capítulo 5. palavras fortes

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HARRY

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HARRY

Nunca pensei que minha carreira musical dar certo seria graças à Lindsay Hills. Ainda estou no começo, acabamos de formar a banda, e escrever letra de rock não é tão fácil quanto parece. Conheço ela há três anos. Minha mãe já trabalhou pra família dela e com isso acabamos passando um certo tempo juntos.

Eu sei que ela é atraída por mim, mas eu não quero dizer isso pra me achar ou algo do tipo. É que está estampado na cara dela. Por mais que negue, ela sempre tentou se aproximar, e eu me afastei 100% das vezes. Lindsay nunca me passou confiança. Já vi várias vezes ela e suas amigas conversando, falando mal de tudo e todos, usando as pessoas, manipulando-as.

Dessa vez decidi me aproveitar um pouco dessa obsessão dela e disse que se ela me ajudasse com a banda, eu estudaria no colégio de pirralhos mimados dela. E deu até que bem certo. Todos adoraram a nossa música e uma gravadora entrou em contato conosco.

Mas agora eu me pego pensando: do que adianta eu ter privilégios com Lindsay, se ela continua manipulando garotas indefesas pra se tornarem tão más quanto ela?

Soube disso quando a própria garota mimada me apresentou seu novo projeto naquela festa. Becky. Estrutura mediana, na certa um e sessenta de altura, loira, olhos azuis acinzentados, branca feito um pedaço de papel. Deu pra perceber seu nervosismo ao receber meu "oi". Pensei em alerta-la sobre que tipo de "amigas" estava se metendo, mas logo me veio uma voz na mente: "isso não é da sua conta, Harry, deixa a menina se foder sozinha".

Hoje a vi no corredor com provavelmente as únicas pessoas honestas desse colégio, e por mais que tivesse cruzado com Lindsay minutos antes, resolvi ir pergunta-la se tinha visto a garota.

Foi só um teste pra ver se ela realmente era tão tola quanto parecia. Sua adorável e doce voz me fizeram perceber no meio da conversa que ela era uma raridade por aqui. Uma alma bondosa, que apenas quer ser amiga de todos.

Vi o pingente de crucifixo pendurado em seu pescoço e me esforcei pra não revirar os olhos. Essa coisa de religião sempre foi baboseira pra mim. Quando mais novo, já cheguei a discutir por causa disso. Pensei em tocar no assunto com ela, mas seus olhos azuis me encaravam tão curiosos e entristecidos que não tive coragem.

Saí dali antes que falasse alguma bobagem do tipo "tem algo pra fazer no fim de semana?". Reparei que o de óculos a olhava quase babando. Na certa está apaixonado por ela. Não que eu me importe.

Fui até o pátio externo e me sentei na grama. Não tem ninguém por perto, então pego um cigarro no bolso e o acendo com o isqueiro que minha ex namorada me deu.

Ser aluno novo em um colégio "independente" como esse é mais fácil do que pensei que seria. Os professores não fazem aquela baboseira de pedir que você se apresente e dê detalhes da sua vida na frente da sala. Quem quiser me conhecer, que venha falar comigo.

Até agora ando sozinho por aqui. As pessoas me olham com julgamento e dúvida, claramente se perguntando se sou bolsista ou não. Me impressiona Lindsay não ter feito fofoca sobre minha família. Talvez esteja esperando o momento certo.

Jogo o cigarro longe quando vejo um moleque vindo em minha direção. Ele para na minha frente e me olha estranhamente.

— O que é? — pergunto de olhos estreitos por conta da luz do sol.

— Você tá comendo a Lindsay? — ele pergunta naquele tom de ficante que acha que é namorado da garota que beija ele e mais vinte, o que me faz rir.

— Não. — respondo com um sorriso de canto.

— Não me convenceu. Vai, fala. — ele insiste nesse papo e eu me levanto, ficando de frente pra ele.

— Já disse que não. E se estivesse, isso não teria nada a ver contigo. Então cai fora. — bato no ombro dele e saio andando.

— Bom mesmo, porque eu sou o único que merece ela! — ele parece bêbado, pois deu risada depois de falar esse monte de merda.

— Claro que é. — falo, me distanciando cada vez mais.

Hora da aula de produção de texto. É a matéria mais aceitável. Já fui um amante de histórias e isso me traz boas lembranças. Porém a matéria que o professor passou não é muito do meu agrado, e definitivamente do meu conhecimento.

— Então já sabem. Expressem de forma suave a importância ou falta dela de ter uma religião. Quero palavras fortes, significados profundos, talvez até subjetivos. — o velho calvo de um e oitenta explica a tarefa.

— Mas que porra...? — resmungo um pouco alto demais.

— Algum problema, senhor Styles? — ele me olha com seus olhos arregalados de sempre.

— ...Palavras fortes, certo?

— Sim.

— Tá bom. — me encosto na carteira, cruzando os braços e imaginando o tanto de palavras fortes que usarei pra me expressar nesse texto.

— Se isso fosse passado pra aquela crente caipira, certeza que ela tiraria nota máxima. — ouço uns murmúrios atrás de mim e me viro rapidamente.

— Quem? — pergunto, já imaginando qual seja a resposta.

— Aquela tal de Beck, Becca, sei la. — o cara de topete cheio de gel ri com seu amigo. — O novo brinquedinho da Lindsay.

Me viro de volta e lembro da pequena de olhos grandes e lábios finos.

— Eu queria ver ela rezar o pai nosso em cima do meu pênis. — eles continuam caçoando e eu aperto tanto minha caneta que chego a pensar que ela vai quebrar.

Se controla, Harry, é só uma garota. Não tem importância.

— Ia fazer ela gemer tanto, mas tanto que-

— Dá pra calar essa boca?! — eu explodo, impulsivamente. — Eu...quero ouvir a aula. — termino a frase de uma maneira que me arrependo amargamente, mas pelo menos me acalmei.

Os caras voltam a rir e eu reviro os olhos. Não demora muito e o sinal toca, e eu levanto disparado, mal esperando pra me ver longe disso aqui.

back of becky, harry stylesOnde histórias criam vida. Descubra agora