Aquário - Parte sete

20 5 49
                                    

Os dias que seguiram a minha épica façanha, foram repletos de mais exercícios físicos, aliados à prática dos feitiços, propriamente ditos

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Os dias que seguiram a minha épica façanha, foram repletos de mais exercícios físicos, aliados à prática dos feitiços, propriamente ditos. Podia jurar, que ao fim da primeira semana, conseguia sentir os meus escondidos abdominais a aparecer, depois de se terem ocultado durante toda a minha vida, levando-me a pensar que tinha vindo ao mundo sem eles, como se fossem uma espécie de extra, que decidimos excluir, aquando da compra de um carro novo. Mas, atenção, essa não foi a única surpresa! Ao fim de alguns dias, conseguia encobrir a totalidade do meu corpo, parecendo um verdadeiro camaleão inacreditável, nascido para a arte da camuflagem. O grande problema, porque convenhamos, tem que haver sempre um, é que não consigo aguentar o feitiço por muito tempo, logo, para já, não me posso aventurar a desaparecer nu, podia correr mal.

Para além de conseguir ocultar-me, comecei a dominar o outro feitiço que me fora prometido por Louise, o de endurecer o corpo, tornando-o rijo como uma rocha. No início, foi bastante difícil, tendo sido necessárias várias horas de esforço para o conseguir ativar, por pouco que fosse. Cada pequena vitória, exaltava a minha latente excitação, levando-me numa viagem alucinante de autodescoberta, em que a cada dia que passava, encontrava o ser poderoso que tinha nascido para ser. Não me interpretem mal, tal como a minha instrutora, que pensa que sou domado pelo meu gigantesco ego, eu apenas digo a verdade. Não acho que seja o mago mais poderoso do mundo, é claro, mas podem escrever, um dia vou ser!

Durante os serões noturnos, imerso pelo calor das chamas das fogueiras, que tanto trabalho davam para acender, trocava histórias e vivências com Cleo e Nelys, estreitando os meus laços com eles, de uma maneira que não achava possível, até então. A cada dia que passava, a minha relação com aquela fuinha irritante, evoluía para algo diferente, vendo-o, cada vez mais, como um irmão, ao contrário de um mero companheiro de viagens. Mas, como é óbvio, nem tudo eram rosas, tal como as relações entre irmãos, havendo muita luta e discussão a cada hora findada.

O lado bom que esta aventura estava a trazer para a minha vida, entediante e monótona, contrabalançava-se com o lado mau, que todos os dias, enegrecia, um pouco mais, a luz da minha alma. Todas as manhãs, saudava o toque carinhoso da minha filha, que teimava em acordar-me com um grande beijo na testa, na promessa que o dia me iria correr bem. Pensando nisso, naquela fatídica tarde em que conheci o Otávio, não fui presenteado com essa rotina, e o dia não correu lá muito bem, como sabem.

Concentra-te, estou farta de te avisar! Grunhiu Louise, ao reparar que estava extraviado no emaranhado dos meus pensamentos melancólicos.

Já sabes que detesto concentrar-me! Dá-me sono, não posso ir fazer umas flexões? Questionei. Começava a tomar o gosto pela coisa, notando que os meus braços estavam mais tonificados.

Ainda mal consegues aguentar o feitiço, tens que te esforçar! Avisou-me, com cara de mal-humorada, fitando-me de frente.

E vou-me esforçar, mas por hoje, já chega. Afirmei, abrindo os olhos. Tenho uma dúvida, será que me podes esclarecer?

As (Des)aventuras do (Não) HeróiOnde histórias criam vida. Descubra agora