onde Becky consegue uma bolsa de estudos em um dos melhores colégios do país, e isso deixa ela bem animada, porém a recepção de seus colegas classe alta não vai ser das melhores.
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BECKY
Depois das primeiras aulas, chegou o intervalo. O que dizer sobre? Deixa eu pensar. Diferente, talvez. O ensino parece ser bem mais puxado do que o da minha antiga escola. Mas se eu me concentrar eu consigo acompanhar. Espero.
Achei que os professores chamariam os novatos na frente da sala pra se apresentarem, mas não foi o caso. Cheguei a perguntar ao segundo professor que entrou, mas ele me deu um fora. Todos aqui tem esse mal humor?
Depois de pegar comida, ando com minha bandeja praticamente pelo refeitório inteiro, à procura de um lugar vago que me deixem ocupar. Toda vez que paro em frente à uma mesa, todos que estão sentados nela dizem "cai fora" ou "tá ocupado, gracinha".
— Ei. — penso ouvir alguém me chamando, mas só pode ser engano da minha parte, então continuo andando. — Tá surda?!
Olho pra trás e vejo várias meninas sentadas numa mesa olhando pra minha pessoa.
— Desculpa, eu não tinha ouvido. — me aproximo.
— Relaxa. Senta aí, vamo conversar. — a que aparenta ser a líder fala e eu me sento, com mais confiança, já que finalmente me notaram. — Então, fofinha, qual o seu nome? O meu é Lindsay.
— Que nome bonito. — sorrio. — Eu sou Becky.
— Becky. É um nome...razoavelmente aceitável. — ela fala num tom que eu não entendo se foi sarcástico ou não. — Vou te chamar de Beck, pode ser?
— Tudo bem. — dou de ombros.
— Então, Beck-
— Lindsay. — uma das meninas interrompe Lindsay.
— O que foi, Geovanna? — Lindsay pergunta, revirando os olhos.
— Não vai nos apresentar? — Geovanna pergunta e as outras gesticulam apoiando.
— Não. — Lindsay responde, seca, antes de se virar pra mim. — Beck, quem é o seu pai?
— ...O quê? — fico confusa com a pergunta.
— Seu pai. Ele é dono de que empresa?
— Nenhuma. — dou uma leve risada. — Ele trabalha na nossa igreja.
— Vocês tem uma igreja? — uma das meninas pergunta.
— Não. Eu disse "nossa" porque frequentamos ela há-
— Não importa. Então você é crente? — Lindsay me interrompe.
— Sou. — digo, sorrindo.
Elas começam a rir.
— É inacreditável o nível que esse colégio chegou. Você é bolsista, então? — Lindsay pergunta, entre risadas, o que me deixa bem desconfortável.
— Sou.
— Isso explica metade do que você disse. — Geovanna fala.
— E a sua roupa. Onde você comprou?
— Eu não lembro, na verdade. Tenho ela há bastante tempo. Vocês gostaram? — passo a mão pela minha saia estampada.
— Você parece uma caipira, querida. — uma das meninas diz, e eu junto as sobrancelhas.
— Janet, não seja rude! — Lindsay me "defende". — Beck, hoje é seu dia de sorte. Eu vou te ensinar a se vestir como uma adolescente normal.
— Você quis dizer "nós", né? — Geovanna fala.
— Claro. — Lindsay revira os olhos.
— Meninas, não é necessário. Eu gosto bastante das minhas roupas. Mas eu vou adorar ser amiga de vocês. — digo empolgada.
— Não é bem assim-
— É um prazer ter você como nossa nova amiga. — Lindsay interrompe uma das meninas, dando um sorriso acolhedor.
[...]
Subo as escadas assim que chego em casa, porém minha mãe me chama da cozinha.
— Becky! — dou meia volta e sigo a voz dela.
— Oi. — digo prolongando a palavra.
— Como foi seu primeiro dia? — ela pergunta, com um sorriso.
— Foi bom. — demoro um pouco a responder, pensando qual definição eu devia usar pra esse dia...curioso.
— Fez amigos? — ela me abraça e eu sinto o cheiro do macarrão que está no fogo.
— Amigas.
— Ai, que bom! Eu sabia que você ia se dar bem, querida. Deus nunca falha. Agora vá tomar seu banho pra nós comermos. Daqui a pouco seu pai volta da igreja. — ela volta a se concentrar no macarrão e quando dei meu primeiro passo pra fora da cozinha, me lembrei de algo.
— Ah, mãezinha, hoje tem uma festa pra recepcionar os alunos novos. Eu posso ir? — pergunto, inocente.
— Festa no primeiro dia de aula? Não soube disso.
— É que é uma festa só dos alunos. Então, eu posso ir?
— Claro que pode. Essa é uma escola de bem. Tenho certeza que vai se divertir muito. Você pode usar seu vestido branco que sua vó te deu, filha! — ela termina a frase com empolgação.
— É mesmo! Aquele vestido é lindo, acho que as meninas vão gostar. — mordo o lábio, dando um meio sorriso, pensando nas coisas legais que podem acontecer nessa festa.
