Tequila de mais, dignidade de menos

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Capítulo XIV: "Tequila de mais, dignidade de menos"

Point of view, Samantha Griffin.

– precisamos conversar. – a voz de Alice soou dolorida e preocupada, e como bom coração mole que sou, afetei-me ao sentir aquilo em seu tom de voz; mordi levemente os lábios, tentando resistir ao seu convite, mas acabei por concordar.

– me deixa só pegar um café e conversaremos. – tentei soar séria e irredutível, mas percebi Alice sorrir levemente, no fim das contas eu parecia um coelho tentando imitar um urso.

Servi um expresso duplo e tentei controlar meu nervosismo enquanto seguia Alice para qualquer lugar do qual ela estava me levando, caminhamos até a biblioteca e nos sentamos ao fundo, as cadeiras uma do lado da outra, mas virei meu corpo para que eu ficasse de frente para ela e apoiei os pés na beira da cadeira em que Alice estava sentada.

Mantive-me em silencio a encarando enquanto esperava que ela dissesse algo, eu não me pronunciaria, estava cansada e magoada para tomar iniciativa outra vez. Tomei um gole de café ainda olhando-a, seus olhos desviaram-se dos meus, incertos, e soube naquele momento que Alice não estava em seu juízo e confiança perfeitos, ela jamais desviaria de um olhar.

– você quer ir comer um hambúrguer? Você precisa comer, Samantha... – falou me analisando, os olhos vívidos parecendo ler cada partícula minha.

– eu sou vegetariana. – revirei os olhos, eu não mataria um animal para me alimentar sendo que não havia necessidade nenhuma.

– vai ser pior do que eu pensava... – a ouvi sussurrar tão baixo que sabia que não era para que eu ouvisse, mas eu ouvi, e sinceramente não entendi nada daquilo.

– o que você disse? – arquei a sobrancelha para ela, esperando uma explicação para aquilo.

–nada, não disse nada – disse já mudando de assunto, fugindo daquilo, como sempre. – como você está? – perguntou com seus olhos dourados escurecidos sobre mim, podia jurar que eles eram mais claros, e também podia jurar que já os vi escuros como a noite.

– okay, eu acho. Não me sinto segura, isso é fato. Mas não é como se vocês não tivessem aqui para sempre me salvar, né?! – falei cheia de ironia sem conseguir segurar minha língua.

– Samantha, Adrien não é mais um perigo. Já disse. – disse ela com convicção, mas tudo que consegui fazer foi revirar os olhos diante daquilo.

– claro que sim, você deu dinheiro pra ele se afastar? Porque para a policia você não denunciou! – respondi com raiva, eu sinceramente não sabia qual era daquele cara, e sinceramente não queria arriscar minha vida outra vez para descobrir.

– Samantha, não vamos mais falar sobre isso, por favor. – ela deslizou sua mão por minha coxa, e segurou uma de minhas mãos que estava sobre a perna, Alice sabia me calar e me desestabilizar, e as vezes eu não achava isso ruim... Seu olhar permaneceu em nossas mãos por alguns segundos, até virarem para encontrar meus olhos, nosso olhar incendiava um ao outro, e revelava todo o nervosismo e emoção reprimida. – eu não consigo ficar longe de você, Samantha... eu... – ela respirou fundo, meu coração acelerando com cada toque e palavra dita, e ainda mais com aquela ultima palavra solta, que podia dizer tanto se fosse completada. – eu não sei... – apertou minha mão, levando ate seus lábios e dando um beijo casto sobre meus dedos. Não sabia se gritava de raiva por não ter ouvido o que queria ou por ela não me falar a verdade.

– então me fala a verdade, Alice... seja verdadeira comigo e nunca mais vai precisar ficar longe. – me inclinei em sua direção, chegando mais perto dela, sua risada sofrida me deixou ainda mais duvidas e receios.

Human (Alice Cullen)Onde histórias criam vida. Descubra agora