onde Becky consegue uma bolsa de estudos em um dos melhores colégios do país, e isso deixa ela bem animada, porém a recepção de seus colegas classe alta não vai ser das melhores.
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BECKY
Eu achei que conseguiria controlar. Vi que estava enganada quando vomitei a torta de maçã no chão da cozinha esta manhã. Por algum motivo meus pais não acordaram ainda, então aproveito pra pegar um pano molhado e limpar essa nojeira antes que algo aconteça.
Coloco "You Know I'm No Good" pra tocar e me ajoelho no piso de madeira, começando então à esfregar. Quando chega a parte que diz "I cried for you on the kitchen floor" eu suspiro e jogo o pano na parede, possessa de raiva.
Vou pra porta de casa e me encosto na parede, tentando ver se ar puro realmente acalma. Decido andar pela grama, aproveitando que não há ninguém na rua. Me deito no chão coberto de folhas verdes e olho pro céu azul, me sentindo de certa forma "livre" por alguns minutos.
Pisco lentamente, como se estivesse prestes à dormir. Respiro fundo e sinto lágrimas descerem pelos cantos de meus olhos, creio que devido à luz do sol em meu rosto.
Agora estou andando pelos corredores do colégio, me sentindo um alienígena. Chego na biblioteca e me sento em uma das mesas. Deito minha cabeça em tal e desejo pegar no sono, pra que alguém me acorde e me diga "dê o fora daqui". Eu só quero que algo aconteça. Algo que me distraia desse vazio.
Adoraria ficar irritada ou triste por coisas comuns da vida, e não pela merda de um distúrbio alimentar. Isso sem falar do Harry. Não consigo encara-lo e isso me faz sentir como uma covarde. É o que eu sou, no fim das contas. Uma maldita covarde.
— Becky? Becky? — ouço uma voz ecoando cada vez mais alto.
Levanto a cabeça e vejo Corinne, o que me faz arregalar os olhos inconscientemente.
— Corinne...É, você quer alguma coisa?
— Não sei. Você quer? — ela pergunta, dando de ombros e me deixando confusa.
— Não. Eu acho que não. — olho pra todos os lados, sem entender qual é a dela.
— Acho que sim. Você tá triste. Eu reconheço uma pessoa triste de longe. — ela se encosta na cadeira que está sentada e balança a cabeça, certa do que diz.
— Tá, e se eu estiver?
— Você já pensou em ser modelo? — ela pergunta, me olhando de cima à baixo.
