PENÚLTIMO CAPÍTULO
Capítulo 12 – Naquela Noite.
Park Jimin On
Ouvir ele.
Ouvir ele.
Ouvir ele.
Como se fosse fácil ouvir ele.
Eu nem se quer sabia se eu queria ouvir ele.
Ouvir ele me parecia a coisa mais difícil do mundo agora.
Ele poderia dizer qualquer coisa. Poderia dizer que a gente errou. Podia dizer que a culpa era minha. Podia dizer que deveríamos esquecer. Podia dizer que a gente... que a gente... que a gente fez amor e que foi a melhor noite da minha vida.
Quando ele entrou no quarto, olhando pra baixo, tinha um semblante frustrado e cansado. Jogou o celular na escrivaninha e passou as mãos pelo cabelo, como se algo o atormentasse. Eu estava sentado na sua cama, sem ser notado até então, mas seu olhar levantou e pelo espelho na sua frente, ele viu meu reflexo o observando.
– Jimin? O que tá fazendo aqui? – Ele disse afobado ao se virar. Ele claramente não esperava me ver no quarto dele, mas Bo-ah acreditava que eu precisava ouvir ele e mesmo com medo do que poderia sair daquela conversa, eu sabia que não podia fugir pra sempre.
O quarto dele era perfeitamente arrumado, bem diferente do meu, o que reforçava a ideia de que Jungkook se escondia e se reprimia, buscando uma aprovação que já era dele, sem o menor esforço. Só ele não notava isso.
Ele tropeçou no próprio pé, na tentativa de se aproximar e enquanto eu perdia as forças de tanto rir, ele trancou a porta comigo lá dentro.
Eu me recuperei do meu ataque ao mesmo tempo em que ele se aproximava, segurando o riso e nem um pouco bravo por ter um idiota rindo da cara dele. Ele realmente era um ser evoluído.
– O que tá fazendo aqui? Eu tava te procurando. Você saiu com a Bo-ah e não voltou mais. – Ele disse se sentando na cama, ao meu lado de frente pra mim. – Você não tava no seu quarto. Eu fiquei preocupado.
– Eu tava pensando. – Disse tentando organizar meus próprios pensamentos. Eu deveria ouvir ele, mas não sabia por onde começar. – Eu conversei com a Bo-ah e ela... Ela me disse coisas. – Eu disse apreensivo e ele pareceu notar.
– Que coisas? – Ele questionou em choque. – É alguma coisa séria?
– Bem... Eu não sei. – Disse tentando parecer tranquilo. – Você considera seu termino ou a noite passada um assunto sério?
– Wow. Ela sabe? – Ele questionou se aproximando mais e pegando na minha mão, que estava sobre a cama e a trazendo para a sua perna. – Ela falou algo ruim pra você? – O tom de preocupação na sua voz acelerou meu coração e eu neguei com a cabeça. – Então o que foi? Você tá com um olhar nervoso, eu to ficando assustado, Jimin. Qual é o problema?
– Ela disse que eu devia ouvir você. – Eu disse e ele parou me encarando. – Disse que eu deveria deixar você falar o que pensa.
– É com isso que você tá preocupado? – Ele disse me encarando nos olhos.
– Eu não sei. Meio que sim. – Olhei em seus olhos de volta. – Você tava tão assustado. Com medo da reação dela e da Seulgi. Eu me desesperei e falei na sua frente, porque não sabia se estava pronto para ouvir o que você tinha a dizer e agora eu to assustado, porque ainda não to pronto, mas preciso ouvir.
– Eu não queria que ela soubesse dessa forma. – Ele disse com um olhar assustado e eu senti minha respiração parar. – Ela deve pensar que eu sou um canalha. Droga. – Ele resmungou pensativo.
– O que?
– Eu devia ter contado antes. Ter terminado antes. – Ele se culpou. – Eu sou tão burro.
– Do que você tá falando? – Eu questionei meio perdido.
– Eu devia ter terminado no segundo em que botei meus olhos em você, mas eu achei que conseguia evitar. Que conseguia segurar dentro de mim. – Ele disse negando com a cabeça. – Eu subestimei tudo isso. Subestimei nos dois. E quando me dei conta... eu já estava... – Ele tomou folego como se fosse difícil dizer.
– Dentro de mim? – Tentei completar e ele riu de mim negando com a cabeça.
– Apaixonado. Eu ia dizer apaixonado. – Eu me senti corar. Porque eu não esperava palavras fofas e uma declaração como aquela. – Eu fiquei assustado, porque não queria ser o tipo de homem que trai. Eu quero fazer as coisas direito, Jimin. E o que fizemos... não tem explicação.
– Não tem. – Eu concordei. – Agimos como dois animais, não foi? – Eu ri. – Agimos pelo impulso, sem razão. – Eu abaixei a cabeça enquanto mordia meu lábio em apreensão.
– É. Eu não consigo ser muito racional quando eu olho pra você. – Ele riu apertado minha mão e as observando junto. – Acho que foi isso que faltou na Seulgi. – Ele analisou acariciando minha mão. – Quando eu to do lado dela... Não é assim. Eu não me sinto assim. Não sinto como se precisasse dela pra respirar. Não me sinto como um animal irracional. Eu só... não sinto o que eu sinto com você.
– Vai mesmo terminar com ela? – Questionei inseguro, querendo mais do que tudo que a resposta fosse positiva. – É o relacionamento de uma vida toda.
– Eu passei tempo demais do lado da pessoa errada. – Ele admitiu me puxando pra perto. – Não vou mais cometer esse erro. – Ele sorriu analisando meu rosto. – Quando você disse que foi coisa do momento e um erro. Eu pensei que talvez você realmente pensasse aquilo, mas depois percebi que você estava tão preocupado e culpado quanto eu. – Ele disse sorrindo de lado enquanto se aproximava. – Que talvez seus medos fossem os mesmos que os meus e que no final, estivéssemos tentando evitar o inevitável.
– E o que seria inevitável? – Eu disse nervoso, sentindo sua respiração contra a minha.
– Nós. Nós somos inevitáveis. – Seus lábios se colaram nos meus e eu senti minhas pernas fraquejarem, meus músculos derreterem. Porque eu queria aquilo também.
No meio daquela noite, enquanto eu dormia nos braços deles, percebi que era isso. Ele havia tomado a decisão dele e que parte dela, era pensando em mim. Eu não sabia como me sentia ao ter essa informação, mas a parte egoísta dentro de mim, a parte que queria ele acima de tudo, a parte que queria tirar Seulgi de perto, aquela parte parecia imensamente feliz por tudo aquilo e eu me permiti concordar com ela e silencia a parte que dizia ser um erro, que ele iria se arrepender.
Porque a parte egoísta estava feliz e eu não queria perder aquele momento, com medo do que poderia ser um dia. Poderia não dar certo, mas tudo na vida era assim e eu não ia perder meu tempo de felicidade pensando no que poderia ou não dar certo.
No meio daquela noite, meu telefone ligou, mas eu não atendi.
No meio daquela noite, Jackson Wang encontrou minha mãe.
No meio daquela noite, Jinhun não me encontrou no meu quarto.
No meio daquela noite, Bo-ah descobriu que a mulher que havia me tirado dela, estava na sua sala, a esperando.
No meio daquela noite, eu não só consegui acalmar meu coração, como consegui minha mãe de volta.
No meio daquela noite, tudo se encaixou como deveria ser.
E naquela noite, enquanto eu dormia nos seus braços, com medo do futuro,ele se tornou o presente e de repente, eu não tinha mais nada a temer.
VOCÊ ESTÁ LENDO
LOST BOY - Jikook
Fanfiction| Tentativa de Comédia Dramática | Park Jimin On Eu sempre fui feliz. Eu tinha uma mãe carinhosa e um irmãozinho imperativo. O que mais eu poderia pedir? Claro que quando a cantora Kwon Bo-ah bateu na minha porta alegando ser minha verdadeira mã...