capítulo 13. peônia

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BECKY

— Filha? — meu pai bate na porta do meu quarto enquanto eu me arrumo pra ir pra o colégio.

— Tá aberta. — falo e no mesmo momento a porta se abre, dando visão à um Elton preocupado, mas sem perder seu jeito doce de ser.

Minha personalidade "tonta" foi moldada graças à ele. Minha mãe sempre foi a esquentada da família.

— Podemos conversar um minuto? — ele se aproxima e se senta na cama.

— Claro. — dou uma última olhada no espelho e me viro pra ele, tentando segurar meu sorriso de empolgação.

— Anteontem você voltou tarde. Bem tarde. Não conversamos sobre isso porque queria ver se você se adiantaria à nos contar primeiro. Becky, estou muito preocupado com você. Não tá indo na igreja direito, não responde as perguntas da Abigail. Achei que fossem amigas.

— Nós somos. Pai... — respiro fundo, não sabendo o que dizer. — Tem coisas que é melhor guardar pra si mesmo, entende? Desabafar nem sempre é o melhor.

— Eu disse isso pra sua mãe. Creio que seja coisa da idade. Você está amadurecendo e aprendendo o que é a vida. Mas...sentimos falta da nossa antiga Becky. Da minha garotinha. — ele abaixa a cabeça e põe os dedos nos olhos, os apertando e impedindo que lágrimas caiam.

— Ela ainda tá aqui, pai. — me sento ao lado dele e coloco a mão nas suas costas. — Só não aparece sempre. Mas ela ainda existe. Sábado eu percebi isso. Percebi muitas coisas. — dou um leve sorriso, me lembrando da louca noite que tive antes de Harry e eu nos beijarmos, e especificamente depois que nos beijamos.

— Que bom. — ele me olha nos olhos e sorri antes de me dar um beijo na testa. — Vou falar com a sua mãe e acalma-la. Sabe como ela fica nervosa, né?

— Pode pedir pra ela trazer o Rio de volta? Foi a pior coisa que ela me fez em anos.

— Sua tia ligou e disse que ele fez amizade com os outros cachorros dela. Ele tá bem. Difícil seria fazê-lo querer voltar. — ele gargalha.

— Então ele não sente minha falta. — faço uma cara triste.

— Ora, não fique assim. Gostaria que ele ficasse triste pelos cantos, chorando? É melhor que esteja feliz e adaptado.

— É. Você tem razão. — volto a sorrir. — É melhor eu ir pra escola, então. — pego minha mochila e levanto.

Vamos até a saída juntos e nos despedimos com um aconchegante abraço.

Chegando na escola, me arrependo imediatamente de ter trazido tantos livros na mochila. Achei que fossem ser úteis, mas me enganei. Vou direto pro meu armário e coloco alguns dentro dele. Falta um tempinho pra o sinal tocar, então eu vou tentar achar Jenny e Dan, ou quem sabe ele.

Ando pelos corredores observando as pessoas, que agora parecem esquecer que tiraram sarro de mim dias atrás. Parece que eu nem sequer existo mais. Acho que isso é bom. Pelo menos fico tranquila no meu canto.

Subo as escadas junto à mais um monte de gente, e acabo esbarrando em alguém sem ver quem é. A pessoa derruba uma peônia cor-de-rosa e alguém acaba pisando nela. Só vejo quem é quando levanto a cabeça e o ouço xingar.

— Merda! — Harry resmunga ao ver a flor ser amassada por um cara aleatório.

Eu me abaixo e pego a peônia com todo o cuidado. Estendo ela pra ele, que coça a nuca.

[...]

— Na verdade era pra você. — ele me estende a flor quando sentamos na grama perto da quadra. — É ridículo, mas... — ele lambe o lábio inferior e me olha sem dizer mais nada.

— Não é ridículo. — gargalho, fazendo ele abaixar a cabeça e sorrir. — Obrigada. Eu adorei.

— O que seus pais disseram? — ele diz após uns segundos em silêncio. — Sobre você ter chegado tarde, eu quero dizer.

— Meu pai só veio falar comigo hoje sobre isso. Minha mãe tá tão frustrada que não disse nada. — encaro a grama.

— Fale com eles, ok? Não importa se esteja chateada ou não entenda seus motivos. Só aproveite que eles se preocupam. Hoje em dia é difícil ter pais assim.

Eu o olho, esperando que ele me olhe de volta, mas ele está apenas encarando o chão.

— E a sua mãe? — minha boca praticamente fala sozinha, não pensei que chegaria a perguntar algo tão pessoal sobre ele.

— Ela não se importa. — ele balança a cabeça.

— Você já tentou conversar com ela?

— Becky, ela não se importa. — ele repete, num tom mais firme. — Não importa o que eu faça. Tenho certeza de que se eu morresse, ela nem ia notar.

— Não diga isso. Já pensou na possibilidade dela estar doente? Assim como eu, ela pode estar tentando mascarar sua tristeza fazendo coisas estúpidas. Por favor, não desista tão fácil assim. — ponho minha mão em seu ombro, e ele finalmente me olha nos olhos.

Ele tira minha mão de seu ombro e a segura com carinho, a beijando docilmente em seguida.

— Como você consegue? — ele pergunta, me fazendo ficar confusa e desmanchar o sorriso que tenho no rosto.

— Consigo o que?

— Fazer as pessoas gostarem tanto de você.

— As pessoas não gostam muito de-

— Eu gosto de tudo em você. — ele põe a mão em minha nuca, acariciando minha pele e se aproximando. — Sempre gostei. Seu jeito doce de ser, sua visão do mundo, suas tentativas de ajudar e acolher as pessoas. Sua risada que parece de uma criança de quatro anos. — ele termina dando risada e eu acompanho, rindo mais ainda. — Você é maravilhosa.

— Você também é. Muito. — me emociono e quando sinto que as lágrimas vão cair, beijo ele.

Seus lábios doces parecem fazer carinho nos meus. Depois de um tempo, ele separa nossas bocas mas encosta nossos narizes, acariciando minha bochecha com seus dedos macios.

Sinto como se estivesse no céu.

back of becky, harry stylesOnde histórias criam vida. Descubra agora