Capítulo 12

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Assim que consegui abrir levemente os meus olhos, me arrependi de imediato ao sentir a luminosidade invadir meu campo de visão. Eu não tenho ideia de onde estou, somente consigo sentir a maciez de um travesseiro em baixo da minha cabeça.

Eu me sentia tonta, minha cabeça doía como se eu tivesse levado uma pancada forte. Um enjoo forte dominava o meu corpo, eu só queria poder voltar a dormir e acordar assim que me sentisse melhor. Eu sentia a sensação de estar estranha, diferente.

Esfreguei minha mão contra o olho, abrindo-o levemente para me acostumar com a luz. Eu estava coberta por um edredom grosso, travesseiros macios ficavam ao meu redor e, ao meu lado, estava ele.

Engoli seco quando vi a fúria em seu olhar, esperava que ele dissesse alguma coisa, qualquer coisa, que quebrasse o silêncio entre nós.

- Bom dia - ele disse finalmente, com seu típico tom de voz seco e rude - Finalmente acordou. Já são quase dez e meia da manhã. - reclamou.

Eu continuei em silêncio sem ter ideia alguma do que dizer, Aidan parecia bravo e evitava contatos visuais comigo, e eu apenas queria saber o que havia acontecido. Porque eu estou deitada em sua cama? O que aconteceu na noite passada para que eu não me lembrasse de nada hoje? Porque ele parece tão bravo e até mesmo...chateado?

- Sn, você deve estar se perguntando o que aconteceu ontem, não é mesmo? - me questionou, como se estivesse lido os meus pensamentos.

- Aidan...Gallagher - tentei dizer mas acabei me enrolando nas palavras, sem saber ao certo do que chamá-lo agora - O que aconteceu na noite passada? - tive coragem finalmente de perguntar, mas ele ainda mantinha seus olhos focados no livro.

Ele colocou o livro sobre o grande criado-mudo ao lado da cama, e por fim voltou a me encarar. Aidan estava sem camiseta, deixando a mostra seu tanquinho e peitoral definido, me permitindo ver algumas de suas tatuagens pelo braço e devo admitir que amo observar os desenhos na pele de qualquer pessoa, porém as dele são as mais bonitas que já vi.

Assim que me dei conta do olhar de Aidan sobre mim, tratei na hora de tirar meus olhos de seu peitoral e de suas tatuagens. Por mais que eu negasse a mim mesma, tenho pavor de seu olhar, continuei tensa deitada ao seu lado e só relaxei assim que ele deu um pequeno sorriso sarcástico.

- Ah pequena... - soltou um suspiro longo e pesado - Tem sorte, por um lado, de não se lembrar do que aconteceu ontem - admitiu, tirando o sorriso dos lábios e voltando a ficar sério - Bem, digamos que você tenha bebido um pouco mais do que necessário.

- Eu bebi muito? - arregalei os olhos surpresa comigo mesma - Por que eu não me lembro e por que a minha cabeça dói tanto? - perguntei, visto que tentei me sentar, mas minha cabeça latejava de dor. O que está acontecendo comigo?

- Ressaca - ele respondeu brevemente - Acho, ou melhor dizendo, tenho quase certeza de que você não se lembra e não tem a mínima idéia do quanto bebeu ontem.

- Não - concordei com ele - Por que você me trouxe para cá e não me levou de volta para o galpão? - acabo de perguntar sem pensar.

- Devia me agradecer por isso, Sn - resmungou irritado - Se eu deixasse você voltar para o galpão do jeito que estava ontem, aquelas garotas iriam brincar com você. Poderiam te dar drogas e você, bêbada e inocente, iria aceitar. Acredite em mim, não estou exagerando quando digo que seria capaz de você nem estar viva agora pequena.

Não consegui responder a altura do que ele havia me dito. Não posso acreditar que todas aquelas meninas no galpão são tão cruéis a esse ponto.

- Se não acredita em mim, pergunte para a sua irmã. A Joalin deve ser uma das piores por ali, mas talvez com você aqui ela sossegue um pouco. Bem, você pode ajudar sua irmã ou se tornar uma vadia igual a ela.

Imaginar minha irmã fazendo coisas desse tipo não se encaixam com a imagem de irmã mais velha responsável que eu tenho dela. Joalin foi tão boa em Oregon, todos adoravam ela e não havia ninguém que tivesse alguma rixa com ela. Não que eu soubesse.

- Não sou como ela, não serei como você diz que ela é - retruquei um pouco irritada.

- Depois do que você fez ontem a noite não me surpreenderia se virasse alguém pior do que ela - cruzou os braços olhando para o relógio na parede.

Engoli seco. A forma como as palavras saíram de sua boca me deixou assustada, não consigo me imaginar a fazer nada de ruim para alguém naquela boate, mesmo se mexesse comigo.

...

Inocente / 1 - Aidan GallagherOnde histórias criam vida. Descubra agora