Até o Fim (LIVRO 2)

Capítulo quatro; Eu vou te dar todo o espaço que venho poupando

REBECCA ALVES

  — Esse filme sempre me faz chorar. – ri ao secar minhas lágrimas.

— Titanic é um clássico. Não gostar desse filme é um pecado. – Diego pegou o balde de pipoca que estava entre as suas pernas e o colocou em cima da mesinha de centro enquanto mudava de canal.

— Eu vou preparar algo pra comer. – coloquei a almofada que estava em meu colo no meu lado e me levantei.

— Deixa que eu peço algo. – o moreno levantou-se também. — Vai ser mais rápido se pedirmos. Onde eu deixei o meu celular?

— Você deixou no quarto carregando. – cocei minha cabeça. — Então pede pizza. Faz tempo que não comemos. – Diego sorriu e eu sorri de canto.

Pizza foi a primeira coisa que comemos quando resolvemos sair juntos pela primeira vez — sem o resto do pessoal. Mesmo que fosse um "encontro entre amigos" foi algo que resolvemos levar na brincadeira, dizendo que ficaria marcado pro resto da nossa vida aquele dia. Era algo bobo, eu sei, mas pedir uma pizza para nós dois quando estávamos tentando "ser um casal" significava um pouco.

— Metade calabresa e metade frango com catupiry? – assenti com a cabeça e ele não demorou a ir até o meu quarto.

Enquanto Diego estava no meu quarto, resolvi ir até a cozinha e lavar as panelas do almoço. Foi quando a porta abriu bruscamente e uma Julia irritada entrou por ela. "Você devia ter avisado!" escutei a garota exclamar irritada enquanto fechava a porta.

— Ah! Qual é maninha, não me diz que você não gostou da surpresa? – ao ver quem era, não pude deixar de ficar surpresa.

— Bernardo? Que surpresa te ver por aqui! – exclamei animada e o mais velho olhou para mim, logo abrindo um enorme sorriso.

— Rebecca! Então vocês ainda dividem o apartamento? – Bernardo colocou suas malas na parede.

— Você sabe né. A Julia não vive sem mim. – ri junto com o garoto. — Mas, me diz, o que aconteceu pra sua visita repentina?

— Bom... Já faz oito anos que eu não piso no Brasil. Achei que estava na hora de voltar e curtir um pouco as minhas origens cariocas. – olhou para Julia que revirou os olhos. — E o aniversário da minha irmãzinha está chegando. Achei que seria uma boa comemorar com ela pessoalmente, depois de tanto tempo. – bagunçou o cabelo da sua irmã que bufou.

— Bernardo, por favor. – Julia tentou arrumar seu cabelo novamente. — Somos farinha do mesmo saco, eu sou você só que mais nova, mulher e, claro, mais bonita. – ri do seu comentário e coloquei minhas mãos no bolso do casaco moletom que eu usava.

— Falando sério... – Bernardo limpou a garganta. — Eu tive que voltar pra fazer um novo passaporte e... Ver os nossos pais.

— Ah... – Julia arregalou levemente os olhos.

A relação do Bernardo com os pais dele não era ruim — pelo menos não que eu saiba — mas, quando ele decidiu levar a vida viajando o mundo todo, a família Ribeiro não aprovou muito essa decisão. Eles queriam que Bernardo fizesse uma faculdade, tivesse um trabalho e, aí sim, viajasse o mundo. Mas ele não queria e, por isso, antes dele conhecer o primeiro lugar da sua enorme lista ao terminar a escola, o garoto foi sem falar com os seus pais.

A Julia disse que depois de três meses eles fizeram as pazes, porém o clima entre os três ainda estava meio ruim. Bernardo em nenhum momento nesses oito anos pisou no Brasil, muito menos falou com os seus pais — a única pessoa que ele ainda mantinha contato, mesmo que pouco, era a com a sua irmã. Bom, eu espero que com a sua volta repentina tudo se resolva entre eles.