treze - parte I

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— Adorei sua teoria. — digo enquanto observo o papel com os cálculos de Marcos — Mas tem um pequeno erro nela.

— Sério? E qual seria? — diz Marcos em um tom irônico.

— Sabe, é um pequeno erro... — replico o tom irônico de Marcos — Não temos combustível suficiente para viajar dimensionalmente para o futuro em busca de combustível...

— Dimensionalmente, não temos mesmo. — explica ele — Se tentássemos viajar com essa quantidade de combustível, e não conseguíssemos abrir uma fenda quadridimensional a tempo...

— A gente pode acidentalmente abrir um buraco negro super massivo. — completo a frase.

Marcos solta uma gargalhada idiota, mas não tão mais idiota do que ele diz em seguida:

— Acidentalmente, talvez.

Balanço a cabeça em sentido negativo para demonstrar o quão confusa eu estava.

— A gravidade de um buraco negro é extremamente forte. — explica Marcos — De tal maneira que até o tempo...

— Pode dilatar para quem está próximo ao horizonte de eventos. — gostaria de não estar entendendo o rumo dessa conversa. — Dependendo do diâmetro do buraco negro, quem está próximo ao horizonte de eventos podem-se passar alguns minutos, para o resto das pessoas...

— Horas, talvez anos. — diz o rapaz de forma entusiasmada — Não vamos viajar no tempo, vamos apenas fazer com que o tempo viaje através de nós, pois intencionalmente o tecido do espaço-tempo será dilatado pela ação gravitacional.

— Então, você quer abrir um buraco negro super massivo? — digo incrédula.

— Sim.

— No meio da cidade?

— Em um campo seria mais... seguro. — diz ele enquanto morde um lápis — Mas, sim. Eu quero.

— E quer intencionalmente ser engolido? Sem ao menos saber o que temos do outro lado?

— Teoricamente, do outro lado temos um buraco branco, que seria...

— Eu conheço a teoria, e tenho certeza que o outro lado é mesmo muito divertido, porque todo mundo que entrou nunca mais quis voltar. — digo de forma irritada.

Marcos ri da minha piada.

— Na verdade, não precisaremos ser engolidos para sentirmos a alteração no espaço-tempo contínuo. — diz ele enquanto roda o lápis entre os dedos.

— Você não pode estar falando sério. — digo passando a mão nos cabelos — Teoricamente, um buraco negro do tamanho de uma moeda pode ser suficiente para engolir todo o sistema solar.

— Teoricamente. — diz ele enquanto bate a ponta de um lápis no papel dos cálculos — Você não está pensando quadridimensionalmente, Raquel. Assim que conseguirmos recuperar o combustível no futuro, podemos voltar para esta época, e impedir que o buraco negro seja aberto.

— Você está se escutando? — digo rindo — A ideia de avançarmos em cinco anos e pegarmos a matéria escura é até aceitável, mas o fato de voltar e impedir que o buraco negro seja aberto, vai interferir no contínuo espaço-tempo, de maneira que nunca teríamos nos deslocado através do tempo para o futuro, e então, nunca teríamos voltado para impedir que o buraco negro. Um paradoxo temporal desses poderia causar...

— Uma reação em cadeia que destruiria o universo. — diz Marcos enquanto senta em uma cadeira, desanimado. — Que saco.

       — Foi bom enquanto durou. — digo eu colocando a mão no ombro dele em forma de consolo.

       — Na verdade foi o contrário. — diz Marcos colocando as mãos no rosto. — Foi só derrota.

       E como se fosse mágica, uma luz acendeu na minha cabeça. Como não pensei nisso antes?

       — O que disse? — digo pra Marcos.

      — Que foi só derrota. — diz ele em tom desanimado.

       — Não, seu animal. Antes disso. — digo eu dando um empurrão leve nele.

        Marcos parou para raciocinar.

       — "Que foi o contrário?" — diz Marcos fazendo uma cara confusa.

       — Contrário... — digo pensando alto — Podemos anular o buraco negro com antimatéria!

       Marcos levanta a cabeça e arregala os olhos.

       — Claro! Podemos utilizar a antimatéria para anular o buraco negro! — Marcos faz uma longa pausa. — Mas antimatéria é tão poderosa quanto um buraco negro, então como vamos impedir que a antimatéria destrua o planeta?

       — Podemos controlar o avanço da antimatéria desacelerando. Frio e velocidade não combinam. — digo enquanto faço alguns cálculos — Meu Deus.

       — O que foi? — se aproxima Marcos. Ao ler o que estava escrito no papel, ele tem a mesma reação da minha. — Meu Deus!

       — Só podemos desacelerar a antimatéria... — digo.

        — Quando ela alcança o zero absoluto. — dizemos em um uníssono.

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⏰ Última atualização: Apr 19, 2021 ⏰

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