Silêncio. Até Gavin já estava fora do colo de Neil e encarava o investigador com nervosismo. Patrick suspirou e virou-se para Ellen.
— Quem é o primeiro da lista?
— Hm, Flora Sawyer. Ela está aí? — Ergueu os olhos dos papéis em sua mão e Flora se levantou, os cabelos loiros balançando ao andar.
— Aqui estou, senhora. — Deu um sorriso de lábios fechados. Flora estava cumprindo uma obrigação, já que nem ao menos queria ter ido naquela festa. Quase perdeu o irmão, também.
Patrick virou as costas para pedir informações a Esther, logo depois caminhou em passos rápidos até uma sala que a escola forneceu para fazer as perguntas aos jovens. Ellen, Jamaal e Flora caminharam atrás dele.
Um a um, os jovens foram chamados por Jamaal por ordem alfabética. Quando Sadie saiu e chamaram pelo nome de Seth, ele congelou no assento.
Tirando Theodora, o restante havia ido para o pátio até terem as aulas liberadas. Theo olhou para Seth do outro lado da sala e andou até ele.
— Ei, Seth. Tudo bem?
O coração dele batia acelerado dentro da caixa torácica, o peito começou a se contrair e Seth sentiu o suor escorrer pelas axilas. Ele lambeu os lábios e olhou para Theodora a sua frente. As mãos tremiam e ele involuntariamente caçou o maço de cigarros no blazer, mas lembrou-se tardiamente que tinha que comprar outro maço. Jamaal o encarou e o chamou novamente.
Seth limpou o suor das mãos na calça e tentou se levantar. Quando a visão escureceu e ele quase caiu, Theodora se jogou nele e o abraçou, dando a sustentabilidade que ele precisava. Não era fácil, Seth era maior e mais pesado que ela, mas, visto do ângulo certo, apenas parecia que Theo o reconfortava, não que o mantinha em pé.
Lambeu a boca mais uma vez, xingando perto do ouvido de Theodora. Minha boca está ficando seca demais, por que ela está ficando seca demais?, sua mente era um turbilhão de pensamentos. A angústia não passava e os seus joelhos tremiam. Seth estava nervoso. Santo Cristo, aqui não, aqui não, aqui não...
Theo o colocou sentado de novo e deu um último abraço nele. Se virou para Jamaal e forçou uma cara de choro.
— Perdão, teria problema eu ir primeiro? Eu não me sinto bem e só quero que tudo isso acabe, por favor. — Ela suplicou e deu a Jamaal o olhar mais triste que conseguiu, abaixando os ombros e franzindo o nariz numa cara de choro perfeita.
Jamaal se apressou até ela, esticando a mão para que Theo a segurasse.
— Está tudo bem, menina. Você quer um copo de água?
Theo tentou abrir um sorriso, porém logo este se fechou e ela balançou a cabeça negativamente para ele.
— Não, senhor. Me desculpe, eu... eu estou um pouco sensível agora.
— Sem pressa, menina. Por favor, me acompanhe.
Ela assentiu e acompanhou Jamaal até a sala, virando para trás para ver Seth com a cabeça entre as mãos, os cotovelos nos joelhos.
Seth Noguchi não tinha ataques de pânico há muitos anos, ele se controlava bem. Sabia prevenir as crises e evitava fumar demais quando passava mais para que a pressão não abaixasse muito. Ele estava desestabilizado, emocionalmente aflito e extremamente culpado.
Procurou algo que pudesse lhe ajudar nos bolsos internos do blazer. Quando não achou, passou para os bolsos da calça, tirando de lá um chiclete de canela velho. O mastigava com vigor, passando toda a ansiedade para a mandíbula, como se conseguisse desacelerar a mente pouco a pouco. A tremedeira passou, aos poucos ele sentiu que havia saliva o suficiente em sua boca. Tentava controlar a respiração como havia aprendido a alguns meses atrás através da meditação.
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O Caso Grobmann
Misteri / ThrillerDrama, dinheiro e luxúria são as coisas que regem Holloway a mais tempo do que qualquer morador local pode se lembrar. A rica e influenciadora Elite da cidade sempre teve seus favoritos - alguns mais do que outros. Dentre eles está Nigel Grobmann e...