Capítulo quinze; Porque eu sem você é como ter o boldo sem seda

195 22 127
                                    

REBECCA ALVES

Confesso que subir o morro que eu não frequentava há quatro anos me deixava um pouco nervosa. Algumas garotas me encaravam de cima em baixo enquanto alguns meninos faziam o mesmo e eu apenas abaixava a cabeça quando percebia os olhares daquelas pessoas enquanto segurava o braço de Julia que dava oi para cada pessoa que esbarrava durante a nossa subida.

Ao chegar em frente a casa de Miguel, meu peito apertou forte. Não havia nenhuma diferença desde a última vez que estive aqui — apenas a parede que havia sido retocada e estava mais branca do que antes. A alta música que vinha do quintal indicava que o local estava cheio e, pelo jeito, bastante animado.

— Se você quiser, ainda dá tempo de voltar. – Julia disse e eu olhei para ela.

— Não. Eu vou ficar. – respirei fundo e minha melhor amiga sorriu. Peguei o meu celular e mandei uma rápida mensagem para Diego, apenas avisando que já havia chegado na casa de Miguel.

Eu sei que ele não veria agora, já que ele estava na casa de Murilo — Nathaly até chegou a convidá-lo, porém ele achou melhor não ir. Achou melhor dormir na casa do irmão porque sabia que se ficasse em casa ficaria ansioso olhando para o celular e, pelo menos com Murilo, seu celular ficaria de lado.

Ao entrarmos na casa, dei de cara com a enorme sala praticamente quase vazia para dar espaço às pessoas que dançavam ali ou iam para a cozinha pegar mais bebida, ou petiscos. Segui Julia para o quintal e me assustei com o tanto de gente que havia ali. Algumas meninas dançavam no meio do quintal com alguns meninos que sambavam ao som de Mc Pedrinho – Bumbum bate, já outros estavam na fila para pegar um pouco de carne que estava sendo feita na churrasqueira.

— Nossa! Ao menos o Miguel não vai me ver aqui. – ri fraco.

— Pois eu quero que ele veja. – olhei para Julia que deu de ombros. — O que? Eu gosto de um fogo no parquinho.

— Eu não quero arrumar briga com ninguém. Vim porque quero ver o Miguel e apenas. – cruzei os braços.

— Ainda bem que eu não estarei do seu lado quando vocês se verem. – riu. — Enfim, eu vou pegar uma cerveja. Quer também?

— Eu prefiro um pouco de refri. – a morena riu. — O que foi?

— Nada. É que isso me fez lembrar da primeira vez que fomos ao baile juntas. – sorri de canto.

Eu lembro que eu não queria ir ao baile, mas fui arrastada por Julia porque Erick estaria lá e seria uma boa oportunidade de finalmente ficar com ele. Porém, assim que o vi, ele estava com outra e eu me senti tão mal por aquilo que nem queria mais ficar lá. Lembro que Miguel apareceu do nada quando eu estava sozinha, sentada no chão bebendo meu energético. Foi surreal o modo simples e aleatório que ele conseguiu me convencer a voltar ao baile e fazer ciúmes no Erick. E foi assim que ficamos pela primeira vez e começamos a "namorar de mentirinha" para fazer ciúmes no Erick, onde, no final, acabamos tornando o relacionamento real.

— Enfim, eu vou na cozinha e já volto. Não suma por aí, ou faça algo que se arrependa depois. – deu uma piscadela e sorriu antes de voltar para dentro de casa.

Olhei ao meu redor e não vi nenhum conhecido, o que me fez suspirar. Eu não queria ficar sozinha ali, era ruim demais. Comecei a andar entre as pessoas que dançavam e, me encostei no muro, onde tinha visão do quintal inteiro. Logo à minha frente um casal vinha em minha direção de mãos dadas e rindo enquanto dançavam. O moreno andava com seu copo pro alto para não derrubar em ninguém enquanto a morena cumprimentava as pessoas ao seu redor.

— Becca! Você veio! – a voz rouca de Matheus me fez rir. Sua voz não era daquele jeito e, se estava assim, era porque ele já estava há um tempo bebendo e fumando.

Até o Fim (LIVRO 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora