onde Becky consegue uma bolsa de estudos em um dos melhores colégios do país, e isso deixa ela bem animada, porém a recepção de seus colegas classe alta não vai ser das melhores.
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BECKY
— Becky Bayley, você precisa comer. Tá há um tempão olhando pra essa mesa sem fazer nada. Graças à Deus temos comida de sobra aqui, então falta de opção não é. — ela para em pé ao lado da cadeira que estou sentada e põe as mãos na cintura, aguardando uma explicação.
— Você está bem? — meu pai, sentado ao meu lado, apoia a mão no meu ombro e pergunta em seu tom acolhedor.
— Elton, não à mime. — ela repreende ele, que abre a boca mas não consegue dizer nada.
Suspiro exausta e encho um copo com suco, pra tentar fazer eles largarem um pouco do meu pé. Lembro que minha mãe costumava ser mais atenciosa e delicada. Ela mudou drasticamente, mas eu sinto que não foi do dia pra noite.
Tenho certeza de que meus pais tem seus problemas entre si, e 99% das vezes não compartilham comigo pois não querem me preocupar ou me fazer desfocar da escola. Talvez eles estejam passando por uma crise e eu nem percebi.
Me sinto egoísta. Como se tudo girasse ao meu redor. Se ele estivesse aqui, imagino que diria que cada um é protagonista da sua própria vida, e as coisas giram sim ao seu redor. Não faz muito o tipo dele dizer isso, talvez a Jenny diria. Não sei nem o que estou pensando mais.
Harry agora age como se nunca tivesse me conhecido. Parece que ele nem sequer se importa mais. Se é que já se importou. Vê-lo no colégio ontem depois do término foi doloroso. Não pude beija-lo, abraçá-lo ou dizer que o amo.
Após beber o suco eu pego um pão pequeno e dou uma mordida. Porém, ao mastigar, sinto uma ânsia de vômito, como se isso fosse a coisa mais nojenta que eu já comi na vida. Só faltava essa.
Meus pais obviamente notam quando eu ponho a mão sobre minha boca, sem saber direito se o vômito virá ou não. Antes que eles falem alguma coisa, coloco suco novamente no copo e bebo. Respiro aliviada ao perceber que o líquido doce fez com que aquele pedacinho de pão descesse pela minha garganta.
— Isso foi...Você tá doente? — meu pai franze a testa, demonstrando preocupação.
— Becky, não me diga que o pão está ruim? Ou o suco? — minha mãe pergunta, de maneira mais rude.
— Eu to bem. Foi só uma ânsia de vômito. Achei estranho, porque não tinha isso há um bom tempo. — lubrifico meus lábios, sentindo um resto de sabor do suco.
