CAPÍTULO TRINTA E UM

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#RenegadesJKJM

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𝑪𝑨𝑷𝑰𝑻𝑼𝑳𝑶 𝑻𝑹𝑰𝑵𝑻𝑨 𝑬 𝑼𝑴

[ Londres, 16 de janeiro, 1826 ]

John era incapaz de compreender o ritmo das mudanças ou os momentos cruciais que ocasionaram a transição de suas interações.

Durante muito tempo, ele se sentiu pétreo. Tinha começado a atender a missa todos os domingos, saindo de casa muito depois de mãe e Josie o terem feito, escampando-se pelas portas da igreja antes de qualquer uma delas, evitando qualquer fio de conversa que Parker tentasse suster.

O homem em si estivera reservado, também, quieto de modos que John não havia visto antes — não focado, como Parker normalmente era, mas subjugado. Seus olhos permaneceram escuros como águas turbulentas por semanas a fio depois do que havia procedido entre eles.

Até que não mais o fizessem.

Conforme os dias se fundiam aos conseguintes e ambos os homens se perdiam no trabalho, a memória se desvaneceu em uma frágil fabulação, um truque de suas mentes.

Lentamente, Parker voltara ao normal. E, mais uma vez, transcendeu essa versão de si.

Embora ele não ousasse se aproximar de John sob o breu do quarto dos fundos como antes, seus olhares gradualmente retornaram à sua frequência e intensidade incômodas. Sob o escrutínio, John perdeu a noção de como ele próprio deveria agir, pensar.

Quando seus mirantes se encontravam, Parker nunca era aquele a desviar o olhar primeiro.

No silêncio da noite, com Josie profundamente adormecida ao seu lado na cama, John expulsava de sua mente os pensamentos desconexos e inadequados — ou assim tentava. No entanto, sua vontade, por vezes, não tinha poderio sobre a fluência de seu pensamento.

Um mês se tornou dois, a chuva veio e se foi e deixou seu reinado para a neve por algum tempo e John certamente não deveria ter se permitido indagar sobre os contornos da mão de Parker — em torno da mobília inacabada, das moedas que recebiam, em torno de seus próprios dedos em frente à lareira à medida que buscava calor.

A que tolices John estava se entregando, em nome de Deus?

Como esperado, sua curiosidade não passara despercebida. O sorriso dissimulado de Parker era um sinal indiciador de sua consciência, ainda mais do que quando escolhera reconhecê-la em palavras proferidas. De alguma forma, seu deleite silencioso pesava mais em seus arredores do que qualquer comentário provocador jamais o faria.

John desenvolvera certa tolerância para estes. Em se tratando do deleite contido do outro cavalheiro, no entanto, John era um leigo.

Ainda assim, a privacidade da loja havia começado a se entranhar em seus ossos, crescendo como vinhas em volta de seus membros e moldando cada movimento seu, cada pensamento.

Por mais que tentasse, o contato escasso com o mundo exterior e a presença intensificada do homem ao seu lado o haviam entorpecido — até certo ponto — para a impropriedade até mesmo das mais mínimas interações. E, com o passar do tempo, até mesmo a menor das condutas inadequadas ficara absolutamente fora de controle.

Ele não avançava em direção a Parker; decididamente não o fazia.

No entanto, negar sua negligência — sua maleabilidade diante dos avanços de Parker — seria simplesmente uma mentira. E John não precisava de mais nenhum pecado pairando sobre sua cabeça.

RENEGADES • [jjk + pjm]Onde histórias criam vida. Descubra agora