CAPÍTULO 29

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- Quero dizer que fui presa pela falta de opções e pelo desespero momentâneo. - Ela disse.

- Conta para mim? - Stéfani perguntou e Mirella assentiu. Desde sempre Stéfani a fazia desejar compartilhar sua vida e seus pensamentos com ela. Algo na garota era simplesmente cativante aos seus olhos. Aliás, algo não, tudo nela era cativante aos seus olhos.

- Meu avô voltou a ter tosses fortes e a cuspir sangue, o que fez eu me desesperar por dinheiro. Tentei de tudo, inclusive pedi em redes sociais, mais era um valor muito alto, nem se eu trabalhasse anos conseguiria.

- Você... roubou? - Stéfani indagou e Mirella suspirou.

- Começou a aparecer uns babacas oferecendo dinheiro para transar comigo e aquilo me deu muita raiva. Quem faria aquilo? Eu disse que meu avô estava morrendo e eles me tratando como prostituta, então passei o número da conta para eles e disse que iria. Trocamos mensagens e enviei fotos de mulheres nuas que achei na Internet para enganar que era eu. Eu estava com raiva... Desesperada. - Mirella disse com mágoa na voz antes de umedecer os lábios. - Eles mandaram na minha conta o dinheiro e eu bloqueei eles e vi que o dinheiro vinha fácil. Era de mil dólares para cima, então comecei a fazer isso sempre.

- Sabe que é compreensível na hora do desespero, não é? - Stéfani disse ao ver o auto-desprezo no olhar de Mirella. 

- Não, Stéfani, não é. - A morena disse sentindo sua garganta se fechar. - Faltava tão pouco dinheiro, tão pouco... Mas ninguém mais mandou dinheiro em minha conta e acabei marcando encontro com um deles. Eu o embebedei muito e furtei seu relógio, que eu sabia que valia a quantia que faltava. - Ela riu com desgosto. - Fui presa por furto e, com as acusações em meu nome, adicionaram a pena de estelionato.

- Eu sinto muito. - Stéfani disse e Mirella negou com a cabeça.

- Não sinta. Fui estúpida e acabei tendo todo o dinheiro congelado, o que resultou na morte do meu avô assim que eu fui presa. - Ela falou com pesar. - Ele morreu com a imagem de uma maldita neta criminosa.

- Mirella, não! - Stéfani disse, levando uma mão ao seu rosto. - Não pense assim, por favor. - Pediu. Ela estava odiando ver a mais nova se sentir daquela forma. - Aposto que ele sempre se orgulhou muito de você e deve ter imaginado que você queria o dinheiro. Ele te conhecia... - Os olhos castanhos se focaram nos verdes e mesmo na penumbra do local elas se viam nitidamente.

- Você acha? - Mirella indagou. - Eu nunca tive a chance de explicar. Eu...

- Ele sabia. Tenho certeza. - Stéfani disse, se aconchegando mais nos braços de Mirella. - Eu, que te conheço há pouco, saberia, imagina seu avô que com certeza viu seu esforço por ele ao longo dos anos. - A morena suspirou e apoiou sua testa na de Stéfani, fechando os olhos ao sentir a carícia da loira em seu rosto.

- Eu fui liberada para ir no enterro dele. - Mirella disse baixinho. - Fui algemada, mas estive lá. Pedi perdão... Espero que ele tenha me perdoado.

- Ele não tem do que te perdoar, amor. - Stéfani sussurrou, fazendo Mirella abrir os olhos ao ouvir a loira proferir aquela palavra. - Aposto que se ele pudesse, ele te agradeceria por colocar a vida dele acima de todo o resto e lutar por ele.

- Obrigada. - Mirella disse, dando um meio sorriso. - Eu acho que quero te beijar... - Ela sussurrou e Stéfani sorriu.

- Só acha? - Stéfani perguntou, deixando um bico manhoso enfeitar seus lábios. A morena sorriu abertamente. 

- Eu tenho certeza de que quero te beijar. - Mirella corrigiu.

- Está esperando o quê? - Stéfani indagou e Mirella sorriu, se inclinando para capturar os lábios macios da loira entre os seus. Stéfani riu entre o beijo ao sentir Mirella mordiscar seu lábio inferior e levou sua mão até a cintura de Mirella, apertando-a.

- Eu passaria o resto da vida com você assim... - Mirella falou com a voz meio abafada e Stéfani suspirou.

- Não entendo como você é a líder disso aqui... - Stéfani disse e Mirella riu.

- Quando eu te contar você não vai acreditar. - Ela falou, descendo beijos pelo pescoço da loira, que arfou e fechou os olhos.

- Você disse "Quando"? Isso quer dizer que vai me contar? - Stéfani perguntou e retesou os músculos do abdômen quando as mãos de Mirella adentraram sua camisa e acariciaram a região.

- Sim... Não vou te esconder mais nada. - Mirella falou, sentindo Stéfani segurar sua mão, que migrava para seus seios.

- Então me conta agora, Mirella... - Stéfani pediu com a voz dengosa e Mirella franziu o cenho.

- Agora? Não podemos transar rapidinho antes? - A morena perguntou e Stéfani sentiu seu centro avisar que ela estava excitada.

- Eu adoraria, mas quero saber. - Stéfani falou com muito esforço e a morena negou.

- Preciso conversar com alguém antes... - Mirella disse e Stéfani franziu o cenho. - Mas juro que vou te contar.

- Não pode dizer nem uma prévia? - Stéfani perguntou mordendo o lábio inferior e Mirella riu.

- Não seja curiosa, eu te direi, mas não agora. - Ela avisou e Stéfani entortou o canto dos lábios. - Vamos lá, não faça essa cara. Vou confiar em você mais do que em qualquer pessoa nessa prisão.

- Até mais que em Thabata? - Stéfani indagou confusa.

- Sim. Ela não sabe por que vim presa. Não gosto de falar disso. - Mirella informou e Stéfani assentiu, envolvendo os braços ao redor do pescoço de Mirella. 

- Então acho que vou aceitar a proposta de transarmos... - Stéfani murmurou. - Mas nada de rapidinho não. Quero fazer amor com você por horas... - Sussurrou contra os lábios da mais nova. 

- Fazer amor, hm? - Mirella indagou alegre e Stéfani assentiu.

- Sim... Quero transar com carinho... - Ela murmurou e Mirella sentiu sua respiração acelerar ao ouvir o tom de voz de Stéfani. 

Ela engoliu em seco e apenas assentiu, afundando sua língua na de Stéfani com paixão e lentidão, sentindo seu coração bater não só descompassado, senão feliz também.

Estava com quem queria e, apesar de estar presa, vivia finalmente um momento feliz em sua miserável vida.

PRESA POR ACASOOnde histórias criam vida. Descubra agora