CAPITULO UM
Estava andando pelas frias e movimentadas ruas de Londres, o inverno se arrastava pelos dias intermináveis da vida de Amélia. O ano era 1957 e todos andavam apressadamente pelas calçadas querendo se esconder o mais rápido possível do frio esmagador. A garota acordará atrasada mais uma vez para sua aula, e sortuda do jeito que era, tinha como primeiro horário a disciplina de álgebra II, ministrada pela Sra. Thomas, a qual tinha certas desavenças. Uma fumaça esbranquiçada começará a se espalhar pela cidade desde o momento em que Amélia deixará sua casa, mas estava tão distraída com as azarações da vida, que mal se deu conta.
Ao passar por uma viela familiar, o branco ficou mais forte, mal se enxergava o que estava a frente, carros desgovernados buzinavam em sintonia causando barulhos estridentes para os ouvidos sensíveis da jovem, as pessoas corriam por todos os lados, a garota então, a fim de não perder mais um segundo se quer para chegar a Kings Academy apertou o passo, mas algo incomum aconteceu...
Estava sendo puxada, uma força gravitacional estranha tomará conta de seu corpo, e nenhuma das aulas de física em que ela já esteve presente era capaz de explicar tal fenômeno, fechou os olhos e os abriu logo em seguida, repetiu o ato várias vezes para ter certeza de que não era um sonho, chegou até a dar-lhe uns beliscões, mas tudo o que via era uma extensa praia de uma água de tão intenso azul que lhe doía as orbitas. "Estou louca de pedra" imaginou.
Cautelosa, deu alguns passos à frente, ao perceber que estava dentro de uma caverna, vasculhou com o olhar a procura de algo que a explicasse o fato de estar ali, mas encontrou somente uma lanterna jogada ao chão. Resolveu então se aventurar pelo lugar, molhou os pés nas águas cristalinas e sentiu imenso prazer, a mesma estava morna por causa do sol escaldante e após se refrescar um pouco, ela se deitou sob a areia macia. O lugar parecia o paraíso, chegou a cogitar estar morta, afinal conhecia os ensinamentos sagrados e sabia que não existiria explicação mais plausível do que aquela.
O entardecer chegava de forma majestosa ao local, aos poucos o mar engolia o sol e o céu desenhava as mais lindas estrelas presenciadas pelos olhos da menina, repentinamente sentiu uma paz surgir em seu peito.
— Será mesmo que morri? — pensou em voz alta — Mas nada além daquela força me puxando aconteceu comigo — Pôs se a refletir um pouco.
Com a noite se aproximando, juntou todos os seus pertences e adentrou novamente a caverna, estava começando a esfriar, mas já era acostumada o bastante com o clima para não se deixar incomodar. Colocou sua bolsa sobre o chão e deitou a cabeça sob ela, aos poucos, os olhos começaram a se fechar, ela pensava que tudo voltaria ao normal se apenas dormisse, então foi isso o que ela fez.
Edmundo, por outro lado, não conseguia pregar os olhos, no dia seguinte seria o seu tão esperado aniversário de dezoito anos, mas não era somente isso que tirava o sono do rapaz. Ele estava avançando muito em suas pesquisas, inteligente como era, gostava de vagar pelos bosques de Nárnia para estudar novas plantas, espécies e o que surgisse pela frente. Passava a maior parte do tempo com o rosto enfiado nos livros, todos do reino o consideravam um rei sábio, e ao lado de seu irmão Pedro e suas duas irmãs, Susana e Lúcia, governava as terras de Nárnia. O título fora atribuído pelo grande Aslam quando o mesmo ainda era só uma tola criança.
Levantou-se, parou e deitou-se novamente, já era tarde demais e podia muito bem conter a ansiedade que lhe afligia o peito, não era nada demais, apenas havia descoberto uma flor de pétalas amareladas chamada calêndula que tem efeitos curativos incríveis, o que contribuiria muito para os treinamentos do exercito narniano. Por mais que as batalhas e guerras naquele reino já não mais existissem, os guerreiros continuavam se preparando caso algo quisesse lhes tirar a paz repentinamente. Edmundo também conheceria ao anoitecer, em sua festa de aniversário, algumas princesas de reinos vizinhos, era certo que pensasse em matrimônio, seus irmãos mais velhos já eram comprometidos, sobrando somente a pequena Lúcia, que ainda não passará da maior idade.
Ele admirava e se inspirava no relacionamento que seu irmão e sua irmã tinham com os cônjuges, esperava encontrar tamanho sentimento avassalador um dia, mas não o imaginava acontecendo por agora. Levantou-se novamente, e em passos cuidadosos foi em direção a porta, girou a maçaneta e tomou pelas mãos um lampião. Estava andando pelos cômodos de cair paravel, tomando o caminho para a cozinha do castelo, ficava faminto a maior parte do tempo, riu sozinho ao se lembrar que uma vez quase delatou seus irmãos a uma feiticeira maligna apenas por alguns manjares turcos e um pouco de chocolate quente.
Sob a grande mesa da cozinha se encontrava algumas amostras de bolo e guloseimas para que Susana aprovasse para a festa, imaginou que não dariam falta de uns míseros pedaços e então pegou um prato, alguns talheres e se serviu das sobremesas. Distraído enquanto comia, mal ouviu ruídos de passos vindo em direção a ele, quando se deu conta já havia levado um baita susto de sua irmã caçula. Lúcia gargalhava.
— Não teve graça — disse com a cara emburrada tão familiar para Lúcia quanto o sol que nascia todas as manhãs.
— Não seja rabugento, irmão — segurava o riso — O que faz acordado uma hora dessas? — Tomou a liberdade de se sentar perto dele e roubar-lhe um pedaço do bolo.
— Apenas não conseguia dormir... e quando estou ansioso, sabe que morro de fome — constatou Edmundo.
— Não só quando está ansioso, mas a todo o momento — corrigiu-o tirando sarro — Susana não irá gostar nada de saber que estamos devorando os preparativos de amanhã. Ficará furiosa — Ele sorriu com a ideia, e ela também.
— Tem razão, por isso vou colocar a culpa em você — olhava para ela com divertimento — Afinal é meu aniversário, não podem me xingar amanhã — disse por fim.
—Você quem pensa — Arqueou uma das sobrancelhas de forma zombeteira. Os dois irmãos passaram alguns minutos apenas se deliciando com as sobremesas e o momento que compartilhavam. A vista do palácio era sempre de tirar o fôlego e estavam felizes por estar de volta ao lugar em que nasceram para ocupar. Mais calmo, Edmundo retornou ao seu respectivo quarto e adormeceu, um grande dia o esperava ao despertar.
CAPÍTULO REVISADO.
LEIA COM O TEMA BRANCO PARA MELHORES EXPERIÊNCIAS.
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Perdida Em Nárnia, Edmundo Pevensie
FantastikAmélia andava pelas ruas longas e frias de Londres, o ano era 1957 e toda a Inglaterra estava envolta por uma névoa branca e desconhecida, mas o que ela não imaginava era que está mesma fumaça misteriosa a levaria para a maior aventura de sua vida...