Capítulo II

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Como as casas Zodiacais estavam destruídas, Marin acabou aceitando receber alguns convidados muito especiais em sua casa no alojamento dos cavaleiros de prata: Aiolia, Lithos e Garan, criado da casa de Leão.

– Bom, Aiolia – ela começou a dizer ao cavaleiro de Leão, lutando para aparentar formalidade –, você, Lithos e Garan podem ficar à vontade aqui em casa. O quarto de hóspedes é pequeno e só tem uma cama, mas os dois sofás são bons, podemos levar um para lá. De qualquer forma, logo irei para o Japão e vocês poderão usar o meu também. Vocês sabem, levarei Seika para encontrar Seiya. Ela ainda não está pronta para voltar ao Japão sozinha e como eu sou japonesa...

– Quando é que você vai parar de fingir que somos apenas amigos? – Aiolia perguntou, interrompendo-a e surpreendendo-a com uma pergunta tão direta.

Estavam sozinhos na sala, pois a garota e o criado esperavam do lado de fora, mesmo assim Marin receou que pudessem ouvir a conversa.

– O que é isso, Aiolia? – ela retrucou, colocando-se na defensiva. – Nós somos amigos!

Buscava tempo para pensar no que dizer ao cavaleiro, mas ele não lhe deu essa trégua.

– Não, nós não somos – ele disse. – Eu amo você e você sabe disso. Por que ainda finge que não?

– Aiolia, não é hora para romance...

Marin sentia o coração acelerado e as mãos transpirando diante da declaração inesperada dele. Acreditava que, tendo Aiolia como hóspede, algo do tipo acabaria acontecendo, só não esperava que fosse já nos primeiros cinco minutos. Queria tempo para pensar em como falar com ele. Primeiro ia sondá-lo durante esses poucos dias que passariam na mesma casa e, na volta do Japão, decidiria o que fazer. Porém ele não teve essa paciência e ela pensou que não podia esperar algo diferente. Ele era assim mesmo, impulsivo e vigoroso.

– E quando vai ser? – ele retrucou. – A guerra acabou. Que desculpa vamos criar para deixarmos de lado o que sentimos?

– Aiolia... – ela murmurou docemente. Estava prestes a se render. Por que ele tinha de olhar para ela desse jeito tão decidido?

– Não tem mais desculpa, Marin. Se você disser que não me ama, tudo bem. Não vou insistir, vou me comportar como um hóspede e é só. Do contrário, quero ficar com você para sempre. Vamos, diga, você me ama?

Marin suspirou longamente. Ele estava tão certo do que queria, tão seguro, que ela simplesmente não podia deixar esse momento passar. Ainda mais com a viagem marcada... Se não lhe desse uma resposta agora, talvez o momento se perdesse para sempre, talvez ele achasse que ela não amava. Então ela respirou fundo e simplesmente tirou a máscara que lhe cobria a face.

– Sim, eu amo você, Aiolia – declarou.

Ele sorriu ao ver o rosto dela pela primeira vez. A máscara de prata escondia uma face alva, que aparentava ser muito mais jovem do que era, com maçãs rosadas, nariz pequeno e largo, uma boca grande, com o lábio superior mais fino que o inferior. Os olhos castanhos tinham o bonito desenho rasgado dos orientais e ele os achou maiores do que pensava. Imaginou que ela talvez não fosse uma japonesa pura. Impulsionado pelo gesto dela, Aiolia tomou-a nos braços e a beijou intensamente, explorando com a língua, saboreando cada segundo. Marin correspondeu na mesma intensidade. Há muito ansiava por esse beijo, não precisava mais se conter, então deixou as mãos passearem pelas costas musculosas do leonino, gesto que o encorajou a fazer o mesmo nela. Logo as mãos fortes dele desceram e apertavam os quadris dela.

Do lado de fora da casa, Lithos espiava a cena pela brecha da fechadura e vibrou em silêncio ao ver o beijo.

– Muito bonito! – exclamou Garan, puxando-a pela gola da camisa. – Espiando atrás da porta!

Sorrisos, Segredos e EnganosOnde histórias criam vida. Descubra agora