O que têm em comum um simples Engenheiro Informático divorciado, um mundo mágico desconhecido, deuses vingativos e um possível apocalipse? Aparentemente nada, mas como devem saber, as aparências tendem a iludir.
Quando quatro Deuses decidem colocar...
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Durante esta minha, incrível, aventura, não tinha, ainda, passado por um portal tão grande, feito com um poder e uma perícia fora de série, apenas conseguido, pelas mãos habilidosas de uma, verdadeira, Campeã. Ainda que maior, a sensação de o atravessar não se tinha mostrado diferente, não tendo notado nada de díspar, aquando da minha passagem. Assim, sem mais nem menos, estava do outro lado do mundo, numa das ruas mais movimentadas do Japão, rodeado por pessoas das mais diversas etnias e culturas, num aglomerado heterogêneo inspirador. Todos aqueles arranha-céus, rompiam o meu fluxo respiratório, instigando uma admiração palpável, estampada nas curvas do meu rosto, enquanto admirava as cores e barulhos que me rodeavam, sentindo-me um ser completamente insignificante, no meio de tanto caos. Sempre tive vontade de conhecer as terras nipônicas, muito por culpa da minha paixão, exacerbada, por toda a cultura, desde os animes, até à história milenar, facilmente distanciada de todas as outras. Sempre que pensava no país, imaginava os grandes samurais com as suas espadas, ligeiramente, curvadas, a espalhar o terror nos campos de batalha, ou os, lendários, ninjas, capazes de feitos incríveis, usando o seu corpo como uma arma. Por todos esses motivos, e não fosse pela minha tristeza em deixar Cleo para trás, estaria a viver uma aventura sem igual, daquelas que se guarda para sempre, no baú das nossas memórias.
Ali, num local desconhecido para ambos e sem um plano desenhado, parecíamos duas crianças perdidas, sem saber em que direção prosseguir. Depois de alguma deliberação, decidimos procurar um hotel mais barato, de forma a recuperarmos as energias gastas no combate com o Paladino, para depois pensarmos numa estratégia. Como Nelys não tinha capacidade para sentir o Campeão, eu sabia, perfeitamente, que tudo dependia de mim e da minha, débil, aptidão para a magia. Estamos tramados. Pensei, desanimado. Segundo o meu telemóvel, o hotel mais perto, a um preço acessível, localizava-se a dois quilômetros, que, segundo a minha opinião, eram facilmente transponíveis a pé. Já Nelys, preferia pedir boleia, alegando estar muito cansado, o que não encaixava com o nosso orçamento, limitado, para esta nova etapa da aventura. Resignado, lá veio atrás de mim, sabendo, no fundo, que eu tinha razão.
Diz-me, que tipo de magia era aquela? Perguntei, tentando cortar o silêncio que se mantinha, desde que decidimos o que fazer.
Do que estás a falar? Indagou, entre arfadas, enquanto subíamos uma rua íngreme.
Que achas? Atirei, indignado. Às vezes, parecia que estava a gozar comigo, ou que era, apenas, muito burro. Aquele leão de fogo, talvez?
Que tem? Todo o rosto do rapaz, gritava o cansaço e desmotivação que sentia, dando pena só de olhar.
O loiro com os óculos de sol disse qualquer coisa sobre magia da tinta, o que é isso?
Tal como o nome indica, é uma maneira de conjurar magia, usando a tinta como intermediária. Poucas pessoas conseguem. Informou, sem qualquer ânimo.
Desde quando, és tão poderoso? Sempre que te vi tentar, falhaste redondamente. Disse, sem piedade. Porque não usaste aquilo no aeroporto?
