No dia seguinte, disse a Marcos que concordaria em voltar aos estudos, mas que ele devia estar ciente da possibilidade de não conseguirmos nenhum resultado. Também disse a ele que, se quisesse parar, tudo bem para mim. É pedi a ele para começarmos depois de nossas férias, que eram daqui a um mês e meio. • • •
Eram 13 de dezembro. Marcos chegou meia hora mais cedo do que combinado, dizendo que não aguentou esperar mais.
Então, entramos em ação. Meu porão era grande o suficiente para montar um propulsor de dobra lá.
- Como isso vai funcionar? - disse Marcos com curiosidade, ao apontar para a parte já construída do propulsor.
- Já assistiu Star Trek? - digo, ajustando algumas peças do que futuramente evitaria que fôssemos torrados.
- Já. - disse ele para mim.
- Esse propulsor vai girar à uma velocidade próxima à da luz, fazendo com que se abra uma fenda, uma dobra no espaço-tempo contínuo, nos permitindo viajar para o passado e, talvez, para o futuro.
- Dobra? - disse ele franzindo o cenho, demonstrando confusão.
- Certo. - digo eu, pegando uma folha de papel e um lápis - Vamos supor que esse papel seja o espaço-tempo: Passado, Presente, Futuro... o espaço tridimensional. Tudo junto em uma variedade de quatro dimensões. - eu pego o lápis e faço um ponto na parte superior da folha - Nós, estamos aqui. Treze de dezembro de 2019, e queremos ir até aqui, na data do meu nascimento - digo, fazendo outro ponto na parte inferior da folha - Meio longe, né?
Marcos concorda com a cabeça.
- Esse lápis é o nosso propulsor de dobra. - digo, pegando o lápis. - Vamos pegar um atalho, ok? - eu junto os dois pontos que risquei em uma dobra, e os furei com meu lápis - E, aqui estamos!
Marcos aponta para o pôster que está suspenso na parede.
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- Tipo esse desenho? - pergunta ele.
- Basicamente.
Percebo que Marcos está super animado para me ajudar, e disposto a aprender. Ele disse que talvez saberia como montar. Perguntou se o fato dele não ter muito conhecimento sobre astrofísica acabaria atrapalhando a si mesmo na construção da máquina.
- Estamos trabalhando em equipe. Eu penso, e você passa para a prática. - digo, me permitindo escapar um sorriso de entusiasmo. - Muito obrigada.
- Eu que agradeço, por você confiar sua pesquisa a mim. - diz Marcos sorrindo.
E assim, levamos aproximadamente dois meses e meio para construir o propulsor de dobra, mas mesmo assim, não achamos uma fonte de energia que possa sustenta-lo por mais de cinco segundos.
