CAPÍTULO QUARENTA

1.1K 169 135
                                    

Att tarde e atrasada, o novo normal né? Bom, tá aí pros madrugueiros, ou pra quem vai ler só depois. Aproveitem, renegados  

#RenegadesJKJM

---

𝑪𝑨𝑷𝑰𝑻𝑼𝑳𝑶 𝑸𝑼𝑨𝑹𝑬𝑵𝑻𝑨

[ Białystok, 22 de setembro, 1941 ]

O peso literal sobre seu peito não era suficiente para abrandar o peso permanente e metafórico que Jakub normalmente costumava suportar durante a noite.

Tinha se tornado parte de sua armadura, certamente, mas exigia um tipo inteiramente distinto de força que ele não sabia se possuía; na maioria dos dias, Jakub ainda se sentia como se tivesse dez anos, tropeçando ao andar com fardas que não eram suas para vestir.

Ele tinha aprendido a fingir com maestria, no entanto.

Tão bem, de fato, que se sentia demasiadamente exposto em momentos como esse — tinha que se lembrar de ser grato por sequer haver momentos roubados como esse. Eles sempre pareciam tão voláteis.

Ainda assim, ele respirava pacificamente ao que Patryk se acolhia em seu peito, seus cachos emaranhados de modo despropositado, mesmo que os dedos de Jakub tentassem desfazer os nós.

O chão não era confortável e, no escuro, eles não podiam ver nada além dos contornos de seus próprios corpos. De qualquer forma, não era necessário — a única bênção, se assim pudesse ser descrita (não podia), dessas noites muito tardias ou manhãs muito prematuras era que ambos haviam memorizado algumas das curvas do outro que, anteriormente, eram ocultas demais para que eles as conhecessem.

Jakub sabia exatamente onde Patryk terminava, como se o mais jovem fosse uma extensão de si próprio.

— E pensar que você costumava ter tanto medo do escuro — ponderou em voz alta, a mão quase estoica no cabelo de Patryk. — Agora nós ansiamos por ele.

Um suspiro de partir o coração se fez contra sua pele, exausto e resignado, sem qualquer resquício do vigor que Patryk Minko costumava ter como sua marca registrada. Não fossem todas as atrocidades que teve de testemunhar em um dia de trabalho, Jakub teria dito que isso era o que ele mais se ressentia. O fato de não ser dizia o suficiente sobre a situação.

— Era deles que eu tinha medo, o tempo todo. Encontrar eles no escuro. — O mais novo riu, sem humor, olhando para baixo conforme ajustava o cobertor sujo sobre eles. — Quem diria que eles são ainda piores em plena luz do dia.

Jakub sentiu a reprimenda mesmo estando ali, com Patryk, ao seu lado em todos os sentidos da palavra. Por mais que a crueldade do ambiente os tivesse aproximado mais do que nunca — com maior urgência, tentando compensar tudo o que não haviam feito —, Jakub sabia que Patryk ainda o ressentia.

Por vezes, sentia que o mais novo apenas se entregava a ele por ser refém do sentimento — do amor, do medo —, mas não necessariamente por querer estar ao lado da pessoa que tão nitidamente se encontrava do outro lado da escala.

Os motivos eram insuficientes para aplaca-lo.

Por longos minutos, não se falaram, dado que o silêncio havia se tornado a habilidade mais valiosa ultimamente.

Quando rompido, no entanto, foi feito em prol de palavras tão pesadas quanto a quietude em si:

— Sou uma pessoa terrível — Patryk admitiu a ninguém, parecendo se ressentir; mais do que isso, parecia ter aversão a si mesmo.

RENEGADES • [jjk + pjm]Onde histórias criam vida. Descubra agora