Capítulo IV

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No começo da tarde, depois de um voo longo e cansativo, Marin e Seika desembarcaram em Tóquio, onde um motorista da Fundação GRAAD as esperava para levá-las à Mansão Kido.

A fim de não ser notada, Shina foi a última passageira a sair do avião. Pegou um táxi e foi para a pousada onde fez reserva, localizada estrategicamente perto do hospital da Fundação GRAAD. Descansou um pouco da longa viagem e no começo da noite seguiu a pé para visitar Seiya. Não queria ser vista, por isso entrou sorrateiramente e se manteve nas sombras, observando o movimento a fim de evitar encontros desagradáveis.

Foi uma decisão acertada pois enquanto Shina espreitava, Saori chegou com Marin e Seika. As três passaram mais de uma hora lá e quando finalmente saíram, a amazona italiana esgueirou-se para dentro.

Deparou-se com um Seiya pálido, cheio de fios e tubos conectados ao corpo, com um grande curativo no peito desnudo. Parecia que não ia resistir por muito tempo, mas ela sabia que ele resistiria porque era teimoso como uma mula até para morrer. Se fosse religiosa, teria feito uma oração por ele mas já fazia tempo que não acreditava em religião, então só fez o que sabia fazer melhor: ameaçou o cavaleiro, disse que ele ia pagar caro se não se recuperasse, insultou-o com as palavras mais ofensivas que conhecia e torceu para que ele estivesse ouvindo.

Sempre atenta a qualquer movimento no corredor, Shina ficou mais alguns minutos ao lado de Seiya, agora em silêncio, pensando em como seria se ele acordasse milagrosamente e o primeiro rosto que visse fosse o dela. Voltou à pousada ainda tentando imaginar a reação do cavaleiro.

Shina repetiu suas visitas furtivas todas as noites, até que Marin conseguiu pegá-la no flagra.

– O que é que você está fazendo aqui? – indagou a amazona de Águia. Falava baixo, mas segurava Shina contra a parede com bastante firmeza. – Achou que eu não ia perceber? Que eu não sentia seu cosmo por perto?

– Me deixa! – Shina retrucou. – Não se meta na minha vida!

– Por que você veio pra cá? – insistiu Marin. – Está querendo machucar o Seiya?

– Não seja imbecil! Eu não vou fazer nada contra ele porque eu...

– Você o quê? Fala!

– Eu o amo... – confessou a amazona de Ofiúco, terrivelmente envergonhada.

–Ah, isso eu já sabia – retrucou a ruiva, sorrindo por baixo da máscara, e soltou a colega. – Só queria ouvir você falar com todas as letras.

– Idiota!

– Não me ofenda... – Marin mudou para um tom amigável, sentou-se no sofá e cruzou braços e pernas. – Olha, você não precisa vir aqui escondida. Pode vir comigo.

–Não! Nem pensar!

– Deixa de ser teimosa. Você vem comigo e com a Seika. Ela é uma boa garota, meio avoada que nem o irmão, mas uma boa garota.

– Com vocês duas e com a senhorita Saori? Nem pensar.

– Então viremos só nós duas. Ou venha sozinha mesmo, que seja. Só estou dizendo que não precisa se esconder como uma ladra. Mas sugiro que você use sua máscara. Hyoga e Shun estão sempre por aqui, você pode dar de cara com um deles.

Shina revirou os olhos com desdém.

– Você leva essa coisa da máscara muito a sério.

– E você não se importa nada com as consequências... Mas você é quem sabe. Onde está hospedada?

Sorrisos, Segredos e EnganosOnde histórias criam vida. Descubra agora