Clube de Basquete U.A.

30.

Cheguei na escola e estava um pouco ansioso e apreensivo. Não sabia se já poderia agir de acordo com o nosso namoro ou se ele ainda precisaria de um tempo para contar.

Entrei na sala e ele estava lá sentado (ele ficava na primeira fileira), sorri e para meu alívio tive um sorriso de resposta. A sala estava cheia, todos se abraçavam e conversavam, nossos sorrisos foram cortados pela turma toda que estava em euforia.

Shoto se levantou e veio até a porta, onde eu ainda estava parado, me abraçou e me deu um selinho. No abraço já senti meu corpo sendo eletrocutado em diversos pontos, mas quando me beijou senti como se meu corpo estivesse sendo carregado por alguém. Não tinha mais nenhum peso que eu precisava carregar. Isso era estranho porque eu, de fato, não me importava de esconder... Pelo menos era o que eu pensava.

Logo na sequência as meninas viram e já começaram a comentar e gritar coisas como "aí eu já sabiaaaaa", "que fofos", "quem se declarou primeiro?" e várias outras coisas que não consegui diferenciar. Os meninos apenas comentaram algo sobre "desde quando?" e nada além (sabia que perguntas mais íntimas demorariam para aparecer).

Então assim o dia se seguiu. Tivemos as aulas, intervalo e hora de ir embora. Os clubes voltariam apenas na semana seguinte.

Indo para o bicicletário Shoto começou a conversar mais sério comigo.

- Vou falar hoje com o meu pai... Mas antes queria ver como seria a relação dos nossos amigos com o nosso namoro... Me sinto mais feliz e tranquilo em contar pra ele, mesmo se ele tiver uma reação diferente. - sorria e olhava pro céu enquanto falava sobre isso.

Queria dizer que estava com medo do seu pai nos afastar, mas não podia estragar a sua felicidade de se encontrar e estar pronto para se assumir.

- Vai dar tudo certo, qualquer coisa que precisar pode falar comigo.. posso tentar ajudar também.

- Já pensei em tudo, mas obrigado.

Subimos nas bicicletas e fomos embora. Ele me deixou na porta de casa - como sempre - nos despedimos com alguns beijos e abraços demorados. Estávamos felizes. Vi ele indo embora e comecei a escutar ele cantarolar alguma música qualquer e sua imagem e som foram sumindo.

Entrei em casa feliz mas ao mesmo tempo preocupado. Alguma coisa parecia triste, mas não saberia dizer o que. Talvez fosse só pessimismo, esse hábito horrível de saber que não será aceito por amar quem eu amo.

Deixando os pensamentos de lado fui fazer minhas tarefas enquanto trocavam algumas mensagens com Shoto, ele falava que estava ficando ansioso cada vez que o tempo para encontrar seu pai diminuía. Sempre tentava trocar de assunto mas em vão.

E então, por volta das 21h recebi a seguinte mensagem:

"Me desculpa, as coisas não saíram como o planejado. Depois conversamos. Amo você"

Na hora que li meu coração apertou e meu medo de confirmou. Mas eu não sabia o que poderia se dar daqui pra frente. Conversei com a minha mãe e fui dormir lá pela 1h, minha cabeça estava a mil por hora e precisava chegar na escola logo pra poder saber o que aconteceu. Ele parou de responder as mensagens.

Depois dessa mensagem e dessa noite mal dormida, se passaram 2 semanas. Bom, como vou explicar? Basicamente Shoto mudou de sala e era impossível esbarrar com ele em qualquer canto da escola.

Tivemos a sorte de algumas vezes nos encontrarmos no banheiro mas não conseguíamos trocar nem 2 palavras. No clube ele praticamente me evitava e isso estava começando a me enlouquecer.

Então resolvi pedir ajuda pra algumas meninas da sala dele, ia tentar esbarrar com ele "sem querer" no banheiro de novo, mas não daria a chance dele escapar igual das últimas vezes.

No final do intervalo elas iriam tentar conversar com ele sobre qualquer coisa enquanto caminhavam em direção ao banheiro e enquanto isso eu iria aparecer nesse momento. Como ele estava fugindo de mim, provavelmente iria entrar no banheiro e eu seguiria meu caminho como de costume, mas não hoje.

Assim que percebi a deixa segui em direção ao banheiro.

Entrei logo em seguida, pude ver seus cabelos coloridos passando pela porta e então fechei a porta pelo lado de dentro e Mina estava do lado de fora me mantendo informado por mensagens também.

- Você pode, por favor, me explicar a palhaçada que está acontecendo nessas 2 semanas? Você achou ok mandar aquela mensagem e nunca mais cruzar seu olhar com o meu?

- Izuku eu disse que conversariamos, mas agora não posso. Eu disse isso na mensagem, não disse? Agora anda, abre a porta e me deixa sair.

- Você não pode ao menos me dar um motivo pra isso tudo? - nesse momento eu já estava em lágrimas. Me interessei por ele pela aparência mas a cada momento que ficávamos juntos fui me deixando levar e achei que minhas cicatrizes estavam bem. Quando senti que estava chorando era como se me desse conta que tudo que é bom dura pouco.

- Não posso.. só.. só confie em mim, ok? Preciso que você abra a porta para que eu saia - meu corpo automaticamente se mexeu, como se seguisse suas ordens. Então avisei Mina e ela também o fez - ... Izuku, não esqueça da minha última mensagem.

Enquanto chorava e via ele indo embora para sua sala, tentei colocar minha cabeça no lugar e fui ver novamente a última mensagem dele. Como eu poderia me apegar a ela?

No final de tudo eu nem tinha mais tempo para me preocupar com isso. Faltava uma semana para o Torneio e os treinos estavam   ficando mais puxados. As duas modalidades exigiam demais de mim. O clube de basquete era tudo que me importava mas o clube de natação tinham poucos membros então eu sentia uma obrigação em me dedicar. Apesar de não ser muito bom eu evolui bastante, além disso melhorei minha respiração através do nado o que me ajudou muito no basquete.

Apesar de estar triste e sofrendo por Shoto, sabia o que tinha ido fazer naquela escola. Então deixei esses pensamentos de lado e iria ignorá-lo. Me apeguei a sua última mensagem mas a desconectei de seu rosto e presença... Quando o via na escola era como se fosse outra pessoa. Dessa forma tudo foi menos doloroso.

Então, quando me dei conta, era o dia que iríamos para o Torneio. Minhas malas estavam prontas e eu estava no ônibus indo para o Ginásio onde iriam acontecer diversos jogos pelos próximos dias.