CAPÍTULO TRINTA E SETE

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Essa att vem com uma recompensa pra quem aguentou o angst de um certo casal até aqui, rs. Façam uma boa leitura, renegados. Não esqueçam de deixar o votinho ♡

#RenegadesJKJM

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𝑪𝑨𝑷𝑰𝑻𝑼𝑳𝑶 𝑻𝑹𝑰𝑵𝑻𝑨 𝑬 𝑺𝑬𝑻𝑬

[ Londres, 22 de setembro, 1829 ]

Anos de confinamento involuntário não foram capazes de aumentar sua afeição por um ofício que ele nunca acreditou ser seu.

John raramente se via na refinaria de suas vendas, tampouco se via em qualquer outro lugar. Frank havia se mudado para Brighton com sua esposa, os homens no cais não mais eram aqueles que John conhecia e até mesmo a atenção das moças solteiras havia diminuído consideravelmente.

Quanto mais velho ficava, menos prodígio se tornava — não que alguma vez o tivesse sido. Ele era, de alguma forma, mais socialmente invisível na maior parte do tempo e, apenas ocasionalmente, depreciado quando sua existência aos olhos do público reacendia certa curiosidade intitulada.

Quanto mais velha Josie ficava, no entanto, mais sua vida se afunilava em paredes baixas e portas fechadas. Tinha sido, nos últimos tempos, seu único alento — o mundo onde esse eu recém-descoberto poderia ser, longe do peso do John que ele não mais reconhecia; o John que já não existia.

De certo modo, o confinamento fora a única razão pela qual ele mergulhara tão irremediavelmente em si mesmo. Afinal, não havia nenhum outro lugar para onde pudesse ir.

Em meio à perda de sua única identidade conhecida, ele encontrou outra não tão fácil de abraçar.

Esta o abraçava por trás conforme ele se sentava com o torso curvado sobre a superfície da mesa, cinzel em mãos e morosamente esculpindo curvas na perna de uma mesa.

— Nós poderíamos visitar Margate. Eu nunca tive a chance de ir, de fato — Parker enunciou em baixa voz, perto apenas para os painéis de madeira testemunharem. Diversas vezes, ele expressava desejos inatingíveis. O silêncio de John geralmente se fazia um agravante.

— A quais lugares você foi?

— Somente até Hastings antes de eu vir para Londres — disse em tom pesaroso. John murmurou, distraído. — Imagine navegar.

Pela primeira vez naquela noite, a sugestão fez John rir silenciosamente — sua respiração indo em direção ao peito. Onde o queixo de Parker descansava sobre seu ombro, ele podia sentir um sorriso mais gentil se formando.

— Você certamente não conseguiria lidar com o enjoo marítimo.

— Talvez eu conseguisse — o homem argumentou, meramente por cisma. — De qualquer modo, ouvi dizer que Margate tem festivais verdadeiramente fascinantes.

Irrealidades proclamadas não serviam nenhum propósito senão encher seus ouvidos, contrariando a quietude de suas madrugadas naquela sala dos fundos que, para todas as finalidades, era seu lar. John não conhecia nenhum lugar melhor.

Seus dedos se moviam mais influenciados pelo tato do que pela luz de fato, dado que eles mantinham apenas uma única lanterna acesa sempre que ficavam até tarde na loja. O hábito o treinara para funcionar mais do que apenas através da visão, um pouco mais em contato com seus sentidos do que estivera acostumado antes.

Decerto, havia poesia nas metáforas de seu modo de vida atual.

Mas John nunca fora um poeta.

John. — O nome seguiu-se de um suspiro e um vazio onde antes havia calor. Parker se afastou de suas costas e, ao invés disso, encostou-se à mesa, aproveitando para olhar para o mais velho de um ângulo superior, já que suas alturas naturais não o permitiam. — Você me parece profundamente distraído. Qual poderia ser o motivo?

RENEGADES • [jjk + pjm]Onde histórias criam vida. Descubra agora