Ponto de Vista Liana
- Estou preocupada com a Van.
Falo quando encosto a cabeça no ombro de James que está vendo algo na televisão.
- Por que meu amor?
- Ela foi em casa buscar umas coisas, e além de eu ter medo que o João ainda lá esteja, ela hoje veio com uma conversa estranha. - James desvia o olhar da tela da televisão e me olha. - Ela me veio falar do que acontecia se ela tomasse comprimidos com álcool.
James abre mais os olhos como se tivesse entendido o que eu falei.
- Você acha que ela ta pensando em. - abano a cabeça e ele se cala.
- Eu espero que não. - James me abraça mais forte e eu sinto a dor no meu peito aumentar um pouco mais. Depois de alguns minutos, parece que o ar me falta e eu me levanto.
- Lia, estás bem?
- Eu preciso de ir beber água.
Vou até à cozinha onde pego um copo e o encho, mas antes de o levar aos meus lábios, várias batidas na porta me sobressaltam.
- Abram esta merda. - a voz de Oliver está completamente alterada e eu vejo James abrir a porta e quando ele entra, ele vem direito a mim. - Ainda tens a chave da tua casa?
- Que se passa Oliver? - James pergunta quando ele agarra nos meus braços.
- Me responde Lia.
- Sim, sim eu tenho. - ele alivia um pouco as mãos. - Mas qual a razão?
- A Van. - ele pega o celular e me mostra a mensagem que ela lhe mandou. Eu sinto novamente o ar sumir.
- James, ela fez. - sinto uma lágrima cair.
- Lia ela me ligou, se despedindo. - olho para ele, e vejo que ele também chora. - Ela disse que me amava e nada mais.
Quando olho para James, ele já tem as chaves na mão, e pega na minha quase correndo comigo até ao carro. Oliver corre atrás de nós, e em menos de nada, estamos em frente à minha casa. Saio do carro e só peço que não seja tarde demais. As mãos me tremem para abrir a porta, e Oliver retira as chaves da minha mão, e abre a porta. O cenário que eu vejo na minha frente, só me faz abraçar James e esconder a minha face.
- Van. - ouço Oliver falar. - Van por favor, não faz isso. Acorda.
Quando desvio a cara, ele a tem no colo, e a sua cabeça está completamente tombada para o lado. Resquícios de algo branco em sua boca, e os seus lábios a tomarem um tom mais pálido. Oliver coloca a cabeça dela no seu pescoço.
- Vamos para o hospital. - ele fala entre lágrimas e James pega novamente na minha mão, e nos seguimos Oliver que já saiu da casa. Entramos novamente no carro, e James conduz até ao hospital. Ouço Oliver falar com Van, em meio de um choro baixo e o meu aumenta um pouco de volume. Quando James para perto do hospital, Oliver nem o deixa estacionar saindo com Van no colo, e indo até à zona das urgências. Ele entra com ela, e nós o perdemos de vista.
- James, ela. - sinto os seus braços nos meus, enquanto esperamos por alguma notícia.
- Tem calma meu amor, ela é forte. Ela vai sobreviver.
- Eu devia de ter ido com ela, eu não devia de a ter deixado sozinha. Ela tava me pedido ajuda e eu não entendi. - o meu choro torna se mais alto e James me abraça.
- Shh, você não tem culpa de nada.
- Oi. - Oliver aparece e eu sinto uma raiva crescer.
- Você. - me solto do abraço de James e aponto o dedo a ele. - Você foi o culpado disto tudo.
- Lia. - os dois falam ao mesmo tempo.
- Calados. - as lágrimas correm em maior número. - Ela gostava de você seu idiota, e você só a usou para foder.
- Não Lia, não é verdade.
- É sim Oliver. Ela te amava caralho, e quando ela mais precisou de você, você tava lá com a Rita, fazendo sei lá o que. Você sabia a merda que o João foi e era com ela e mesmo assim não foi capaz de a ir apoiar. - James tenta me puxar. - Tava abrindo as pernas da Rita era?
- Chega Lia. - James me puxa e me faz olhar para ele. - Respira, ela vai ficar bem.
- Eu so quero a minha amiga James. - soluço alto e ele me abraça.
- Eu também a amo. - ouço Oliver falar e soluço mais, mesmo abafado pela camiseta de James.
Faço os mesmos passos a cada minuto, pois a espera está a ser torturante. James e Oliver estão sentados, mas eu não consigo, e isso se reflete no meu corpo, que já está quase dolorido de tantos passos que já dei. Eu só quero uma notícia, seja ela qual for. Eu não estou preparada para o pior, mas o aceito se tiver que ser. Paro e elevo o olhar para o céu, e a luz brilha mesmo que não ilumine nada em meu redor, ou então sou eu que não consigo ver o seu brilho.
- Familiares ou acompanhantes de Vânia Lopes?
Quando ouço o seu nome ser falado, eu me aproximo o mais rápido possível do médico e vejo os gêmeos fazerem o mesmo.
- Como ela está? - falo.
- Duas pessoas podem vir comigo.
Olho para eles, e James empurra o irmão para junto de mim. Eu me viro para ele.
- Eu te amo James. - falo sentindo os seus lábios nos meus.
Eu e Oliver acompanhamos o médico que está em silêncio. Eu tenho cada vez mais medo do que ele vai dizer, e acho que Oliver percebe isso, pois a sua mão agarra a minha. Depois de alguns corredores, paramos junto a uma porta.
- Podem entrar. - o médico fala.
- Mas doutor, como ela está? - Oliver fala.
- Entrem, é o melhor.
Eu sinto o meu peito doer, quando a porta se abre e eu a vejo. Com vários fios presos no seu corpo, o mesmo corpo prostrado e quieto. As lágrimas voltam a cair, e eu sinto Oliver soltar a minha mão e se aproximar dela.
- Hei Van. - ele tenta falar alegre mas o choro toma conta dele. - Você não quer revirar os olhos para mim não?
Eu soluço alto, e vejo ele colocar a cabeça junto as mãos dela.
- Eu te amo Van, eu te amo.
Somente o choro se ouve, o meu e o dele. Dela, nem reação.
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The Big Ben // James Phelps
RomanceLiana 20 anos, recém chegada a Inglaterra, no início de um ano civil, em busca do sonho de finalmente trabalhar em Veterinária. Ela deixou em Portugal, família, amigos mas leva na bagagem sonhos. E talvez espaço para um amor.. // História dedicada a...