19. MEMÓRIAS

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No hospital, Cristiano deixou todos intrigados, pois não respondia ninguém, agia como se não ouvisse o que os outros falavam. Sua mãe se levantou após o desmaio e chorava chamando-o.

- Filho, olha pra mim, fala com a mamãe! Ele pode falar, não pode doutor?

- Bom, a válvula que ele está usando na traqueostomia permite vocalização, mas isso depende... - O médico explicava.

- Eu acho que ele está confuso! - Uma enfermeira comentou.

O neurologista correu para ver Cristiano assim que soube que ele havia aberto os olhos.

- Inacreditável! - Ele disse com espanto. - Cristiano, você compreende rapaz?

O médico se aproximou para avaliá-lo, Cristiano ainda não movia os membros e nem a cabeça por completo, apenas os olhos. O neurologista ligou a lanterna para avaliar seus olhos e ele os fechou com aversão à luz. Ele o estimulava e Cristiano demonstrava com expressões que não estava satisfeito.

- Vamos lá rapaz, se você me entende pisque uma vez para sim e duas para não!

Cristiano ficou alguns segundos olhando para o médico como se estivesse processando a informação e piscou uma vez com força.

- Perfeito! - O médico vibrou.

- Filho, olha pra mim, filho! - Anelise o chamou.

- Você sabe quem é essa senhora, Cristiano? - O médico perguntou.

Mais uma vez ele pausou, em seguida analisou a mãe, não havia expressão em seu rosto, ele desviou o olhar.

- Vou repetir, ok? Se sabe quem é ela, pisque uma vez para sim e duas para não!

Cristiano olhou para Anelise por mais um tempo e piscou duas vezes. Nesse momento sua mãe perdeu o chão.

- Ele não sabe quem eu sou, perdeu a memória, é isso? Meu filho não se lembra de nada?

- Isso é absolutamente normal, senhora, acontece até com quem acorda de anestesias, só o tempo dirá se ele vai se lembrar e do que vai se lembrar! Vou levá-lo para realizar alguns exames.

Os médicos levaram Cristiano e Anelise ficou ali, preocupada, ela nem pôde contar que seu filho havia nascido e não adiantaria, afinal ele não deveria se lembrar sequer quem era ele próprio.

Quando os médicos retornaram, Cristiano estava dormindo.

- Ele dormiu de novo? Por que? O que aconteceu? - Anelise se desesperou.

- Tivemos que dopá-lo, ele não se lembra de nada, não se lembra nem mesmo que é. Estava muito agitado, sua pressão e seus batimentos se alteraram.

- Doutor, o senhor acha que isso é definitivo?

- Não! É muito comum pacientes que retornam do coma ou após acidentes traumáticos perderem a memória. A consciência dele não vai voltar assim tão rápido, o cérebro vai retornando as atividades aos poucos, ainda é cedo para prever se ele terá sequelas e quais serão. - O médico explicava. - Um ponto positivo é que ele respondeu nossas perguntas, mesmo que lentamente. Aconselho que toda a família se mobilize em estimular sua memória, sua fala, nós faremos a nossa parte, mas a interação da família nesse momento é de extrema importância!

A equipe médica se retirou e Anelise se aproximou do filho.

- Você vai ficar bem, meu amor!

As horas passaram, Jhenny estava exausta e acabou adormecendo, decidiram não contar para ela que Cristiano não tinha memória, ela precisava se recuperar.

O destino dita as regras III - Além da vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora