17. PROGRESSO

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Alguns dias se passaram e Jhenny foi na audiência de conciliação, negando o acordo que a empresa fornecedora da ração ofereceu, ela estava decidida a ir até o fim do processo.

A caminhonete de Cristiano havia sofrido perda total, e Jhenny recebeu da seguradora a quantia referente ao valor de tabela do carro.

- Rafinha, pode me ajudar a comprar outra igual?

- Quer um conselho, Jhen? Compra um carro mais simples pra você usar, e guarda o resto do dinheiro.

- Não Rafa, quando o Cris acordar quero que o carro dele esteja em casa, do jeito que era!

- Gatinha...

Rafael já não acreditava na recuperação de Cristiano, em sua cabeça se ele viesse a acordar teria sequelas irreparáveis e jamais voltaria a ser quem era. Na verdade era isso que todos pensavam e aos poucos todos iam se acostumando. O desejo de tê-lo de volta existia, mas no fundo já tinham perdido as esperanças, exceto Jhenny, ela ainda acreditava fielmente que ele voltaria.

- Rafa, não é justo gastar o dinheiro dele!

- Faz o que eu estou te falando, quando o Cris acordar compra outro, talvez ele até queira um carro diferente, né?

- Eu não sei... - Jhenny abaixou a cabeça sentida.

- Vamos resolver isso logo, ficar sem carro é muito ruim, ainda mais pra você com essa rotina louca.

- Manu deixou o dela comigo, eles estão usando o do Felipe, não tenho tanta pressa, vamos esperar mais um pouco!

Mais um mês se passou, entraram no mês de dezembro, o fim daquele semestre já estava próximo e Jhenny estava exausta. Ela seguia incansavelmente a mesma rotina, da faculdade para o hospital e do hospital para a faculdade, e só aceitava ficar longe de Cristiano se outra pessoa ficasse.

Os dias foram passando, os enjoos decorrentes da gravidez foram diminuindo e apesar de tudo, Jhenny tinha uma gestação tranquila. Quando entrou de férias, ela passou a ficar dia e noite com Cristiano, naquele final de ano ninguém fez festa, ninguém quis comemorar, aquele ano tinha sido terrível para todos, um ano repleto de dor e perdas irreparáveis. Jhenny passou o natal sozinha com ele no hospital, diante de tudo, naquele dia, ela só conseguia pedir a Deus que realizasse um milagre.

O ano virou e todos desejavam que fosse a chance de um recomeço. Danielly e Rafael realizaram o casamento no civil ainda no início de janeiro, sem festas ou comemorações. Os pais de Cristiano andavam sempre tristes pelos cantos, a casa sempre vazia e silenciosa causava dor.

Aos poucos todos foram se acomodando com a situação, visitavam Cristiano com frequência, mas já não esperavam um progresso e Jhenny foi perdendo as esperanças.

- Amor, se você estiver me ouvindo quero que saiba que você ainda é tudo pra mim... Às vezes eu acho que estou te prendendo aqui, que você está se esforçando para se manter vivo e eu não quero ser egoísta, meu amor, não quero te forçar a ficar...

Jhenny pegou a mão de Cristiano e colocou em sua barriga, seu choro era intenso e doloroso, cheio de saudade.

- Seu filho vai saber que o seu pai era um grande homem, meio louco as vezes. - Ela riu. - Mas uma pessoa incrível, de coração gigante e vai saber que ele foi muito desejado e amado por você! Se você quiser partir, pode ir meu amor, se quiser descansar eu vou entender, você será eterno aqui... - Ela levou a mão dele até seu coração. - Até o dia do meu último suspiro.

Jhenny se abalou muito e começou a se sentir mal, sentia calafrios e seu corpo estremeceu, suas pernas perderam as forças e ela sentiu que ia desfalecer.

O destino dita as regras III - Além da vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora