You left me || Sebastian Stan

You owe him ten dollars

Emma

Estávamos os dois parados com aquela placa cinza aos nossos pés, eu tinha aquele misto de sono que a gente fica após chorar. Queria ir para casa, mas por algum motivo eu me fazia ficar ali ao lado de Sebastian.

- Você não está me achando mórbido, não é? – ele virou para me encarar, mas eu o ignorei e olhei para a placa.

- Mórbido? – eu disse como se não soubesse o que ele iria dizer.

- Te levar para um encontro em um cemitério. – ele sorriu e a lembrança me tomou, foi impossível não abrir um pouco os lábios em um sorriso tímido.

- Aha! Um sorriso, sabia que conseguiria um desses. – Sebastian disse com o excesso de confiança que ele sempre teve.

- Você está devendo dez dólares para ele.

- Você lembrou, eu sabia! – dessa vez foi impossível não virar para ele, que não estava mais com os óculos e tinha virado o boné para trás.

- Como eu não ia lembrar? Tinha sido nosso primeiro encontro, claro que depois que eu soube que os dois apostaram eu quis mata-lo e a você por ter concordado com isso e ter dado a ideia. – ele havia tocado no ponto certo, me fazendo perder um pouco da irritação que eu sentia.

- Eu senti sua falta. – ele soltou sem mais nem menos.

- Eu duvido, sei muito bem de todas as pessoas que você tem ao redor para te mimar.

- Você tinha que ter dito "eu também senti sua falta, Sebastian." – ele me imitou.

- Eu jamais seria assim tão doce com você.

- Mas eu podia tentar. Até hoje é uma incógnita pra mim como John conseguiu conquista-la.

- Sei o que você está querendo com isso, mas eu não vou cair no seu joguinho. – esse tipo de conversa costumava ser bem normal entre nós dois, mas ele não ia conseguir com que eu me soltasse da mesma forma.

- Achei que finalmente eu iria conseguir falar meu assunto favorito de novo: O pe... – eu o empurrei com o ombro com a intenção de calá-lo.

- Fica quieto Sebastian.

- Por que?

- Olha aonde nós estamos, não acho que seja o melhor lugar para falarmos de "órgãos genitais."

- O que você sugere que a gente faça? – ele olhou para baixo e eu notei que ele havia ficado um pouco mal.

- Chore? Se lamente?

- Eu acho que você tem feito isso por muito tempo. – ele levantou o rosto e me encarou, eu engoli em seco.

- De todas as pessoas que me dizem isso, você é a única que não tem direito.

- Você acha que eu não sofro. – ele abaixou a cabeça de novo.

- Sinceramente? Não. – eu sabia que ele não sofria, alguém que que não deu notícias durante dois anos não podia ter o direito de sofrer.

- Essa dor não é exclusiva sua. – ele abaixou e tocou com os dedos aquela pedra, circulando a data. - Não é porque eu não vivo chorando pelos cantos e visitando esse lugar toda semana que eu não sinta. – ele disse em um tom um tanto mais alto e eu me assustei.