Capítulo dezenove; Tu escolhe essa mina, mas ela me escolhe

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 — Rebecca! Espera aí! – Miguel exclamou enquanto vinha atrás de mim, porém eu não queria mais escutá-lo.

É sério mesmo que, por um momento, eu realmente achei que nós fôssemos voltar ao que éramos antes? Que Miguel ainda sentia algo por mim todos esses anos e não tinha a Bia ao seu lado?

— É sério mesmo que você quer repetir o passado?

— Repetir o passado? – bati as mãos em minhas pernas e me virei inconformada. — Como eu vou repetir ele se antes você não tinha um filho? – o mais velho fechou os olhos e balançou a cabeça em negação enquanto colocava as mãos em sua cintura.

— Você e essa mania de tirar conclusões precipitadas. – abriu os olhos e os revirou.

— O garoto te chamou de pai! – ri sem humor. — Quer que eu imagine que você é o Papai Noel dele? – fiquei na mesma posição que ele.

— Me escuta só por um minuto, por favor. – se aproximou de mim e, mesmo hesitante, eu permaneci parada. — Tá. Eu não fui totalmente honesto com você... Eu tive umas visitas íntimas da Bia durante esse tempo preso.

— É sério isso Miguel? Você estava transando com a Bia e quis me cobrar um posicionamento quando descobriu que eu estava namorando o Diego? – o empurrei. — Você é um completo filho da puta!

— Eu sei, eu sei. Me desculpe por isso. – colocou suas mãos em sua frente na hora que eu ia bater nele e segurou as minhas. — Eu já disse que achei que tu tinha me esquecido e decidi seguir em frente também.

— E você seguiu muito bem, pelo visto. Até filho você tem agora. – cruzei os braços e desviei o olhar.

— O Gabriel não é meu filho! – o encarei novamente, ainda não convencida daquilo.

Quando namorávamos, falar sobre ter filhos não era uma pauta muito mencionada entre nós, mas, das poucas vezes que conversamos sobre, Miguel sempre dizia que se tivesse um menino gostaria que ele se chamasse Gabriel. Eu tenho certeza que a Bia sabia disso também, então... Se fosse verdade, por que ele mentiria?

— Gabriel? – ri fraco. — Como pode ter certeza que ele não é seu?

— Porque no mês que ela engravidou, ela não tinha ido me visitar. – contraiu a mandíbula e eu fiquei sem reação. Porque eu achei que Miguel mentiria sobre ter ou não um filho? — Quando ela disse que estava grávida, eu também fiquei muito surpreso e... Animado. Ter um filho, aos vinte e três, não parecia ser uma ideia tão ruim assim. – riu fraco e desviou o olhar. — Mas não era meu e a Bia não quis dizer quem era o pai. Só disse que queria esclarecer antes e que não teria um nome paterno pra registrar a criança.

— E você o registrou então?

— Não, mas disse que ia tratá-lo como meu. Ia ajudar no que precisar e, se as pessoas achassem que ele era meu mesmo, que achassem. Ela disse que o pai dele não era bom o suficiente para saber do Biel, mas eu não queria que ele crescesse sem pai. A Bia esperava uma menina, queria que o nome fosse Alícia. Mas, quando viu que era um menino, ela só conseguiu lembrar do nome que eu tanto falava. – riu como um pai orgulhoso. — Ele nasceu uma semana antes do meu aniversário e, mesmo não sendo meu de sangue, foi um ótimo presente.

— Que bom que você está sendo um pai pra ele. Eu sei o quanto você queria isso. – sorri sem mostrar os dentes.

— Eu faço o que posso. É a primeira vez que eu vejo o pequeno pessoalmente, a Bia nunca quis o levar nas visitas. – encarou-me fixamente nos olhos. — A primeira vez que ele me chamou de pai... Me pegou de surpresa. A Bia sempre o ensinou a me chamar de tio Silvestre, mas ele nunca aprendeu e me chamou de papai. – riu. — Rebecca, se eu fosse mesmo o pai do Gabriel, eu não esconderia de você. Por que achou que eu omitiria isso?

— Eu não sei, acho que porque é o filho de uma garota que te fez muito mal na sua adolescência e ela tentou te tirar de mim quando estávamos juntos. – dei de ombros.

— Mas depois que ela virou mãe, ela mudou. Sério, a Beatriz de agora é outra pessoa. – permaneci em silêncio e Miguel suspirou.

— Miguel, Rebecca! – o mais velho olhou para trás e vimos Bia vir em nossa direção com Gabriel no colo. — Eu sinto muito por esse desentendimento. Eu não sabia que você estava aqui e eu só trouxe o Gabriel pra ver o Miguel porque vamos nos mudar amanhã bem cedo. – completou enquanto o pequeno se esticava para que Miguel o pegasse no colo e assim ele fez.

— Eu que peço desculpas pela forma que eu saí de lá. – sorri sem graça. — Eu deveria ter escutado vocês primeiro.

— Eu prometo que eu não vou mais trazer o Gabriel. Não quero atrapalhar nada entre vocês.

— Que? Não, não faça isso. – segurei no braço da morena antes que ela pegasse Gabriel do colo de Miguel. — O... Lorenzo é como um pai pro Gabriel. Eu não posso impedir eles de se verem e nem quero isso.

— Lorenzo... – riu sem humor e olhou para Miguel que havia se afastado um pouco para brincar com Gabriel. — Acredita que até hoje ele não me deixa chamá-lo assim? Você é a única, Rebecca, sempre foi. – cruzou os braços e só então eu reparei em sua tatuagem no braço.

Fazia tanto tempo que não a via... Mesmo que eu não gostasse dela, era impossível eu negar em dizer que Bia estava muito bonita. O tempo fez muito bem a ela. O cabelo preto combinava muito mais com ela do que o ruivo, as tatuagens em seus braços e os seus piercings também.

— E eu tenho certeza que, mesmo se o Gabriel fosse dele de sangue, não mudaria nada. O Silvestre te ama de verdade, Rebecca. Você é uma mulher de sorte. – olhei para Miguel e o vi fazendo cócegas em Gabriel que ainda estava em seu colo e foi inevitável não sorrir com aquilo.

— Sim, eu tenho mesmo. – foi a única coisa que eu consegui dizer.

E foi ali que eu percebi que eu queria sim me casar e ter a família perfeita. E, a quem eu queria enganar? Eu sempre soube com quem eu queria aquilo e ele estava, agora, bem ali na minha frente. Miguel era o único para mim, e sempre seria assim.

Até o Fim (LIVRO 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora