicamente direcionadas, Senhora Shirley Griffin estava a caminho da reserva Tsimshiam e Samantha iria junto, em partes isso me deixava mais tranquila pois as chances de algum vampiro atraído por seu cheiro invadirem uma reserva de lobos eram baixas, mas não impossíveis.

Aos poucos parecia que minha personalidade otimista e graciosa se esvaia, e cada vez mais eu entendia Edward em sua melancolia nos tempos de Bella humana. Porem Edward amava Bella, enquanto eu me recusava a aceitar sentir qualquer coisa além da admiração por Samantha, o masoquismo contido em amar alguém por quem seu instinto implore que mate era demais para mim.

Aproveitei aquela manhã sozinha em casa para arrumar algumas coisas, e uma dessas envolvia doar todas as roupas do Jasper, o que o fiz bem cedo, assim como me permiti reformar todo o quarto e encomendar os móveis como queria, dando fim em tudo que remetia a vida que tinha com Jasper.

Tomei um banho e me vesti em sua espera, sabia que ele estava vindo resolver as coisas e eu estava decidida a dar um ponto final àquilo que não existia mais. Me sentei no sofá e contei até 7, eram os segundos exatos que ele demoraria para entrar pela porta. E ali estava ele, com seu jeito soberbo que havia adquirido nos últimos anos e o sorriso sarcástico que me dava nos nervos.

–Oi Alice. – comentou enquanto sentava no sofá a minha frente. – como está?

– oi Jasper. Estou ótima. Fico feliz que tenha vindo para darmos o fim definitivo e seguirmos nossos caminhos em paz e sem nenhuma desavença. – comentei com o olhar fixo no dele. Independente de tudo, era bom que respeitemos o tempo que passamos juntos e déssemos um término tranquilo.

– fim? Do que está falando, Alice? – questionou desentendido – dei um tempo a nós para que pudéssemos recomeçar. – concluiu, e juro que tentei ser paciente, mas não suportava aquele cinismo que ele carregava no canto dos lábios.

– Recomeçar, Jasper?! – inquiri com raiva – deveria ter pensado nisso quando eu estava disposta, há anos atrás, não apenas quando te convém. Você deixou tudo esfriar e esse relacionamento se tornar um comodismo maçante, você não se importava com nós, e ainda não se importa, só teme ficar sozinho por causa do seu ego. – despejei as palavras sem um pingo de remorso ou alteração. – Você tentou me manipular para que nos juntássemos aos Volturi, você sabia que eu era seu passaporte para lá, e ainda sou, é por isso que quer voltar... – agora parecia muito claro para mim, era isso que ele planejava desde que fomos em busca das testemunhas para Renesmee. Ele queria ser um dos Volturi. – é isso que foi fazer. Você foi atrás deles, falou com um membro da guarda, só será aceito no clã se me levar com você. -- esperava que não tivesse sido leviano à ponto de comentar algo sobre Samantha, mas também não me surpreenderia se o tivesse feito. Jasper não me enganava, e não conseguia mentir para mim, após tanto tempo aprendendo sobre meu próprio dom, conseguia manipular o mesmo o suficiente para ver o que quisesse, era quase como um acesso ao passado também, mas não dominava isso muito bem, fazendo a memória ser vaga e rápida, mas o suficiente para compreendê-la.

Human (Alice Cullen)Onde histórias criam vida. Descubra agora