capítulo 4. nem todos são como você

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BECKY

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BECKY

Já fazem alguns dias desde a festa e parece que Lindsay esqueceu completamente que eu existo. Ela me ignorou no corredor, no refeitório, na aula de artes que fazemos juntas, no banheiro. O que será que eu fiz pra ela? Talvez nem seja eu, tento colocar na minha cabeça nesses momentos que nem tudo é sobre a minha pessoa.

As pessoas têm seus próprios problemas, sua vida. Não guardo nenhum rancor dela. Mesmo que alguns dos seus comentários tenham me deixado desconfortável, eu ainda insisto em dizer que no fundo ela é uma boa pessoa.

Todo mundo gostou bastante da banda que tocou na festa (ainda não sei de quem era, mas tudo bem), então supus que isso faria o tal Harry Styles estudar na mesma escola que eu. Ele só apareceu dois dias depois, e eu pensei que o veria nos corredores com frequência, já que sua presença chama bastante atenção.

Porém eu só o vi umas três vezes e ele nem pareceu se lembrar da minha pessoa, assim como Lindsay. Fiquei meio intrigada com isso no começo mas agora não ligo tanto. Me aproximei bastante de Jenny e Daniel. Eles são muito engraçados e sempre guardam lugar pra mim na hora do almoço.

— Sério, seu cachorro é incrível. Mas por que o nome Rio? — Jenny pergunta quando paramos em frente ao meu armário.

— Minha primeira viagem quando criança foi pro Rio de Janeiro. Marcou bastante a minha vida. — explico, enquanto abro o armário e retiro umas coisas da mochila pra por no mesmo.

— Becky, fala a verdade, você é rica, só não quer contar pra gente pra se fazer. — Jenny levanta uma sobrancelha.

— Jenny, cala a boca, por que ela mentiria? — Daniel repreende a amiga.

— Foi uma viagem em grupo. Minha família não tinha nem tem como pagar tudo. — fecho o armário e me encosto no mesmo, de frente pra eles.

— Sei. — Jenny faz uma cara desconfiada.

— Menina, para. — Daniel dá um leve tapa no ombro dela.

— Para, você. — eles começam uma briga infantil, porém engraçada.

— Tá bom, já chega, parem. — aparto a discussão entre risadas.

— Sua risada é muito gostosa, Becky. — Daniel diz, ajeitando os óculos.

— Ah...obrigada, eu acho. — fico tímida. — Querem ir na minha casa esse fim de semana? Podemos fazer um piquenique no jardim da igreja, ou cozinhar com a minha mãe, ou até mesmo levar o Rio pra passear... — sigo dando ideias de programas divertidos, mas eles não parecem prestar atenção, pois olham pra alguma coisa atrás de mim.

Eu me viro e dou um leve pulo de susto. Ele está bem na minha frente, de calça jeans, camiseta de banda e jaqueta de couro, com o braço apoiado em um armário, me olhando de sobrancelhas levantadas.

— Pois não? — pergunto, gentilmente.

— Oi de novo, Beck. — ele dá um leve sorriso.

— É Becky, na verdade. — tento não soar rude.

— Ah. Tá bom. Enfim. Você viu a Lindsay? Eu tenho que falar com ela. — ele diz, num tom rouco que me faz querer não olhar somente pra seu par de olhos verdes.

Mas o que é isso, Becky?

— Ela não fala comigo tem um tempo. Não sei dizer, desculpa.

— O que houve? Ela já te chutou e disse que não é mais parte do grupo? Porque é assim que ela trata as pessoas. — já deu pra perceber que ele pode ser bem frio com as palavras.

— Perdão? — minha boca falou sozinha, nem sequer raciocinei direito.

— Toma cuidado, Beck. — ele usa um tom sarcástico.

— Você queria falar com ela até agora, então por que tá falando essas coisas do nada? — pergunto, confusa.

— Você é muito inocente, não é? — ele estreita os olhos e eu me sinto intimidada, abro a boca tentando achar algo pra dizer, mas ele gesticula pra eu parar. — Não precisa dizer nada, tá? Fui. — ele sai balançando a cabeça em negativo.

— O que foi isso? — me viro pra trás quando lembro que Jenny e Daniel ainda estão aqui.

— Na festa ele parecia bem mais amigável. — Daniel comenta.

— As aparências enganam, garoto. Esse colégio é a prova viva disso. — Jenny revira os olhos, enquanto eu permaneço tentando entender o que acabou de acontecer. — Mas numa coisa ele tá certo, você tem que tomar cuidado com a Lindsay.

— Acho que não é momento de se preocupar, já que elas não se falam mais. E nem vão...né? — Daniel pergunta, e eles me encaram ansiosos por uma confirmação.

— Eu não sei. Eu só queria ficar de boa com todo mundo. Mas parece que aqui não funciona assim. — me entristeço.

— Finalmente percebeu. Nem todos são doces e bondosos como você, Becky Bayley. — Jenny me dá esse choque de realidade. — Vem, você precisa de uma sobremesa pra melhorar essa cara. — ela me puxa pelo braço e nós três andamos até o refeitório.

[...]

— Filha, amanhã temos igreja, não se esqueça. — meu pai abre a porta de meu quarto.

— Tá bom. — engulo seco, tentando me concentrar nesse romance trágico que leio.

— Tá tudo bem? Aconteceu algo na escola? — ele se aproxima e se senta na beira da cama.

— Coisas de adolescentes. Às vezes eu esqueço que sou uma.

— Nada ilegal, né? — ele se preocupa e eu dou risada.

— Não. Pode ficar tranquilo. São bobagens. Sério.

— Então, boa noite. Durma com Deus. E vê se deixa pra ler esse livro depois, hein? — ele me beija na testa e eu guardo o livro na gaveta do criado-mudo.

Papai sai do quarto e eu me cubro com o lençol.

back of becky, harry stylesOnde histórias criam vida. Descubra agora