9° Capítulo - Agulha no Palheiro

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Poluição luminosa, sonora e de todas as formas possíveis... Ah que falta que estava sentindo de New York! Sorrio observando o trânsito caótico da quinta avenida.

Volto os olhos em Ziyad que está distante, se ele tivesse expressão poderia jurar que está preocupado:

— O que está pensando? — Volta os olhos azuis em mim:

— Que você é uma pessoa bem urbana, gosta desse cenário do qual vive.

— Não troco lugar nenhum pela bagunça, caos e estresse de New York.

Ele apenas me observa, inexpressivo, como sempre. Reviro os olhos frustrada por não conseguir tirar um sorriso desse "robô".

Descemos do Uber e Ziyad me ajudou com as bagagens e presentes que Anna me intimou a trazer.

Subimos pelo elevador e por instante lembrei que meu apartamento está em um estado deplorável.

Abro a porta e fico estática ao ver minha mãe, Anna e seu noivo ali. Os três sorriram ao me ver e rapidamente pude notar uma interrogação surgir na testa dos três.

Ziyad volta os olhos em mim e eu nele.

Um silêncio estranho pairou e foi quebrado por Anna, que veio em minha direção com um abraço de urso:

— Seja bem-vinda de volta! — Fez questão de olhar Ziyad de cima para baixo e ergue as sobrancelhas me olhando, por ser amiga ela, sei exatamente o que está pensando. Ergue a mão para ele — Sou, Anna! A melhor amiga da Claire, ela certamente falou de mim para você. Quem é você? Se conheceram no Egito? Na viagem? Você parece americano, é de onde?

Enquanto minha amiga louca bombardeia Ziyad de perguntas que está como sempre inexpressivo, eu a interrompo:

— Anna. Anna! Respira! Esse é Ziyad, ele é meu... — Volto os olhos nele segurando minhas bagagens e ergo as sobrancelhas — Professor de árabe. Eu me apaixonei pela cultura egípcia e ele está me ensinando o idioma. Ele era meu guia turístico e tradutor lá.

Anna sorrir maliciosa:

— Guia turístico. Que interessante! Fazia parte do pacote?

Observo o apartamento e passo por Anna cumprimentando minha mãe e o Graham que já está em alguma ligação de negócios.

Ziyad levou as malas e sacolas para o sofá enquanto Anna o bombardeia com perguntas, volto os olhos em minha mãe que me olha preocupada e se aproxima passando a mão no meu cabelo:

— Como você está?

— Bem.

— Espero que tenha te ajudado a espairecer essa viagem.

Olho a nova decoração, é a cara da minha mãe. Questiono:

— Ainda tem as chaves daqui?

— Sei o quão difícil deve ter sido a perda dele para você, acho que devia procurar uma ajuda...

— Não quero falar disso, mãe.

— Claire, todos precisamos de uma ajuda psicológica e você por mais orgulhosa que seja é humana e precisa...

— Não quero falar disso, Carollyn!

Anna, Ziyad e Graham voltaram o olhar em mim.

Graham voltou para sua ligação e Anna e Ziyad a conversarem.

Minha mãe afasta uma mecha do cabelo extremamente liso e loiro quase platina do rosto e concorda:

— Estou feliz que esteja de volta, saiba que se precisar de mim...

Hereditários (PAUSADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora