But now you're here

389 46 4
                                    


Sebastian

Quando acordei fazia um leve friozinho e notei que estava sozinho na cama. Me virei e vi que Emma estava em frente ao espelho do banheiro penteando o cabelo. Definitivamente a minha visão favorita no mundo é Emma se arrumando.

- Veja só quem acordou. – ela se virou para mim e deu um belo sorriso, parecia mais descansada e leve do que das outras vezes.

- E veja só quem já até tomou um banho. – de repente me veio uma vontade enorme de pedir que ela tomasse banho comigo, mas acho que era demais por agora.

- Alguém tem que fazer o café. – ela se aproximou. – Eu vou fazer isso.

- Não quer que eu faça?

- Vou te dar um dia de descanso hoje. – ela piscou com um olho só para mim e saiu, eu não era de ferro então acabei dando uma bela olhada na bunda dela constatando que, talvez, minha paixão antiga por ela tivesse voltado.

Com certo custo eu me levantei e fui aparar a barba para tomar banho, só que assim que eu olhei para a gilete, uma melancolia tomou conta de mim e eu sabia que só conseguiria tirar aquilo do meu peito quando pedisse desculpas para Emma.

Tomei banho, me arrumei e desci, sentindo o cheiro de café invadir minhas narinas, fazia muito tempo em que eu não era mimado por alguém dessa forma. Tudo bem que eu vivia muito em hotéis, mas serviço de quarto não era a mesma coisa que alguém fazendo o café da manhã para você.

- Sabe quanto tempo eu não tomo um café assim? – eu disse quando entrei na cozinha e vi ela arrumando pratos e canecas na ilha.

- Pobre Sebastian, ter que conviver com regalias como café da Starbucks todos os dias. – ela fez um cara de pena fingida.

- Ei, não é tão legal quanto parece. – eu me apoiei na ilha.

- Não? – ela levantou uma sobrancelha e colocou um bule na minha frente.

- Não mesmo. As vezes enjoa e eu só queria mesmo é que alguém cuidasse de mim.

- Com certeza é impossível isso para você, né? – ela colocou uma frigideira com ovos mexidos e depois uma travessa com algumas frutas cortadas.

- Você sabe que eu sou tímido e reservado o suficiente pra fazer isso que você está pensando.

- Sei disso, estou só zoando com você. – ela se apoiou na ilha ao meu lado e serviu café para nós dois. – Você sabe que se precisar desse tipo de cuidado, a Anna estará sempre disponível.

- Você não? – eu tomei um gole do café que ela tinha feito, estava doce demais e eu abri um sorriso.

- Eu não sou do tipo que cuida de homem nenhum quando este é saudável o suficiente para isso, o que é o seu caso. – ela olhou para mim. – O que você está sorrindo?

- Seu café está muito doce.

- Que que tem?

- Sabe o que isso significa, não sabe?

- Não.

- Que você está apaixonada. – eu a empurrei com o ombro.

- Impossível, nunca vou me apaixonar de novo Sebastian. – ouvi-la dizer isso me deixou um tanto chateado por dois motivos, eu não queria que ela deixasse de vivenciar essas coisas, queria que ela fosse atrás de alguém, que se apaixonasse e curtisse isso; e o segundo, embora eu não quisesse admitir, é que ela não se apaixonaria por mim.

- Eu preciso te pedir desculpas Emma. – eu resolvi mudar de assunto antes que o meu humor mudasse.

- Por que? – ela franziu o cenho, com certeza ela não fazia ideia sobre o que eu queria falar.

- Pelo que aconteceu, em parte, é culpa minha. Eu não aceitei muito bem o que aconteceu com o John e quando eu fiquei sabendo, você sabe, eu dei uma pirada. Você se lembra como me encontrou aquele dia que ficamos sabendo, não é?

- Eu lembro, foi um pouco frustrante.

- Eu sei. Eu vi isso na sua cara quando você saiu correndo para o elevador, eu nunca vou esquecer aquela imagem. Tudo estava desmoronando, você só queria que eu estivesse lá para dividir aquilo e, simplesmente, eu fui um babaca.

- Foi mesmo. – ela foi sincera e eu agradeci por isso.

- Mas não é só isso. – eu respirei fundo, talvez o que eu fosse confessar a fizesse nunca mais querer olhar na minha cara. – John me escreveu uma carta pouco antes de morrer, só que eu não liguei. A deixei de lado, guardei em um lugar que deixava as minhas "lembranças" e só lembrei dela e fui abrir depois que eu te reencontrei no hospital aquele dia. – eu tomei um gole do café pra evitar chorar. – John estava pedindo que eu cuidasse de você, que a única coisa que ele queria que eu fizesse era cuidar do pedaço dele que ele estava abandonando. – eu olhei para ela e percebi que os olhos dela ficaram embargados. – Que se eu cuidasse de você, que ele sabia que eu acabaria ficando bem também. Só que eu não fiz isso, eu deixei você. Eu não cumpri a minha parte dessa promessa de cuidar de você e estar do seu lado. Eu fui imaturo, babaca e ontem, quando você me contou aquilo sobre os remédios, você não sabe como me fez mal. Porque, se eu tivesse ficado...

-...a gente não estaria aqui. – ela me interrompeu e passou a mão nos olhos limpando algumas lágrimas. – Eu sei o que ele disse, ele me pediu a mesma coisa. Mas eu não te culpo por não ter ficado, deve ter sido difícil, eu entendo. – ela levou a mão dela a minha e segurou. – Eu fiquei com raiva de você e magoada, porque eu queria você por perto, queria alguém pra dividir a minha dor e, também, porque eu via que você estava vivendo e que parecia que a gente não importava. Só que eu, agora, estou vendo que você também sofreu, o seu afastar foi uma forma de se curar. – ela apertou a minha mão e me encarou com uma cara meio triste. – Mas agora você está aqui e está cuidando de mim.

- Dois anos depois.

- Mas está, é isso que importa. – ela se enfiou entre mim e a ilha e abraçou minha cintura. – E você me disse que não vai mais embora, certo?

- Certo. – eu olhei para ela e colocou cada braço ao redor do corpo dela.

- Ótimo. – ela levantou na ponta dos pés e, pela primeira vez, teve a iniciativa de me beijar.

Eu fiquei completamente sem reação com aquilo, porque todas as vezes quem iniciava um beijo era eu, mas naquele momento foi ela. Eu apertei Emma contra o meu corpo e aprofundei o beijo. Eu poderia ficar a minha vida inteira a beijando. Além de ser bom, dela ter um gosto delicioso, eu tive a certeza de que eu ainda era apaixonado por ela, nunca tinha deixado de ser, eu só tentei enterrar aquele sentimento, mas ele voltou com força me dando a certeza disso. Porém eu não ia me preocupar com aquilo naqueles dias, ia deixar para fazer isso quando a gente voltasse para a nossa rotina normal.

Estava vivendo um conto de fadas pela primeira vez e, talvez de forma egoísta, eu não ia deixar que minha consciência atrapalhasse aquilo pelo menos naqueles dias.

- Sabe, você tem razão... – Emma disse ao se afastar de mim e deu risada.

- O que?

- O café está extremamente doce. – ela deu risada e se virou, mas ainda ficou entre meu corpo e a ilha.

- Na minha boca ele ficou doce, né? – eu a abracei assim por trás e dei um beijinho na lateral da cabeça dela.

- É que você é extremamente doce. – ela falou de forma fingida e eu apertei a lateral da cintura dela. – Ai, ai! Sabe o que você podia fazer?

- Tenho ideias... – ela não viu, mas a minha cara era de pura malicia.

- Não, Sebastian, não é isso.

- O que é?

- Você podia me ensinar a malhar, sabe, ficar assim em forma como você.

- Eu tenho cara de instrutor de academia?

- Mais ou menos. – ela deu risada.

- Tá, vamos terminar de tomar café e eu ligo para o meu personal trainer e a gente faz um treino para você. – eu coloquei as duas mãos na cabeça dela, levantei o rosto e dei um selinho demorado

Depois do café a gente deu um tempo olhando a casa e, em seguida, fomos treinar e, infelizmente eu a fiz suar, só que não do jeito que eu queria.

You left me || Sebastian StanOnde histórias criam vida. Descubra agora