Parte 2 - Noite estrelada

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Relacionar-se com garotos da alta classe da sociedade britânica era algo que Remus sabia que só ferraria com sua vida; não é à toa que passou dois meses preso por estar beijando o filho de um dos políticos de Paris mais respeitado. Remus não tinha como saber quem era o garoto quando o beijou, nem importava-se com políticas e coisas do gênero. Aquilo o tirou sessenta dias de liberdade, as quais ele podia ter aproveitado viajando.

Ele achou que a tarefa mais difícil seria explicar aos McKinnon o motivo pelo qual ficou sumido por dois meses sem dar sinal de vida, mas surpreendeu-se quando chegou e encontrou Dorcas e Marlene conversando animadamente com os McKinnon, e eles pareciam não se importar com o relacionamento de ambas. Então explicou o que ocorreu, e eles o apoiaram e aceitaram, assim como fizeram com a filha.

Todos os princípios sobre não relacionar-se com pessoas de alta classe se esvaíram de sua mente ao avistar o garoto de cabelos escuros, olhos tristes e postura rígida.

O quão a pena valeria aproximar-se dele?

— Aquele é o Sirius Black, primogênito dos Black's e noivo de Lily Evans — Peter cochichou ao ver que o amigo estava concentradíssimo no garoto. — Em resumo, é mais fácil este navio naufragar do que você conseguir aproximar-se dele.

— Obrigado Peter, ajudou muito — Remus resmungou e Marlene riu, seguido de um sinal para irem a outro lugar antes que alguém perceba a secada que Remus dava no garoto.

Entretanto, o que ninguém percebeu, é que Sirius também o encarou e ele jurou ter visto um sorriso fraco no canto dos lábios.

Os amigos resolveram ir para o outro lado do convés, e Remus aproveitou a oportunidade para desenhar algo em seu caderno.

Por mais que tentasse se concentrar no que desenhava, seus pensamentos voltavam instintivamente para o Black, era algo surreal, que fazia seu estômago encher-se de borboletas – tais como recorda-se de ler em livros de romance –, e fazê-lo prender a respiração por longos segundos.

Era inevitável não pensar em Black, em seus lábios rosados, seus cabelos, sua postura, tudo nele parecia incrivelmente fodivel. Ele parecia incrivelmente fodivel.

Após a janta, os amigos seguiram para a festa da terceira classe, que era muito mais animada e divertida que qualquer baboseira clássica e elegante da primeira classe – de uma coisa ninguém podia negar, os pertencentes da terceira classe sabiam dar uma festa divertida com direito a mais –.

11 de abril de 1912

Remus não recorda-se de muito sobre o que aconteceu na noite passada de bebedeiras, algumas vagas memórias alojaram-se em sua mente fazendo-o levar a mão até a testa e resmungar de dor.

Porra de ressaca, murmurou em voz alta recebendo um resmungo de Marlene, que dormia profundamente, ou melhor, estava dormindo, na cama debaixo do beliche.

— Calado... — Marlene murmurou de volta cobrindo-se até a cabeça com a coberta.

— Bom dia prima — Desceu da cama, calçou as pantufas e distribuiu um beijo de bom dia na testa de Marlene, como fazia desde que eram crianças.

Sem dar importância aos xingamentos desagradáveis que Marlene lançava a ele, resolveu apenas pegar uma troca de roupas limpas e sair para tomar um café.

Enquanto caminhava pelos corredores do navio, percebia muitos olhares em cima de si. Remus não podia negar que era extremamente atraente e isso fazia com que ficasse sem jeito sempre que alguma garota aproximava-se com segundas intenções.

Desculpa, eu gosto de garotos... e as meninas afastavam-se envergonhadas. Aquilo podia até ser divertido, se o fato de Remus gostar de garotos não fosse algo ruim na visão da sociedade.

Drowning for love • WOLFSTAR •Onde histórias criam vida. Descubra agora