15.ESPERANÇA

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Assim os dias foram passando, sem mudanças, sem respostas. Jhenny recebeu uma ligação da faculdade e teve que comparecer na direção. Sua presença causou grande comoção, todos tinham uma palavra de carinho, um ombro amigo, mas as coisas não iam bem.

- Jhenny, sente-se por favor. - Aline pediu.

Jhenny já não sorria, estava sempre séria e abatida, sem falar nada apenas obedeceu.

- Em primeiro lugar, gostaria de dizer que sinto muito pelo ocorrido, entendo que é uma situação difícil e delicada, mas precisamos decidir sua situação na faculdade a partir de agora. Você está com muita faltas, não fez as primeiras provas, e sua bolsa não permite reprovações. Estamos caminhando para o meio do semestre e você está a um passo de perdê-la. Não é de costume nosso correr atrás de aluno, mas eu conheço seu histórico impecável, você não deveria desistir dessa forma. Não seria melhor fazer como o Rafael e trancar? Estou falando isso como amiga, e não como diretora, digo isso pro seu bem!

- Sim! - A única palavra de Jhenny.

- Jhenny... - Aline a olhou penalizada.

Jhenny abaixou a cabeça chorando.

- Eu não dou conta, não aguento mais, eu dava tudo pra estar no lugar dele!

Ela desabou, a diretora buscou um copo de água e tentou acalmá-la.

- Não fique assim, você veio sozinha?

- Vim com o Rafael e a Dani...

- Vou chamar eles!

Danielly e Rafael entraram na sala e tentaram confortá-la.

- Ela perdeu a bolsa? - Rafael perguntou preocupado.

- Não, mas está perto, apenas sugeri que ela trancasse a matrícula. - Aline explicou.

- Você quer trancar amiga? Eu tranco a minha também! - Danielly propôs.

- Eu não sei, eu... - Jhenny parecia desorientada.

- Gatinha, olha pra mim! - Rafael se ajoelhou de frente para a cadeira onde ela estava sentada, lágrimas escorriam igualmente dos olhos dele. - Eu sei que está sendo muito difícil, está doendo muito em mim também, sinto muita falta dele. Eu tranquei porque ainda tenho fé que ele vai superar, ainda acredito que vamos nos formar juntos! - Ele pausou para conter o choro. - Mas quando vocês se conheceram, ele me disse com os olhos brilhando que você tinha um sonho e essa faculdade era a realização dele...

- Rafinha, eu...

- Me escuta, ele não vai ficar feliz em saber que você desistiu por causa dele, que você se deixou abater desse jeito. Ele sempre me disse que se mantinha firme após tudo que aconteceu, por que você dava força pra ele, ele confessou que se não fosse por você ele já teria feito uma besteira. Continue sendo essa força, não desista, e não me refiro somente a faculdade, me refiro a sua vida! Não desista, por ele!

Até a coordenadora chorou nesse momento, e Dani acrescentou.

- Quando eu perdi o meu filho, você esteve do meu lado, você disse que Deus escreve certo por linhas tortas e que nem sempre entenderemos a vontade dele, mas que ainda assim, temos que permanecer firmes, e ter fé que ele sempre faz o que é melhor pra nós. Na época eu questionei muito, eu duvidei de Deus por ele não ter me ouvido, por não ter feito a minha vontade, mas depois eu entendi, meu filho estava sofrendo e ele ia passar anos na UTI, nunca teria uma vida normal se sobrevivesse. Quando o Rafa pediu que ele fosse poupado de sofrimento Deus atendeu! Deus escolheu o melhor e como você disse, era estar do lado dele lá no céu. Jhen, de todos nós você sempre teve a maior fé, sempre foi a mais otimista, cadê a Jhenny forte que eu conheci?

O destino dita as regras III - Além da vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora