CAPÍTULO VINTE E UM

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Esse capítulo foi só aos trancos e barrancos, por deus. Meio que perdi o controle e noção do tempo enquanto escrevia, mas enfim, lhes apresento o maior capítulo da fic até agora. Como sempre, nas notas finais eu converso com vocês. Não esqueçam do votinho e comentário, principalmente porque esse capítulo me desgastou inteira. Aproveitem ♡

#RenegadesJKJM

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𝑪𝑨𝑷𝑰𝑻𝑼𝑳𝑶 𝑽𝑰𝑵𝑻𝑬 𝑬 𝑼𝑴

[ Białystok, 3 de maio, 1935 ]

Era quase bizarro, retornar para a cidade depois de quase meio ano sem ver nada mais que os campos de treinamento.

Jakub apreciava o roncar alto do escapamento, ribombando por sobre o ritmo irregular de seu coração e as ruas tranquilas de um amanhecer que ainda estava por vir. Ele sentia falta de sua mãe, é claro, e mesmo enquanto observava as ruas do lado do passageiro, sorria ao pensar nos olhos dela se enchendo de lágrimas ao vê-lo.

Ele sabia que era uma garantia.

Amelia Koch não era, entretanto, o motivo de sua apreensão exacerbada.

Era o garoto da casa do outro lado da rua.

Cinco meses não era uma eternidade – quase tempo nenhum, em grande escala –, mas a forma como as coisas haviam ficado antes do alistamento de Jakub ainda o preocupava. Depois de ver Patryk ir embora naquele dia, Jakub não esperara ser contatado tão cedo, mas com o passar dos meses, e quando ele não ouvira uma palavra sequer do amigo, se preocupara que talvez esse fosse o fim deles, afinal.

Mesmo assim, quando o carro parou em frente ao portão familiar de sua amada casa – o som contrastante contra as horas silenciosas da madrugada –, os olhos de Jakub fixaram-se no outro lado da calçada. Nenhum movimento se seguiu. Nem uma única cortina se moveu para o lado.

Talvez não houvesse ninguém em casa. Jakub sabia que Sr. Minko acordava cedo, então era improvável que a família ainda estivesse dormindo.

O pai de Jakub fechou a porta do carro e entrou sem esperar que Jakub o seguisse, sem saber, dando-lhe a privacidade de que precisava para ficar parado com sua mochila por sobre o ombro, olhando para frente por apenas mais alguns segundos.

Com um suspiro, ele desistiu e cruzou o portão.

Antes que a oportunidade de entrar se apresentasse, sua mãe já estava correndo em direção a ele, um de seus saltos ficando preso em um buraco na grama e deslizando de seu pé em meio à pressa. A mulher não deu atenção ao incômodo, dando os últimos passos em direção ao filho com olhos abertos e a voz lacrimejante.

"Ah, Jakub! Meu amor," ele foi então envolvido por seus braços; se possível, o abraço era ainda mais apertado do que o de sua partida. Sua mãe passou a mão fria e enrugada – por ter acabado de abandonar uma pia com pratos, Jakub presumia – na lateral de seu rosto. "Olhe para você. Você ficou ainda maior, como isso é possível?"

Jakub riu, passando a mão pelo cabelo ralo em sua cabeça. "Eu mal cresci, mãe. Você simplesmente não me vê há algum tempo."

"Muito tempo," sua mãe corrigiu, ainda olhando para ele de perto. Só depois de deixar um beijo prolongado em sua bochecha e limpar a mancha de batom resultante é que ela afrouxou o aperto, virando-se e pegando o salto perdido. "Vamos entrar."

O garoto lançou um último olhar para a casa de Patryk enquanto seguia sua mãe pela porta da frente, a visão a mesma das últimas dez vezes que ele a olhara. Não há muito tempo para ele aproveitar a cidade antes de ter que retornar ao quartel na manhã seguinte, mas Jakub poderia reservar meia hora mais tarde naquela noite, bater na porta dos Minko's e torcer para que seu amigo estivesse em casa então.

RENEGADES • [jjk + pjm]Onde histórias criam vida. Descubra agora