Marcos se ofereceu para dirigir até o laboratório. De carro, a viagem duraria cerca de três horas até o destino. Rafael falou que gostaria de ir com a gente, mas que tinha um encontro marcado.
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— Como está sua família? — disse Marcos, tentando quebrar o silêncio.
— Meus pais? — digo, enquanto apoio os pés acima do porta-luvas do carro.
— Seus pais, ou seus avós. — diz Marcos, antes de dar um tapa em meus pés para que eu os tirasse de perto do pára-brisas.
— Eles estão bem. — digo. Em frações de segundo, sou surpreendida com várias lembranças boas de nossa família. Me lembro que com cinco anos, eu já gostava de filmes sobre viagem no tempo. Me lembro de ter perguntado ao meu pai por que o ser humano nunca viajou no tempo. "A humanidade ainda não está preparada para grandes descobertas". Era o que ele sempre dizia, quando não sabia responder umas das minhas perguntas ou do meu irmão. Meus pensamentos são interrompidos por um animal que passara rapidamente pela estrada, me fazendo instintivamente virar o volante abruptamente para outra faixa. — Cuidado!
Marcos se desvia do animal que parecia ser um gato ou gambá, dando um berro alto.
— Meu Deus, que susto! — diz ele, antes de soltar uma gargalhada nervosa.
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Passamos por uma pequena cidade, e após mais meia hora, Marcos encosta o carro no meio do nada e olha a nossa volta.
— Acho que chegamos. — diz ele, virando o carro para uma estrada de terra, que durou uns cinquenta metros. Quando essa estrada acaba, logo começa um asfalto. O asfalto mais bem feito que já vi. Andamos mais dois quilômetros até chegarmos em um edifício que não combinava nem um pouco com a paisagem desértica a sua volta. Ele era branco, e a maioria dos andares eram com paredes de vidro. Em sua fachada estava escrito "Labocenter", e ao seu lado, um logotipo de um átomo.
Saímos do carro, e Marcos tira o celular do bolso do casaco.
— Já estamos aqui. — disse ele para a pessoa no telefone — Isso, aqui na frente. Ok. Tchau.
Após alguns segundos a porta grande de vidro na fachada dá um estalo. Nós nos aproximamos e esperamos do lado de fora. Ouvimos passos. Vejo uma silhueta pelo insulfilme da porta, e a pessoa a abre.
— Marcos, seu cachorrão! — diz o homem, puxando Marcos para um abraço amigável. Ele tinha uns trinta e poucos anos, e bem alto. Ele tinha cabelos pretos, que fazem um belo contraste com sua pele branca e seus olhos castanhos escuros. Vestia calça, bota e blusa brancos — Você está péssimo.
— Olha quem fala. — diz Marcos entre gargalhadas.
O homem se vira para mim.
— Essa é a Raquel Schwartz? — diz ele, estendendo a mão para que eu a aperte. — Prazer em conhecê-la, meu nome é Bruno.
— Sou sim. — digo, retribuindo o aperto de mão. — Igualmente.
— Marcos sempre fala muito bem de você.
Marcos olha para mim um pouco corado. Dou de ombros. Bruno convida a gente para entrar, e nos conduz a um elevador. Subimos dez andares em silêncio. Quando a porta se abre, seguimos Bruno até uma sala espaçosa, onde ele pega um jaleco branco e o veste. Este com certeza é o laboratório. Andamos mais alguns metros até outra porta de ferro. Ele digita um código em um pequeno visor e a porta estala.

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dobra espacial
Ciencia FicciónQuando uma garota descobre como viajar entre dimensões temporais, através de uma máquina que pode dobrar o espaço-tempo, todo cuidado é pouco.