27. Interferências e Crises...

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Outubro de 2002
Malibu,Califórnia.

Quando as pessoas pensam na Califórnia,lhes vem a mente; luxo, grandiosidade,cor,calor,pessoas bem receptivas e afins. Talvez pela Los Angeles Hollywoodiana,ou a San Diego bem falada,até a Malibu cheia de praias e ostentação. Mas naquela manhã de outubro,em meio ao outono frio e intenso,uma praça próxima a saída da cidade,se encontrava cinzenta,vazia,e melancólica,talvez acompanhando o humor da única mulher que caminhava calma e vagorosamente pelo lugar,com seu filho nos braços.

O sol se fazia presente,mas as nuvens estavam pesadas,escuras,e uma leve neblina acompanhava o ar.

A cacheada vestida em moletons,com suas mechas presas a uma trança mal feita olhava a tudo com atenção,sem sentir nada definidamente.

Desde que se lembrava,ela fora uma criança boba e brincalhona,que sorria para tudo e todos,fazia o possível e o impossível por uma boa torta de mirtilo feita pela sua avó paterna,brigava com a sua irmã pela sua paixão pelo Scott Weinger,finalizava os dias na pequena cidade de Danbury,inventando histórias sobre fadas com o seu pai,e vivia furando os dedos ao tentar costurar com a sua mãe.

E um dia,ao ser convidada para ser âncora no jornal do colégio,a garota descobriu uma nova paixão,o jornalismo. Os roteiros,as câmeras,as fotos,as notícias,as escalações... Gritavam a lar para ela. Aquecia o seu coração.

Então,ao se formar no colegial e engatar numa faculdade ainda em Connecticut, ela decidiu que a Califórnia seria um bom lugar para trabalhar e viver. Com muitos famosos,muitas notícias de primeira,e paisagens que a deixavam verdadeiramente inspirada para se expressar nos textos que escrevia.

E a sua mãe dizia não,e a sua irmã também,e o seu pai? As acompanhava, mas ela sabia,bem lá no fundo,que eles estariam orgulhosos dela independentemente.

Ou não...

Ter filhos nunca esteve nos planos da mulher,ao menos não na casa dos vinte,onde ela só queria se conhecer,se esforçar no trabalho que tanto gostava, viajar,e curtir a sua vida. Já que,quando fosse ter um filho,talvez encontrar alguém legal também,ele pretendia dedicar muito do seu tempo para isso,como os seus pais fizeram com ela e com Angie.

Mas ela se descuidou,ela não foi a mulher responsável que sempre costumava ser,e aconteceu. Ela tinha uma sementinha crescendo dentro de si,e simplesmente não sabia o que fazer.

Então,ela procurou o seu pai,que sempre tinha uma imaginação tão fértil,e a sua mãe,que sempre sabia a corrigir e ajudar. Mas eles... Deixaram de a amar. Triste,literal,e definitivamente. E aquilo... Aquilo a quebrou.

Ao lado de quem amava,ela sentia que poderia aguentar tudo no mundo. E que poderia dar a melhor das vidas para aquele criança. Mas eles não estavam ao seu lado,eles mal a amavam mais. E de repente,o seu ânimo,a sua luz,a sua determinação,independência e força... Se foram. E não pareciam querer voltar.

Então,ela fez o único caminho que se repetia em sua mente. Ela foi até a tal Point ,e lá,teve uma conversa séria e definitiva com um dos maiores engenheiros da Terra,e fez uma bela amizade com uma ruiva que a ajudou com tudo o que aconteceu nos cinco meses e três semanas seguintes.

Mas mesmo conversando com a mulher, mesmo ciente de que aquele criança poderia ter do bom e do melhor,tomando um sol toda as manhãs,indo ao médico corretamente,tomando as suas vitaminas, fazendo os seus exercícios e cuidando de si mesma o máximo possível. O amor que a sua avó,e a sua mãe falavam não veio. Só... A tristeza,a solidão,a falta,a melancolia. E então,a dor,o desespero,a falta de tempo,os quartos bem iluminados,os médicos recitando palavras de conforto,o seu cansaço e... A esperança no fundo de si,de que aquilo acabaria ali para ela.

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