6. QUÍMICA

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Duas semanas se passaram e tudo corria bem entre todos. Jhenny e Cristiano escolheram um lote para comprar, mas iriam fazer uma visita ao local junto com o pessoal de Felipe antes de finalizar a compra.

Felipe seguia com a fisioterapia e começou a andar com muletas, ainda não conseguia apoiar o peso na perna fraturada, mas passou a depender menos dos outros.

Cristopher se reinventou e passou a fazer bolo no pote para vender no trabalho e na faculdade na tentativa de complementar a renda, e seus bolos faziam o maior sucesso. Ele ainda vivia com o desprezo dos pais, seu irmão se tornou um grande amigo e parceiro, sua mãe ligava com frequência mas seu pai permanecia irredutível.

Naquela semana, Rafael e Dani foram realizar mais um ultrassom de rotina, devido às alterações encontradas no exame anterior, agora as consultas e acompanhamento eram mais frequentes.

- Bem vindos de novo. Pode se deitar por favor Danielly, e daremos início ao exame. Está se sentindo bem nos últimos dias? - A médica recepcionou.

- Sim doutora, ás vezes tenho fortes dores na cabeça, a médica do pré natal me passou um remédio pois minha pressão tem subido com frequência. - Dani explicou.

- Certo, esteja sempre atenta com isso, pode ser perigoso!

Ela cortou o assunto quando começou a examinar o bebê e sua expressão ficou séria, mais uma vez a médica deixou os dois apreensivos.

- Está tudo bem doutora? O que foi? - Rafael perguntou.

Mas a médica não respondeu de imediato.

- Você está com 16 semanas, certo?

- Sim! - Dani respondeu.

- Conversamos no último ultrassom sobre a necessidade de fazer a amniocentese...

- Sim, mas a doutora que me acompanha disse que eu ainda não tinha líquido amniótico suficiente e por isso teria que aguardar, e também... - Dani pausou com a lembrança.

- A médica disse que existe a possibilidade de aborto com esse exame, e não sabemos se queremos fazer! Sinceramente acho que não tem por que colocar nosso bebê em risco, afinal, aconteça o que acontecer ele é e continuará sendo amado da mesma forma! - Rafael explicou.

- Entendo e até admiro o ponto de vista de vocês, mas é necessário, mesmo porque, se diagnosticamos com antecedência uma síndrome ou má formação, poderemos acompanhar mais atentamente a gravidez e planejar o nascimento da melhor forma possível, para que a criança tenha todo o suporte necessário! - A médica informou.

- Certo, mas por que está dizendo isso? Houve algo mais?

- Bom, foi possível observar no exame que o intestino do bebê está presente na hérnia, tudo indica se tratar de um quadro que chamamos de onfalocele, que se trata de uma má formação onde o intestino não retorna à cavidade abdominal durante o processo de desenvolvimento do bebê.

Danielly já sabia sobre a hérnia, mas cada explicação que recebia a deixava ainda mais apreensiva.

- Mas e aí, doutora? Meu filho corre algum risco?

- Geralmente é necessário que haja uma equipe de cirurgiões pediátricos disponíveis para a hora do parto, e esse não deverá ser normal! Mas ainda existem outras questões...

- O que? - Rafael ficou apreensivo.

- Notei outras alterações no bebê, aparentemente o pezinho esquerdo está voltado pra dentro. Descrevemos tal situação como PTC, pé torno congênito, e no caso dele parece ser unilateral.

O destino dita as regras III - Além da vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora