14. TRAGÉDIA

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Na semana em que ocorreu a festa de peão em Barretos, Cristiano ficou muito abalado, durante as provas o haras foi muito homenageado, falaram principalmente de Faísca, e realizaram um momento de silêncio em memória dos animais perdidos e em consideração ao belíssimo trabalho que eles realizavam. Cristiano assistiu por vídeo, e apesar de se sentir honrado, as lembranças o assolaram, foram dias difíceis, principalmente para Jhenny.

Jhenny e Dani seguiam na maioria das vezes sozinhas para a faculdade, Cristiano e Rafael faziam o estágio supervisionado e iam apenas para o encontro com o orientador do TCC, somente uma ou duas vezes na semana. Ter como tema a intoxicação dos cavalos mexeu extremamente com o emocional de Cristiano. Jhenny chegou a conversar com Rafael para que mudassem de assunto, pois ficar indo ao haras e voltar nos detalhes da história o abalavam. Rafael concordou, mas Cristiano insistiu que daria conta, foi um erro.

A casa dos dois ficou pronta, faltava pouco mais de um mês para o casamento e Cristiano estava frustrado pois queria mobiliar como eles haviam imaginado, mas o dinheiro era curto. Outra frustração era não ter a lua de mel que ele havia planejado, a viagem seria um presente da família, mas obviamente não era mais para Fernando de Noronha.

Jhenny pouco se importava com essas questões, ela só queria estar com ele, mas estava cada vez mais difícil superar suas crises, ele não se tratava e não aceitava que precisava de ajuda.

Manuela e Felipe viviam num mar de rosas, ele era carinhoso, atencioso e se entregou de corpo e alma para ela. Os dois não moravam juntos, não na teoria, de vez em quando Manuela voltava para casa, para ficar ao lado de Jhenny quando Cristiano tinha seus momentos de crise.

O mês de agosto voou, chegaram em setembro, o mês do tão sonhado casamento, mas Jhenny estava triste pois não sentia a mesma empolgação por parte de Cristiano.

- Amor, estou indo com nossas mães escolher alguns móveis, você não quer ir? - Jhenny convidou.

- Hoje não amor, pode ir, confio no seu gosto. Vai ficar lindo! Precisa do cartão?

- Não, será presente da nossa família. O que faltar nos vemos depois.

- Tudo bem!

Antes de sair, Jhenny parou e se virou para olhá-lo.

- Você não quer mais casar, não é?

- Eu quero muito, eu quero você, só não quero que seja infeliz por minha causa!

- Eu não sou infeliz com você, eu fico infeliz te vendo triste, mas isso é algo que você poderia evitar!

- Com remédio, amor? Existe remédio pra tristeza agora? Se fosse assim todo o mundo andaria sorrindo por aí...

- Não é isso, depressão é uma doença e você precisa se tratar!

- Depressão é frescura e eu não tenho nada disso, só estou triste por tudo que aconteceu, é difícil entender?

- Deve ser por isso que você surta e age feito louco às vezes, devo tratar isso como frescura?

- Está me chamando de louco?

- Não, estou dizendo que você não está bem e não quer reconhecer!

- E você queria que eu tivesse como? Sorrindo depois de ter perdido tudo?

- Você não perdeu tudo, sabe que pode recomeçar!

- Estou tentando, mas está difícil e você não me entende! - Ele começou a chorar. - Nós vamos casar e eu não posso te dar tudo que imaginamos, eu queria que fosse perfeito!

- Vai ser perfeito de acordo com a nossa realidade! Amor, quantas pessoas no mundo casam e são felizes sem riqueza? Dinheiro facilita as coisas, mas não é tudo! Nós teremos tempo para fazer tudo que você sonhou, tenha calma!

O destino dita as regras III - Além da vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora