☾︎☆𝕂𝕚𝕣𝕚𝕤𝕙𝕚𝕞𝕒☆☽︎

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Minha família entrou em êxtase ao saber que eu carregaria o legado de meu tataravô, não estavam prontos para saber quem em minha geração carregaria "A maldição do eclipse".

De alguma forma eu já pressentia que carregaria esse fardo, mesmo que não houvesse uma forma correta de saber quem seria, eu apenas sentia, era como se já estivesse escrito.

Para piorar minha mãe não sabia como reagir a isso, então em qualquer lugar onde nós estivéssemos juntos o clima ficaria tenso, e era o que estava prestes a acontecer pois eu sou o mais velho em minha família e tenho que ajudar em casa já que não consegui emprego mais uma vez, e para variar, ainda moro na casa dela.

Durante o jantar, ninguém quis se pronunciar, até que eu me levantei, pois já havia terminado e não havia motivos para continuar naquele lugar onde o ar era tão denso que era quase impossível respirar.

- 𝖮 𝗊𝗎𝖾 𝗏𝗈𝖼𝖾̂ 𝖿𝖺𝗋𝖺́ 𝖺𝗀𝗈𝗋𝖺? - perguntou minha mãe sem olhar para mim.

Eu sabia que era duro para ela saber que seu primogênito estava amaldiçoado,mas mesmo assim, eu continuava sendo eu, e uma maldição não pode ser transmitida através do olhar, e mesmo que podesse eu não faria nem com ela, nem com ninguém. Queria que ela se lembrasse disso e me olhasse diretamente, porém ela continuou encarando seu prato ainda cheio.

- 𝖤𝗎 𝗇𝖺̃𝗈 𝗌𝖾𝗂, 𝗆𝖺𝗌 𝗇𝖺̃𝗈 𝗉𝗋𝖾𝗋𝖾𝗇𝖽𝗈 𝖿𝗂𝖼𝖺𝗋 𝗉𝗈𝗋 𝖺𝗊𝗎𝗂.

- 𝖯𝖺𝗋𝖺 𝗈𝗇𝖽𝖾 𝗏𝗈𝖼𝖾̂ 𝗏𝖺𝗂? - dessa vez foi meu pai quem falou, ele conseguiu olhar em meus olhos - 𝖾𝗎 𝗇𝖺̃𝗈 𝖺𝖼𝗁𝗈 𝗊𝗎𝖾 𝗌𝖾𝗃𝖺 𝗎𝗆𝖺 𝖻𝗈𝖺 𝗂𝖽𝖾́𝗂𝖺 𝗏𝗈𝖼𝖾̂ 𝗂𝗋 𝗉𝖺𝗋𝖺 𝗊𝗎𝖺𝗅𝗊𝗎𝖾𝗋 𝗅𝗎𝗀𝖺𝗋 𝖺𝗀𝗈𝗋𝖺.

- 𝖯𝖺𝗂, 𝗆𝖺𝗌 𝗇𝗎𝗇𝖼𝖺 𝗏𝖺𝗂 𝗌𝖾𝗋 𝗎𝗆𝖺 𝖻𝗈𝖺 𝗁𝗈𝗋𝖺, - disse calmamente por mais que eles me olhassem de uma forma que qualquer qualquer um choraria- 𝗎𝗆𝖺 𝗁𝗈𝗋𝖺 𝗈𝗎 𝗈𝗎𝗍𝗋𝖺 𝖾𝗎 𝗍𝖾𝗋𝖾𝗂 𝖽𝖾 𝗂𝗋 𝖾𝗆𝖻𝗈𝗋𝖺, 𝗇𝖺̃𝗈 𝗉𝗈𝗌𝗌𝗈 𝖿𝗂𝖼𝖺𝗋 𝖺𝗊𝗎𝗂 𝗉𝖺𝗋𝖺 𝗌𝖾𝗆𝗉𝗋𝖾.

- 𝖬𝖺𝗌 𝖾 𝖺 𝗆𝖺𝗅𝖽𝗂𝖼̧𝖺̃𝗈? - perguntou minha mãe

Sobre isso eu não sabia como tranquiliza-lá, apesar que isso não me preocupava.

- 𝖤𝗎 𝗏𝖾𝗃𝗈 𝗏𝗈𝖼𝖾̂𝗌 𝖿𝖺𝗅𝖺𝗋𝖾𝗆 𝖽𝖾𝗌𝗌𝖺 𝗆𝖺𝗅𝖽𝗂𝖼̧𝖺̃𝗈 𝖼𝗈𝗆𝗈 𝗌𝖾 𝖿𝗈𝗌𝗌𝖾 𝗎𝗆𝖺 𝖽𝗈𝖾𝗇𝖼̧𝖺 𝗆𝗈𝗋𝗍𝖺𝗅, 𝗆𝖺𝗌 𝗈 𝗊𝗎𝖾 𝗍𝖾𝗆 𝖽𝖾 𝗆𝖺𝗂𝗌 𝗌𝖾 𝖺𝗉𝖺𝗂𝗑𝗈𝗇𝖺𝗋 𝖾 𝗇𝖺̃𝗈 𝗌𝖾𝗋 𝖼𝗈𝗋𝗋𝖾𝗌𝗉𝗈𝗇𝖽𝗂𝖽𝗈? - perguntou meu irmão.

- 𝖵𝗈𝖼𝖾̂ 𝗇𝖺̃𝗈 𝖾𝗇𝗍𝖾𝗇𝖽𝖾𝗋𝗂𝖺 𝗏𝗈𝖼𝖾̂ 𝖾́ 𝗆𝗎𝗂𝗍𝗈 𝗇𝗈𝗏𝗈. - falou minha mãe

- 𝖤𝗅𝖾 𝖾́ 𝗆𝖺𝗂𝗌 𝗇𝗈𝗏𝗈 𝗊𝗎𝖾 𝖾𝗎 𝖺𝗉𝖾𝗇𝖺𝗌 𝗎𝗆 𝖺𝗇𝗈 𝗆𝖺̃𝖾.

Sabia que as coisas priorariam se meu irmão se envolvesse, mas já estava na hora de tratar ele de acordo com a sua idade.

- 𝗆𝖺𝗌 𝖾𝗅𝖾 𝗇𝖺̃𝗈 𝗍𝖾𝗆 𝗇𝖺𝖽𝖺 𝗁𝖺𝗏𝖾𝗋 𝖼𝗈𝗆 𝗂𝗌𝗌𝗈.

- 𝖾́ 𝖼𝗅𝖺𝗋𝗈 𝗊𝗎𝖾 𝗍𝖾𝗆, 𝖾𝗅𝖾 𝖾́ 𝗆𝖾𝗎 𝗂𝗋𝗆𝖺̃𝗈 𝖾 𝗆𝖾𝗌𝗆𝗈 𝗊𝗎𝖾 𝖺 𝗀𝖾𝗇𝗍𝖾 𝖻𝗋𝗂𝗀𝗎𝖾 𝗇𝖺̃𝗈 𝖽𝖾𝗂𝗑𝖺𝗆𝗈𝗌 𝖽𝖾 𝗇𝗈𝗌 𝗉𝗋𝖾𝗈𝖼𝗎𝗉𝖺𝗋 𝗎𝗆 𝖼𝗈𝗆 𝗈 𝗈𝗎𝗍𝗋𝗈, - minha paciência já estava acabando, e eu não queria me descontrolar - 𝖮𝗅𝗁𝖺 𝖾𝗎 𝗇𝗎𝗇𝖼𝖺 𝗊𝗎𝗂𝗌 𝖾𝗌𝗌𝖺 𝗆𝖺𝗅𝖽𝗂𝖼̧𝖺̃𝗈, 𝗆𝖺𝗌 𝗌𝖾 𝖾𝗎 𝗍𝖾𝗇𝗁𝗈 𝗊𝗎𝖾 𝖿𝗂𝖼𝖺𝗋 𝖼𝗈𝗆 𝖾𝗅𝖺 𝗉𝖺𝗋𝖺 𝗊𝗎𝖾 𝖾𝗅𝖺 𝗇𝖺̃𝗈 𝗌𝖾𝗃𝖺 𝖽𝖾𝗅𝖾, 𝖾𝗎 𝗏𝗈𝗎 𝖺𝖼𝖾𝗂𝗍𝖺𝗋 𝖾𝗅𝖺 𝖽𝖾 𝖻𝗈𝗆 𝗀𝗋𝖺𝖽𝗈. 𝖤 𝖾𝗎 𝗏𝗈𝗎 𝖺𝗉𝗋𝗈𝗏𝖾𝗂𝗍𝖺𝗋 𝖾𝗌𝗌𝖺 𝖽𝖾𝗌𝖼𝗎𝗅𝗉𝖺 𝗉𝖺𝗋𝖺 𝗉𝗈𝖽𝖾𝗋 𝗏𝗂𝖺𝗃𝖺𝗋, 𝗌𝖾𝗂 𝗅𝖺́, 𝖿𝖺𝗓𝖾𝗋 𝗎𝗆 𝗂𝗇𝗍𝖾𝗋𝖼𝖺̂𝗆𝖻𝗂𝗈 𝗍𝖺𝗅𝗏𝖾̂𝗓, 𝗌𝗈́ 𝗇𝖺̃𝗈 𝗏𝗈𝗎 𝖿i𝖼𝖺𝗋 𝖺𝗊𝗎𝗂.

Ao dizer isso sai, e fui direto para o meu quarto. Ele ficava no final do corredor do primeiro andar, assim que passei pela porta eu à bati com força, por que talvez assim eles me deixassem em paz por um tempo. Para aproveitar o tempo em que ficaria só, aproveitei para poder pesquisar lugares onde eu poderia ir, já que não pretendia ficar mais ali. Com toda certeza não iria abrir mão dos meus estudos, não sou o ser mais inteligente do mundo, mas vamos se dizer que estou um pouquinho acima da média.

Vários sites se abriram, um lugar mais bonito que o outro, porém, eu não havia como pagar por esses lugar, até que um site simples onde havia vagas de inscrição, para estudar em um lugar longe o suficiente da minha casa para atrair minha atenção - uma escola para pessoas especiais. Portanto, os alojamentos eram mistos, e teriam de ser compratilhados por três alunos, e se eu acabasse dividindo o quarto com o meu Sol, minha alma gêmea, e acima de tudo, o outro pedaço da maldição.

Mesmo que esses pensamentos me assustassem, eu resolvi fazer a inscrição, e sem mais nada o que fazer, tomei um banho, que eu consideraria o banho mais demorado da história , mas não por que estava sujo demais, mas sim porque havia aparecido a Lua em meu peito esquerdo - marca de minha maldição - algo que nunca esteve lá antes, e até meus cabelos que antes eram mais escuros que à noite, agora tingido de vermelho parecia combinar tanto com meus olhos quanto com a marca, e por incrível que pareça eu até que achei bonito. Após me secar e colocar meu pijama, cai em minha cama e me arrastei para a calma do mundo dos sonhos, mas não foi tão calmo assim.

Em meu sonho havia um garoto louro, de olhos vermelhos, e um sorriso travesso que encantaria qualquer um, ele estava deitado em uma cama, cujo a colcha era tão escura que até parecia que ele estava coberto pela escuridão do universo. Apesar de ser noite, o quarto brilhava como se o próprio Sol estivesse lá, e toda essa claridade irradiava do garoto, que murmurava um verso que eu tanto conhecia.

- 𝓐𝔰𝔰𝔦𝔪 𝔠𝔬𝔪𝔬 𝔞 𝔩𝔲𝔞 𝔢 𝔬 𝔰𝔬𝔩 𝔳𝔬𝔠𝔢̂𝔰 𝔰𝔢𝔯𝔞𝔪 𝔞𝔭𝔞𝔦𝔵𝔬𝔫𝔞𝔡𝔬𝔰, 𝔭𝔬𝔯𝔱𝔞𝔫𝔱𝔬, 𝔭𝔬𝔡𝔢𝔯𝔞𝔪 𝔰𝔢𝔯 𝔰𝔢𝔭𝔞𝔯𝔞𝔡𝔬𝔰, 𝔪𝔞𝔰 𝔦𝔰𝔰𝔬 𝔡𝔢𝔭𝔢𝔫𝔡𝔢𝔯𝔞́ 𝔡𝔢 𝔳𝔬𝔠𝔢̂𝔰.
𝓐𝔬 𝔰𝔢 𝔰𝔢𝔭𝔞𝔯𝔞𝔯𝔢𝔪, 𝔞 𝔩𝔲𝔞 𝔠𝔬𝔫𝔤𝔢𝔩𝔞𝔯𝔞́ 𝔭𝔢𝔩𝔞 𝔢𝔱𝔢𝔯𝔫𝔦𝔡𝔞𝔡𝔢, 𝔬 𝔰𝔬𝔩 𝔮𝔲𝔢𝔦𝔪𝔞𝔯𝔞 𝔢𝔪 𝔱𝔯𝔦𝔰𝔱𝔢𝔷𝔞, 𝔢 𝔫𝔢𝔪 𝔪𝔢𝔰𝔪𝔬 𝔰𝔲𝔞 𝔤𝔯𝔞𝔫𝔡𝔢 𝔣𝔬𝔯𝔠̧𝔞 𝔢 𝔟𝔢𝔩𝔢𝔷𝔞, 𝔣𝔞𝔯𝔞́ 𝔠𝔬𝔪 𝔮𝔲𝔢 𝔢𝔰𝔮𝔲𝔢𝔠̧𝔞 𝔬 𝔅𝔢𝔦𝔧𝔬 𝔮𝔲𝔢 𝔰𝔲𝔞 𝔞𝔩𝔪𝔞 𝔡𝔢𝔰𝔢𝔧𝔞.

Esses eram os versos da Maldição, eu levantei com um pulo, e por mais que eu tentasse pensar, eu não conhecia esse garoto, e isso não importava já que de toda forma eu não conseguiria pensar em nada naquela hora, até por que quando me dei conta estava mergulhado em uma nova noite sem sonhos.

𝓐 𝓜𝓪𝓵𝓭𝓲𝓬̧𝓪̃𝓸 𝓓𝓸 𝓔𝓬𝓵𝓲𝓹𝓼𝓮Onde histórias criam vida. Descubra agora