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Depois daquele dia comecei a criar sentimentos mais intensos por Shoto, talvez eu estivesse abaixando um pouco minha guarda no que se trata de relacionamentos, mas já fazia um tempo que tinha deixado isso de lado.

Ele não aparentava ser uma pessoa que poderia me machucar, então o que tem de errado em criar algum tipo de expectativa? Ele me assistia jogar, treinava comigo e contava sobre seu dia e seus sonhos também.

Talvez eu pudesse me apaixonar por ele, afinal ele também poderia se apaixonar por mim. Depois do que fizemos no vestiário da piscina acabamos ficando mais próximos e eu sentia cada vez mais um olhar cheio de luxúria e desejo vindo de Shoto. Seu olhar por si só já era marcante, seus olhos de cores diferentes mas igualmente profundas, sua cicatriz que realçava todos os seus contornos... Com certeza me sinto perdido quando nossos olhos se encontram.

Ainda sim na sala de aula não nos aproximamos muito, manter aquilo apenas entre nós não era tão ruim assim... Não teriam comentários e teria a certeza que Shoto só estaria comigo, sem concorrência e situações desnecessárias.

Apesar do que rolou no acampamento, ninguém implicou com a minha sexualidade e continuei conversando normalmente com todos da sala, mas acho que sobre o filho do diretor as coisas seriam diferentes.

Ele já era distinto de qualquer filho de diretor que a gente imagina, mas ser gay talvez fosse demais? Não sei, mas cabe somente a ele decidir se fala ou não sobre isso.

Apesar dessa distância na sala para manter as aparências, tivemos um trabalho de música para fazer e era em dupla. Antes que eu pudesse pensar sobre quem seria ele me chamou e apesar da surpresa eu assenti. O trabalho era pra semana seguinte então deveríamos fazer o quanto antes.

Minha semana era realmente cheia e a dele também, não tínhamos muitos momentos vagos para nos reunir.

Shoto veio na minha direção para combinarmos de fazer o trabalho.

- Izuku quando você está mais livre essa semana? Podemos usar a biblioteca e os horários de intervalo para fazer.. o que acha?

- Bem, essa semana tenho alguns amistosos no clube de basquete, vou estar quase sem períodos livres. A biblioteca vai estar fechada nesse horário já... O que acha de fazermos na minha casa? Minha mãe não vai incomodar nem na... - fui interrompido.

- CLARO! - disse com o tom de voz mais elevado que o normal, Shoto geralmente era bem tranquilo - Digo, claro se não for incomodar. Que dia então?

- Amanhã, pode ser? Aí já falo com ela hoje mesmo - sorri.

- Ok! - voltou para sua carteira e parecia um pouco mais animado do que o normal.

Fiquei pensando nas coisas pervertidas que estariam passando na cabeça dele, seria divertido apesar de tudo. Minha mãe já sabia e aceitava minha sexualidade, sei que ela não falaria nada mas ainda sim estaria em casa.

Depois das aulas almoçamos com a turma toda, já era um ritual. Em seguida descansei e me arrumei para o treino de basquete. Estava ansioso pra jogar, das últimas vezes treinamos jogadas e hoje seria uma partida para ver se estava tudo alinhado com a equipe.

Shoto só poderia assistir o começo do treino hoje, tinha que ir encontrar seu pai para fazer alguma coisa de família. Se fosse um treino comum não iria ficar chateado, mas hoje confesso que fiquei um pouco.

O treino começou e as jogadas demoraram um pouco para ficarem alinhadas por conta da adrenalina do jogo, mas depois que conseguimos encaixar os elementos de passe, velocidade, drible, corta-luz e arremesso tudo saiu perfeito.

Nosso time tinha bastante velocidade, era o nosso ponto forte se é que posso chamar assim. Então pra fazer uma jogada acontecer só precisamos entrar no mesmo ritmo.

Durante o primeiro intervalo Shoto se despediu com um sorriso que pude sentir meu coração bater até mais rápido. Aquela sensação acabou me dando mais energia para continuar o treino.

Quando o treino acabou corri para pegar minhas coisas e ir pra casa. Queria chegar logo, tomar um banho, jantar, conversar com a minha mãe e contar que estava me sentindo feliz. Nós tínhamos uma relação ótima e conversávamos sobre tudo, ela me apoiava sempre e eu também apoiava ela.

Peguei minha bicicleta e pedalei no máximo que pude. Chegando em casa ela já estava preparando a janta e estava me esperando.

- Oi mãe! - corri para abraçá-la e fui afastado com suas mãos bagunçando meu cabelo

- Aaah Izuku, você todo suado vem me abraçando assim? Ahhahaha vai já pro banho e só volte quando estiver cheirando bem!!

Demos risada e fui para o banho. Tomei uma ducha gelada porque o treino foi forte, treinar pensando que se está em um jogo oficial faz tudo ser mais intenso, inclusive a dor que vem depois.

Sai logo e me vesti com um pijama confortável, peguei uma toalha pra secar meus cabelos e fui indo para a cozinha. O jantar estava servido e me sentei junto a ela.

- Mãe, obrigado pela comida! - fiz sinal de agradecimento - Hoje foi um dia bom! E você  mãe? Como foi seu dia?

- Empolgado com os treinos? Espero que esteja com os estudos também viu mocinho, ahhaha bem hoje foi um dia puxado eu diria... Amanhã minha turma vai fazer uma viagem e o professor que iria junto se envolveu em um acidente e eu vou ter que substituir ele - respirou fundo, com um ar de cansaço - não gosto muito dessas viagens, não quero te deixar sozinho mas não tive opção... Tudo bem por você Izuku?

-...- nessa hora me empolguei um pouco e tentei continuar a conversa sem mostrar muito esses sentimentos - Tudo sim, mãe. Aliás ia te perguntar sobre isso, tenho um trabalho pra fazer e um amigo viria amanhã pra cá para fazermos.. tudo bem? Mesmo você estando fora podemos continuar com esse plano?

- Aí isso é ótimo filho! Não queria que você ficasse sozinho por aqui, me sinto aliviada que você traga alguém pra cá. Quem ele é?

- hm, bem... É o Shoto, filho do diretor - sorri e fiquei um pouco corado - ele é uma pessoa incrível, quero que você possa conhecer ele logo!

- Incrivel? Ah Izuku... Você não tem mesmo jeito. Você tenha juízo viu? - disse enquanto ria e apesar do clima ela sempre conseguia que as coisas ficassem leves.

Jantamos e continuamos conversando do seu trabalho e de como a cidade nova tinha muitas oportunidades. Apesar de sermos só nós dois, não poderia pedir por mais.

Terminamos de jantar e fomos dormir. A ansiedade se instalou na minha mente. Mandei uma mensagem para Shoto, confirmando sobre amanhã e falando que minha mãe não estaria em casa pelos próximos dias...

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