CAPÍTULO VINTE E SETE

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AVISO: Esse capítulo contém cenas de violência [💢], intolerância religiosa [] e distúrbios psicológicos [🚩]. As cenas em questão são extremamente pesadas, então peço que se você acha que tem a mínima chance de sofrer gatilho, por favor, leia o resumo dos trechos no blog: renegadesjkjm.tumblr.com/resumos

Leiam com cuidado e se cuidem, meus cheiros. Converso com vocês nas notinhas finais ♡

#RenegadesJKJM

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𝑪𝑨𝑷𝑰𝑻𝑼𝑳𝑶 𝑽𝑰𝑵𝑻𝑬 𝑬 𝑺𝑬𝑻𝑬

[ Białystok, 27 de junho, 1941 ]

Jakub gostaria de poder dizer que não ver Patryk em 5 anos fora a pior coisa a suportar estando separados.

E, por certo tempo, havia sido.

O simples fato de saber que ele estaria há ainda mais horas de distância do que a simples viagem de Varsóvia a Białystok havia sido o suficiente para fazer com que o mesmo tempo separados tornasse a saudade dez vezes mais intolerável.

Especialmente depois de como eles haviam deixado as coisas.

Deus, Jakub sentia falta dele.

Ele sentia falta de sua risada, de seu sorriso, da covinha em sua bochecha direita. Sentia falta das cartas, da narração entusiástica de sua vida e dos aspectos (certamente) hiperbólicos de sua rotina quando transfigurada em tinta no papel. Jakub sentia falta dos dias que passavam sem fazer absolutamente nada, simplesmente respirando na companhia um do outro, reclamando do tempo ruim.

Mais frequentemente, ele sentia falta do breve momento de veracidade que haviam compartilhado, da pressão de seus lábios que durara uma eternidade e nem de longe tempo o suficiente.

Naquele momento, ele tivera o mundo em seus braços e agora pensava não o ter agarrado com tanta força quanto deveria, não o ter usufruído em toda a sua extensão.

Era este o momento que ele mais conservava em suas memórias, junto ao lembrete físico de como Patryk estava agora — a última fotografia que ele recebera há mais de dois anos, uma que ele mantinha com sua pessoa a todo instante.

Nela, Patryk ainda usava o broche que Jakub lhe dera.

Ele era lindo, e a saudade que Jakub sentia do — agora, totalmente crescido — homem gracioso e formoso às vezes o consumia inteiramente.

No entanto, agora, enquanto observava seu lar ser tomado novamente em menos de dois invernos, ele não poderia estar mais aliviado por Patryk Minko estar a quilômetros de distância do horror causado à sua família.

E que horrores terríveis eles eram.

Setembro de 1939 trouxera consigo a última carta que Jakub receberia de seu amante oculto.

Outrossim, trouxera a ameaça de um exército que não apenas subjugara seu governo, mas nem mesmo uma semana depois, assinara seu povo para outro inimigo — como se as vidas e lutas individuais daqueles que habitavam o mapa não passassem de coordenadas geográficas a serem redistribuídas.

Nos 21 meses seguintes, o que se seguira fora o pior pesadelo de Natan Koch após ter lutado contra os soviéticos cerca de vinte anos antes: forçado à subserviência ao Exército Vermelho, despojado de todos os seus títulos militares e medalhas de conquista, confinado à sua casa sob severa supervisão — tinha sorte de estar vivo, sendo quem ele era.

RENEGADES • [jjk + pjm]Onde histórias criam vida. Descubra agora